Four

1.8K 188 49
                                    

Caitlyn's POV

Com o passar das semanas, Vi havia se dedicado cada vez mais para ser admitida na Academia. Seu empenho era realmente notável, por mais que odiasse matérias como física, química e matemática; ela estudava até enfim entender. Quando tinha tempo, eu a ajudava. Mas eu passava a maior parte do dia na delegacia, quase não tínhamos tempo para estudar.
Num fim de semana, pela tarde, uma empregada apareceu no quarto enquanto nós duas estudávamos.

— Aconteceu alguma coisa? — eu pergunto, indo até ela.

— O conselheiro Talis está aqui para te ver. — declarou a mesma.

Ao ouvir aquilo, disse para que ela o mandasse vir até meu quarto imediatamente. Quando ela saiu, fui até Vi e comecei a guardar os livros.

— Podemos parar por agora, temos visitas. — expliquei, pondo tudo no armário.

— Eu sei, não sou surda. — responde ela, arrumando sua jaqueta vermelha. — Quem é esse conselheiro? Não me diga que é seu namorado, não é?

Lhe encarei, incrédula.

— Claro que não! Jayce é meu amigo de infância. — respondo. — Se eu tivesse um namorado, nunca teria me submetido a aquele acordo com você.

Vi então se convenceu, e nós duas descemos para a sala. Jayce estava ali, sentado no sofá olhando para o mesa como sempre fazia quando vinha nos visitar.
Assim que me viu, o mesmo foi me cumprimentar.

— Como está? — questiono com um sorriso no rosto.

— Estou bem. Estava de passagem e resolvi ver você. — explicou ele, e minutos depois, reparou em Vi atrás de mim. — Então, essa é a sua parceira?

— Oh, sim. Violet, esse é o Jayce. — a puxo para mais perto de nós dois.

Assim que ele estendeu a mão para a mesma, ela não pareceu ter entendido muito bem. Logo, de forma brusca, Vi deu um tapa na mão do mesmo, e se sentiu. Provavelmente devia ser aquele jeito o qual os zaunitas costumavam se cumprimentar.
Eu e Jayce nos encaramos, o mesmo não pareceu entender muito o que aquilo significava, mas não disse nada.
Ficamos conversando a tarde inteira, por mais que Vi não tivesse muito o que falar — e nossos assuntos não pareciam lhe interessar muito, visto que Jayce só tinha de falar coisas antigas, as quais ela não estava presente.
Passado alguns minutos, meus pais voltaram para casa.

— Jayce. — meu pai disse, indo cumprimentar ele. — Que bom que veio nos ver. Ficará para o jantar?

— Não sei se será possível, senhor Kiramman. — respondeu o Talis. — Mas vamos ver se terei algum tempo.

Meu pai então se direcionou para Vi, até que eu senti a mão de minha mãe tocar em meu ombro.

— Preciso conversar com você.

Assenti, e nós duas fomos para a biblioteca, era um bom lugar para conversar a sós, de acordo com ela.

— Aconteceu alguma coisa? — questionei, me sentando na poltrona, enquanto minha mãe se sentava em outra.

— Sim. — responde ela. — Sabe, Caitlyn, eu e seu pai andamos ficando muito entediados aqui em casa, e achamos melhor fazermos uma viajem.

Arregalei os olhos, assustada. Meus pais não faziam viagens de férias desde que eu era criança.

— É sério?

— Sim, já começamos a resolver algumas coisas. Devemos ficar viajando por alguns meses. — explicou ela.

Revirei os olhos. Ótimo, agora, eu teria que ficar sozinha com a Vi. De qualquer forma, aquilo também era bom. Meus pais pelo menos ficariam bem longe dos interesses impuros que a mesma tinha comigo.

— Você não se importa, não é? — perguntou ela.

Abri um sorriso. Depois de tudo o que tinha acontecido com a nossa família nos últimos tempos, eles estavam certos em tirar férias.

— Claro que não! Vocês passaram a maior parte da minha vida cuidando de mim, vocês merecem! — me levantei da poltrona e a abracei.

Minha mãe não era muito como meu pai. Ela não gostava muito de mostrar carinho com abraços e beijos, no entanto, estava melhorando um pouco ultimamente.

