Two

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Caitlyn's POV

  — Ora, você não sabe o que é? — questionou ela, em tom de zombaria.

Era a primeira vez na vida em que eu havia ficado sem palavras para um zaunita. Não era possível, ela era louca ou apenas pervertida mesmo?! Respirei fundo, em busca das palavras certas, e disse secamente:

— ... Claro que sei, mas não entendo...

Pela primeira vez, a mulher se levantou e ficou na minha frente. Agora que seu sorriso maldito estava mais próximo dos meus olhos, eu já estava começando a ficar tonta. Era verdade que ela era realmente muito bonita, dormir com ela deveria ser um verdadeiro sonho. Mas quem disse que eu queria assumir isto?!
Mamãe e papai sempre foram um tanto tradicionais. Não era novidade para eles que eu gostava de mulheres, mas a maioria das moças com quem eu tentara me relacionar eram piltovenses de boa família, o que eles pensariam se me vissem com uma pessoa de Zaun?!
Ninguém podia saber.
Tive que sair dos meus pensamentos ao notar que a mulher da academia havia me prendido entre a parede.

— Não entende? É simples: você é gata para caralho, Cupcake. — resumiu ela, pondo seus dedos sobre meus lábios e me encarando de forma sedutora. — Pode me dizer quem eu tenho que prender e essas outras coisas chatas que vocês fazem, mas só se você me deixar te possuir depois.

— Oh... Eu... Tem certeza disso?

Ela abriu um sorriso satisfeito.

— Claro que tenho.

— Então... — antes de dizer alguma coisa, vi uma escapatória daquela tensão e me afastei dela. — E-Está certo, você pode ir se alistar na delegacia a hora que quiser e me procurar depois.

— Entendo, acho que é melhor eu me arrumar para ter uma noite chique com você, Cupcake. — ela disse, rindo.

— Não! Nada disso, eu só vou ter noites com você depois que se tornar uma Defensora. — interrompo, para a infelicidade da mesma.

No entanto, ela pareceu se conformar pouco tempo depois.

— Oh, tudo bem... — ela deu as costas para mim, prestes a sair. — E só para você saber, meu nome é Vi.

Vi sumiu antes mesmo que eu pudesse notar. Ao ver que minha missão estava cumprida — não do jeito que eu queria, mas cumprida —, resolvi voltar para Piltover. Entrei na delegacia atônita, ainda pensando nas palavras indecentes daquela mulher.
O problema é que eu havia gostado de tudo aquilo, e estava muitíssimo ansiosa para saber o que Vi sabia fazer na cama.
Assim que cheguei a minha sala, dei de cara com Morty novamente.

— A senhorita demorou, xerife! — disse ele, novamente fazendo continência.

— Demorei mais do que esperado, mas no fim, achei o que precisava. — comentei, tirando a boina. — Aconteceu algo enquanto estava fora?

— Sim, na verdade, o conselheiro Talis está querendo ver você.

Revirei os olhos de tédio. Jayce Talis era meu melhor amigo desde que eu tinha quatorze anos. Era mais velho que eu, afinal, eu nunca tive muitos amigos da minha idade, e era extremamente irritante. Mesmo que fôssemos muito amigos, suas piadas eram terríveis e Jayce era muito carente. De qualquer forma, resolvi ver ele mesmo assim.
Morty alertou que ele ainda estava na delegacia, pois não havia chegado a muito tempo. Estava na recepção, em busca de alguma notícia nova sobre mim.
Assim que cheguei, o mesmo me encarou com aquele sorriso besta no rosto.

— Você nunca fica tanto tempo fora da delegacia, muito menos em Zaun! — disse ele, num tom zombeteiro.

— Eu tinha assuntos a resolver. — respondo rispidamente, enquanto saímos do local.

— Era por causa do seu parceiro?

— Sim. — naquele exato momento, o rosto de Vi voltou a minha mente, mas fiz de tudo para o esquecer o mais rápido possível. — Só consegui encontrar alguém realmente útil e que se encaixava nas minhas exigências por lá.

Ele ficou em silêncio por alguns instantes. Era óbvio que ele não apoiava eu trabalhando ao lado de uma pessoa de Zaun. Todo mundo parecia pensar que eu ainda era uma criança, que se caísse, seria como uma bonequinha de porcelana. Iria quebrar em pedacinhos.

— Quem é?

— Uma mulher, ela se chama Vi. — olhei rapidamente pela janela, vendo um grupo de crianças andando na rua, provavelmente voltando da escola. — A encontrei num clube de luta, parece gostar de uma briga.

— Não acha que seus pais vão se assustar ao ter que conviver com uma selvagem? — questionou Jayce, com seu típico preconceito. Faziam tempos em que ele dizia que iria mudar a vida de todos, inclusive o dos zaunitas. Mas depois de se tornar conselheiro e mais alguns acidentes por aí, ele tem focado na criação de armas Hextec e outras coisas que com certeza não servem para a paz. Ainda acredito que foi por causa do Viktor, mas ele não assume tal coisa.

— Não diga isso, eles vão entender. — respondo rápido.

Jayce ficou na minha cola por mais algumas horas até enfim resolver voltar para casa. E pelo horário em que ele partiu, era bom que eu fosse embora também. Logicamente, antes de partir, avisei Morty para ficar a espera de "uma mulher de cabelo rosa chamada Vi" e que ele estava proibido de a tratar mal.
Quando cheguei em casa e entrei na sala, meu pai estava lá, como sempre. Ele lia seu jornal com a mesma calma de todos os dias. O mundo podia mudar e virar do avesso, mas isso não iria chocar o papai.

— Caitlyn, querida. — ele disse sorrindo, assim que notou minha presença.

— Onde está minha mãe? — questionei, pondo meu chapéu num canto.

— Ela foi a casa dos Talis há pouco tempo. — explicou ele, e quando eu ia me retirar, o mesmo se levantou e foi até mim. — Ah, filha! Na verdade, você tem visita.

— Tenho? — questionei, surpresa. — Quem é?

— Não sei bem, mas uma moça de cabelo rosa veio até aqui hoje a tarde. — assim que ele disse aquilo, não consegui evitar arregalar os olhos. — Ela disse que você havia a chamado para ficar aqui um tempo, e como não podia a deixar na rua, a permiti que entrasse e jantasse um pouco.

Fiquei em silêncio por alguns instantes. Obviamente eu já sabia de quem se tratava, mas ainda estava um tanto preocupada em o que meu pai havia pensado assim que viu uma zaunita a minha procura.

— Querida, você a conhece mesmo, não é? — questionou ele. — Não quero nem pensar em ter permitido uma ladra entrar na nossa casa!

— Ah, não! Não deixou! — neguei. — Eu a conheço sim, bem, acho que é melhor eu ir vê-la. Obrigada por a receber por mim, papai.

O dei um último beijo, e subi para andar de cima. Quando entrei no meu quarto, encontrei duas botas e uma jaqueta vermelha jogadas pelo chão. E quando olhei para minha cama, encontrei Vi ali, dormindo de costas e roncando feito um bicho.
Por Deus, o que ela estava fazendo ali?! Na minha cama, como se fosse dona do mundo?!
Me sentei ao lado dela na cama, e fiquei reparando nos seus músculos fortes. Mesmo hesitante, resolvi passar meus dedos ao redor deles, até que vi os olhos de Vi se abrirem de repente, e ela riu.

— Gostando do que vê, Cupcake?

Trato é TratoOnde histórias criam vida. Descubra agora