Twenty Five

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Vi's POV

A casa estava vazia. Mas a todo tempo, eu sentia a estranha sensação de estar sendo observada. Eu e Jayce não falamos nada, temendo que estivessem nos escutando. Nossos único foco agora era encontrar a Caitlyn.
No segundo andar, havia um corredor com portas para todos os lados. Eu tentava abri-las, sem muito sucesso.

— Violet. — a voz de Jayce ecoou no final do corredor, parecia assustada.

O mesmo fitava fixamente uma janela. Me aproximei, e logo entendi todo o motivo de sua surpresa. A janela dava uma visão de Caitlyn, desacordada e amarrada a uma cadeira.
No automático, tentei abrir a porta. Trancada como todas as outras. Comecei a me irritar, tentando usar minha força para a abrir. Também não deu certo.

— Violet, pelo amor de Deus, acalme-se. — Jayce pediu, já deveria estar arrependido de ter me trazido consigo.

No entanto, eu o ignorei. Fui até a janela, e com as manoplas, dei um soco. Mas o vidro também não quebrou.
Felizmente, a porta foi aberta.
Uma risada feminina saiu da sala.

— Eu imaginei que você fosse fazer isso. — Renata Glasc brincou.

Nem de longe aquela mulher parecia de Zaun, assim como todos os barões.
Vestia roupas elegantes, usava uma máscara, cabelo bem arrumado. Enfim, era claro que ela sabia bem usufruir de tudo o que seu dinheiro era capaz de lhe dar. Eu a olhava com sangue nos olhos.

— Conselheiro Talis, por um momento pensei que não viria me ver. — ela disse, se virando para Jayce.

— Precisamos que solte a Xerife Kiramman, senhorita.

Ela assentiu.

— É claro, é claro. No entanto, por que não sentamos e conversamos um pouco?

Eu e Jayce nos entreolhamos. Olhei para dentro da sala. Havia chegado um homem alto, forte e, assim como Renata, usando roupas e chapéu elegantes.
A exata descrição que Richard nos deu. Deve ter sido ele quem sequestrou Caitlyn.
Como não tínhamos muita opção, concordamos. Renata então nos levou até a sala de jantar. Fiquei o caminho todo olhando para trás, onde aquele senhor vinha arrastando a cadeira em que Caitlyn estava. Que vontade de a tirar ela daquela cadeira, a pegar no colo e sair correndo dali.
Mas se eu quisesse seu bem, eu tinha que me comportar.
Chegamos a sala de estar, sentei ao lado de Jayce, um tanto aflita. Renata me obrigou a tirar as manoplas, e eu as tirei, afinal, seu capanga apontava uma arma para a cabeça de Cait, que estava sentada ao lado de Renata na nossa frente.
Ficou um silêncio terrível por alguns minutos, até que a mesma finalmente começou a falar:

— Você deve saber bem como é, Vi, acordar numa noite e descobrir que seus pais estavam mortos. — foi a primeira coisa que ela comentou. — É terrível, não?

— Claro que é. — assenti, por mais que eu não entendesse bem como ela sabia da morte dos meus pais. Bem, ela já falou com a Jinx, então...

— Nós duas sabemos muito bem sobre isso, diferente do conselheiro. — ela se virou para Jayce. — Ainda me lembro exatamente dos gritos dos meus pais, minha casa estava em chamas, perdi um braço e tudo o que eu tinha. No entanto, eu não sou uma pessoa de ficar parada lamentando, precisamos agir! E eu preciso agir contra aqueles que me fizeram mal.

A mulher então apoiou as mãos na mesa.

— As pessoas que sentaram na mesma mesa em que você trabalha hoje, conselheiro Talis, decidiriam dar um fim no legado da minha família. — continuou. — Isso tudo porque são zaunitas que venceram na vida. Hoje em dia, vocês fizeram um acordo para que o legado de nenhum zaunita seja terminado por causa de pilties, mas do que adianta? Ainda existem Defensores nas ruas, oprimindo as pessoas, impedindo seus negócios. Francamente, isso é uma verdadeira injustiça.