— Ah, que bom. — disse ela. — Bem, era só isso. Pode voltar e ficar com seus amigos, se quiser.

— Você não vem?

— Vou me arrumar para o jantar, mande seu pai fazer isso também. — disse ela, saíndo da biblioteca.

Quando ela foi embora, tive que ir também. A verdade é que Jayce acabou ficando mesmo para o jantar, mas foi embora logo em seguida. A "Cara do Progresso" sempre tinha muito a fazer!
Quando já estava tarde, eu e Vi subíamos as escadas. Poderia ter sido algo normal, se ela não fosse completamente ardilosa.
Na metade do caminho, senti algo passando pela minha coxa. Olhei para o lado e vi a mesma com um sorriso malicioso no rosto. Diabos. Ela estava mesmo passando a mão na minha perna desse jeito?!
Eu queria ter como ficar com raiva, mas meu corpo estava estremecendo com sua mão explorando a minha perna e tentando subir cada vez mais. De repente, ela apertou mais firme na coxa, e foi o estopim.
Eu queria soltar um gemido, como queria, mas não podia. Não ali, no meio da escada.

— ... Violet... — eu disse. — Aqui não...

— Ah, claro, tudo bem. — disse ela, tirando a mão. Fiquei aliviada, e logo saí correndo para o meu quarto.

Me deitei na cama e fiquei tentando digerir aquela situação. Vi gostava de ficar me provocando sobre o nosso acordo sempre que se lembrava dele, e também sabia que seu sorrisinho repleto de malícia também me deixava sem paciência.
Mas ela nunca chegou a me tocar, não daquele jeito tão firme.
O pior: eu havia gostado. Eu não queria confessar, mas eu tinha adorado aquilo.
Como eu queria ser completamente da Vi, como eu queria que ela tivesse feito mais.
Mas estava orgulhosa demais para permitir tal coisa. Eu não aceitava que uma zaunita me tivesse na palma da minha mão, Jayce iria rir disso pelo resto da vida! Logicamente ele não devia nem saber desse meu desejo, nem mesmo Vi.
Falando nela, a mesma estava batendo na porta, pedindo para entrar. Voltei a realidade, e a deixei entrar. Depois de colocarmos os pijamas, enfim fomos dormir.

-------------------------

O tempo passou, Vi havia feito a prova e passado com muita satisfação. Quando o resultado saiu, ela fez o favor de quase jogar a prova no meu rosto, mesmo que eu já soubesse que ela iria passar.

— Está vendo? Uma zaunita também pode tirar notas boas, cupcake! — declarou ela, pomposa.

Soltei um suspiro, bebendo mais um gole do meu chá.

— Eu já sabia que você conseguiria, a única que não estava certa disso era você. — comentei, me afundando mais no sofá.

— Mas, e agora?

— Agora você deve ir até a delegacia pegar seus uniformes, a cerimônia de posse vai ser logo, você precisa se preparar!

— Ah, então farei isso agora mesmo! — ela passou em volta do sofá, e foi embora.

Quando vimos, o dia da cerimônia já havia chegado, e junto dela a partida dos meus pais para o exterior. Havia sido no pátio da Academia, os conselheiros estavam presentes. Tive que fazer um discurso — eu estava sempre fazendo discursos sobre a segurança de Piltover e coisas do tipo. Atrás de mim, estavam os novos Defensores enfileirados.
Vi, a mais baixinha de todos, estava no meio, mantendo uma postura firme e profissional.
Ela havia mesmo superado as minhas expectativas, e as de Morty também. Falando no mesmo, ele estava lá, mas algum canto que eu não podia ver.
Quando acabei de falar, houveram algumas palmas. Um Defensor me trouxe as medalhas, e eu comecei a colocar uma em cada recém-chegado. E chegou a vez de Vi. Na hora, ela deixou de lado a expressão fria e concentrada e abriu seu clássico sorriso. Pus a medalha em seu uniforme, e reparei no olhar dela. Vi tinha diversos olhares, e naquele meio tempo já sabia o significado de uma grande parte deles.
Este era novo, mas sua mensagem era óbvia: "Você não escapa de mim essa noite, Cupcake."

Trato é TratoOnde histórias criam vida. Descubra agora