Twenty

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Vi's POV

Eu preciso ser honesta: desde a primeira vez, não suportei Lola Amberson.
Está certo, ela era linda, inteligente, boa no que fazia... Era perfeita em tudo.
Menos em esconder seu interesse por Caitlyn. Sim, pela minha Caitlyn. Semanas se passaram desde que ela havia chegado, o ano já estava acabando, o natal seria amanhã.
Pela manhã, eu ainda estava na delegacia, ao invés de fazer minha patrulha diária. Comia um sanduíche que peguei no refeitório, e sentada no sofá, olhava para a nossa agradável e atraente xerife debruçada sobre sua mesa, com as pernas cruzadas, o que fazia sua saia levantar até certo ponto.
Diabos, eu odiava ter que ficar só a olhando. Mas eu tinha que fazer isso.
Lola chegou no seu típico bom humor às sete horas da manhã, com a papelada em mãos.

— Bom dia, Xerife, preenchi os documentos que você me pediu. — comentou a mesma, se aproximando da mesa o máximo que podia.

Caitlyn pegou os papéis, e Lola continuou a observar a mesma analisando seu trabalho. Caitlyn não reparou, mas eu sim.
A abusada estava com as mãos apoiadas nas beiradas da mesa. Seu tronco estava quase caindo na mesa, o intuito era óbvio: ela queria que Caitlyn reparasse no seu corpo.
Bonitinha, todo mundo já reparou que você tem seios grandes e curvas atraentes, pode parar com isso!

— Está tudo certo como sempre, Lola. — Caitlyn elogiou, lhe entregando os documentos novamente.

A Amberson soltou uma risadinha cheia de segundas intenções. Cerrei os punhos.
Se ela estava achando que eu tinha medo de estragar o rosto bonitinho dela, eu não tinha.
Muito pelo contrário. Seria um prazer quebrar o nariz dessa infeliz.

— Bom saber, Xerife. — ela falou, voltando-se para sua mesa.

A manhã passou, e já estava na hora do almoço.
Enquanto eu e Caitlyn tínhamos a mania de comer na sala dela — e quando não fazíamos isso, íamos comer em algum restaurante chique. —, os outros Defensores partiam para o refeitório.
Para minha felicidade, Lola era um deles.

— Meus pais me convidaram para passar o Natal na casa deles, é bem provável que eu durma por lá amanhã. — Caitlyn comentou quando estávamos sentadas no sofá, beliscando algumas frutas.

Esbocei um sorriso. Era uma pena ter que passar o Natal longe da Cupcake, mas família era família.
Nesse caso, talvez fosse melhor eu ir visitar o Ekko também.
No entanto, a mesma pessoa que me fez criar esses planos me fez mudar eles naquele exato momento:

— Eles disseram que você é bem vinda para vir. — quando terminou de falar, Caitlyn pegou um morango e comeu.

Arregalei os olhos.

— É sério?

— Como assim "é sério"? É claro que é sério, Violet. — comentou ela, rindo. — Às vezes você fala cada coisa...

— Não, mas é que Natal costuma ser uma data para se comemorar com a família, e eu não sou uma Kiramman.

— Ah, Vi, pare com isso. — exigiu ela, séria. — Você também não é nenhuma estranha para meus pais. E eles não acham justo que você passe o Natal sozinha.

Soltei uma risadinha.

— Só eles?

Caitlyn respirou fundo, e as bochechas ficaram vermelhas. Era óbvio que o ego dela havia sido ferido.

— Você sabe que não precisa esconder esses sentimentos de adolescente de mim, Cupcake. — eu disse, num tom sarcástico, enquanto fazia carinho na sua bochecha.

— Está bem! Eu também acho injusto, visto que você me contou que não tinha planos para o Natal. — ela confessou, virando o rosto.

Soltei uma risadinha.

— Ah, que gracinha, se preocupando comigo!

— Você fala como se eu fosse a pessoa mais cruel do mundo, é claro que me preocupo com você. — Caitlyn começou a imaginar outros sentidos para sua confissão, e logo voltou atrás. — Na medida do possível, é claro.

Tive que rir de novo.