— E o que você propõe para acabar com isso? — Jayce perguntou.

— Que os Defensores saíam de Zaun definitivamente. — ela declarou. — É aquela história: Vocês não mexem com a gente, e a gente não mexe com vocês. E então?

Jayce suspirou, e olhou para Caitlyn.

— Tenho que pôr algumas condições básicas na sua proposta, senhorita Glasc. — ele respondeu.

Ela pediu para que ele continuasse. Jayce explicou suas propostas, coisas óbvias como "se algum zaunita invadisse Piltover, eles iriam o caçar" e outras bobagens. No entanto, eu tive uma ideia em mente, e antes que Renata pudesse concordar, intervi:

— Na verdade, eu também tenho algo a propor.

Jayce me olhou, desesperado. Era óbvio que ele já estava pensando que eu falaria bobagem, mas Zaun já esteve nas mãos das pessoas erradas por muito tempo, enquanto eu estive somente observando. Já estava cansada disso.
A Baronesa sorriu.

— Impulsiva como sempre, você tem o temperamento dele, Vi. — ela concluiu. — Mas, de qualquer forma, siga.

— Vamos ser racionais, se os Defensores saírem, quem vai cuidar da segurança das pessoas? Honestamente, não confio na segurança própria de vocês, barões. — me expliquei, franca de um jeito que nenhum barão aprovaria, no entanto, ela não parecia se importar. Ela sabia que eu não iria me exaltar, não com a vida de Caitlyn nas mãos dela. — Por isso, exijo que você deixe esse trabalho para os Fogolumes. O líder deles é meu amigo, e eu sei que ele é totalmente capaz de cuidar disso.

Ela ficou em silêncio por um tempo, até que sorriu.

— A gangue do Ekko? Bem, aquele rapaz tem um futuro promissor. — ela estendeu a mão para mim, e eu a apertei.

Após aquele aperto de mãos, Renata se virou para o homem do seu lado, e fez um movimento com a cabeça. O senhor guardou a arma, e pôs-se a desamarrar Caitlyn da cadeira. Cena que foi aliviante para mim.
Quando ela estava enfim livre, não consegui resistir. Corri até a mesma e a beijei. Jayce ficou surpreso e a Renata Glasc riu. Mas foda-se todos eles, ela estava a salvo. Isso já era suficiente.

~~~

Caitlyn's POV

Eu havia acordado um tanto dolorida. Me lembrava bem de que haviam me dopado novamente após ter acordado na mansão da tal senhorita Glasc, no entanto, não me lembrava do resto. E não fazia diferença, pois aquele pesadelo parecia ter enfim acabado. Eu estava em casa, no meu quarto. E ao meu lado, estava Vi. Ela dormia de bruços como sempre, apenas com sua blusa cinza de mangas finas. Parecia exausta.
Abri um sorriso, e passei a mão pelo seu cabelo cor de rosa. Acordada, Violet era um imã de problemas. Adorava se meter em brigas e sumir de forma repentina, escondendo seu passado de todos, no entanto, ali, ela parecia apenas um nenê.
Eu então me levantei da cama e fui para a sala, para minha surpresa, meus pais estavam lá. Minha mãe na sala, sentada na poltrona, pensando. E meu pai, o único mestre cuca dos Kiramman, na cozinha fazendo o almoço.

— O que vocês estão fazendo aqui? — questionei.

Minha mãe saiu de seus pensamentos e quase se levantou num pulo, seu salto alto bateu forte no chão. E meu pai imediatamente deixou de lado o pano de prato e correu para me abraçar.

— Caitlyn! Você acordou! — ele declarou aliviado.

— Você não estava querendo que nós ficássemos quietos em casa enquanto você havia sido sequestrada, não é, Caitlyn? — minha mãe me respondeu.

— Ah, não, é claro que não... — fiquei quieta por alguns instantes, até que olhei para o meu pai.

— O que está acontecendo? Que barulheira é essa? — Violet apareceu na sala, ainda sonolenta.

Soltei um suspiro.

— Pai, eu e a Vi queríamos te contar uma coisa.

Trato é TratoOnde histórias criam vida. Descubra agora