— Já entendi, Cupcake. Nesse caso, eu vou. — conclui. Olhei para a caixinha, as frutas haviam acabado. — Agora que a comida acabou, me dá um beijinho.

Prontamente, fiz um biquinho. Caitlyn, no entanto, me olhou confusa.

— É sério, Violet? Do nada?

— Como prova do seu amor por mim, vai!

Cait bufou de raiva, mas de qualquer forma, agarrou minhas bochechas e me beijou.
Coloquei minhas mãos na sua cintura, com intuito de a levar até meu colo. Caitlyn se sentou confortavelmente, enquanto suas mãos iam para minha nuca.
Tudo estava bom, mas acabou repentinamente. Alguém bateu na porta.

— Xerife? Sou eu. — a voz de Lola saiu um abafada pela porta.

Fechei a cara, e Caitlyn percebeu isso.

— Terminamos isso pela noite. — explicou ela, me dando um último selinho e indo abrir a porta para Lola.

Assim que a Amberson entrou e reparou minha surpresa, fez uma expressão surpresa.

— Oficial Violet? Estava aqui esse tempo todo? — ela questionou.

— Por que não estaria? — minha voz saiu um tanto fria. Ela me olhou desconfiada.

Mas não disse nada. Ela não era capaz, não na frente da Caitlyn.
E eu sabia muito bem disso, mas agora, teria certeza. Minutos depois após o fim do almoço, Caitlyn saiu de sua sala para resolver a briga de alguns novatos no pátio. Somente eu e Lola na sala. A mesma por sinal não parava de me encarar.

— Você acha que eu sou burra ou o quê? — questionei, acabando com o silêncio.

— Eu sei que você não é burra. — declarou ela, apoiando o queixo sobre as mãos. — Na verdade, você é muito esperta. Uma zaunita, que nasceu em meio as dificuldades, de repente consegue vir morar em Piltover... Fico imaginando como você conseguiu convencer a Xerife Caitlyn.

Soltei uma risadinha. Ela estava me desafiando, e eu adorava um desafio.
Pela altura do campeonato, era óbvio que Lola já estivesse por dentro dos boatos certeiros sobre mim e Caitlyn. Eu sei que ela não seria capaz de confirmar isso para as pessoas, visto que estava muito empenhada em impressionar Caitlyn. Por que ter medo de esconder isso dela?

— O mundo gira para alguns. — comentei, cruzando as pernas. — Mas às vezes a gente precisa fazer ele girar com as próprias mãos, não é?

O sorriso desafiador no seu rosto murchou. Eu sabia muito bem do que eu estava falando.

— Ela não seria capaz de ver algo em você.

Soltei uma gargalhada, e então me levantei.

— Ora, como você tem tanta certeza? Essas belezinhas aqui não servem só para uma briga. — mostrei para ela minhas mãos. Lola ruborizou. Me aproximei da sua mesa, ficando de frente para ela. — Caitlyn sabe disso mais do que ninguém.

— Ela é uma mulher que cresceu numa das famílias mais ricas de toda Piltover, cheia de princípios... Por que ela iria se rebaixar a...

— A alguém como eu? Confesso que às vezes me pergunto sobre isso também. — a interrompi. — Entendo que queira espaço para você, Lola, mas tenho que lamentar. Todas as noites, ela corre para os meus braços e pede para ser minha. Ela grita pelo meu nome e pede para que eu satisfaça seus desejos mais ardentes. Então, quer um conselho? Esqueça. Você é bonitinha, até, deve ter alguém atrás de você por aí.

A mesma me olhava num misto de emoções. Constrangida, irritada, assustada. Ela deveria estar achando que eu tinha medo de contar para as pessoas que eu amava Caitlyn. Nunca tive medo de esconder sentimentos pela Caitlyn, isso é claro.
No entanto, também era claro que Lola também não tinha medo disso. E que não iria desistir.
Mas ela não conseguiu dizer nada, pois alguém entrou na sala. Era uma Defensora.

— A Xerife quer todo mundo no píer agora. — ela mandou.

Fiz uma expressão confusa.

— Fazer o que lá?

— Tem um navio esquisito por lá, parece ter vindo de Sentina. Venham logo!

Trato é TratoOnde histórias criam vida. Descubra agora