Caitlyn's POV
— Mãe! — me levantei num pulo.
Violet não moveu um músculo, apenas ficou deitada na cama, por debaixo das cobertas, olhando para minha mãe assustada. Enquanto isso, a senhora Kiramman não expressava nenhuma reação, o que era torturante. Seria um alívio se ela estivesse vermelha de raiva.
— Mãe, o que você está pensando? — perguntei, enrolada num cobertor.
— O que você quer que eu pense, Caitlyn? — declarou com seu duro sarcasmo. Ela suspirou. — Não importa, venha me ver na biblioteca agora. Precisamos conversar.
Ela saiu do quarto. Eu e Vi nos entreolhamos rapidamente. Não tinha muita opção.
Mandei Violet pôr uma roupa enquanto fazia o mesmo. Quando já estava na minha camisola e com minhas pantufas calçadas, corri para a biblioteca. Minha mãe estava lá, sentada na poltrona, olhando para a lareira. Bem, ela já havia visto. Não tinha como eu esconder.— Eu preciso te contar uma coisa, mãe. — comecei. — Eu e a Vi estamos tendo um caso. Não é nada sério, na verdade, é mais por causa de um acordo que nós duas fizemos e...
— Pode parar, Caitlyn. — interrompeu ela. — Eu já sabia.
Arregalei os olhos. O quê?!
— Como você...
— Eu vi, naquele dia em que o Jayce veio jantar conosco. — explicou ela. — Vocês duas na escada e bem, eu não sei muito bem onde Violet estava tocando, mas com certeza era num lugar que te fazia ver estrelinhas.
Fiquei vermelha, era muito constrangedor falar sobre aquilo com minha mãe. Mais ainda ali, naquele lugar onde Vi quase derrubou uma estante para me agarrar.
— ... Você contou a alguém?
— Se você mesma não veio contar a mim e a seu pai, eu estava certa de que você não queria que alguém soubesse. — foi a sua resposta. — Você e Violet precisam de privacidade. Os criados já devem ter ouvido tudo.
— Estávamos pensando em ir morar juntas, no apartamento que a Vi comprou.
— Então vá, é melhor para você.
Assenti, constrangida. Eu acho que não tinha mais nada a dizer a ela, então voltei para o quarto. Violet já estava vestida, sentada na cama.
— E então?
— Ela já sabia, tinha nos visto na escada. — expliquei, me sentando do seu lado. — Eu te disse que não era um bom lugar!
— E assim que você disse, eu parei, caso tenha se esquecido. — ela colocou a mão sobre minha cabeça. — Ela vai contar?
— Não. Violet, acho que será melhor eu me mudar com você, vamos ter mais privacidade a partir daí.
Ela abriu um sorriso.
— Está bem, fico contente que vá morar comigo! — ela comemorou. — Só nós duas, as Melhores de Piltover!
— Não começa, Vi.
— Ok.
~~~
As semanas haviam se passado, o dia da mudança chegou. De certo que a notícia de que eu iria me mudar foi um súbito choque, mas somente para meu pai. Ele chorou horrores por motivos de "minha filha está crescendo e eu estou velho". Minha mãe agiu como se tudo aquilo não tivesse sido conselho dela, me desejando o melhor e me dizendo para me cuidar.
O apartamento não era nada comparado a casa que eu cresci, mas também não era nenhum chiqueiro. Tinha a mesma aparência do apartamento da oficina de minha família,por sinal. Era possível ver a delegacia da janela, e na esquerda mais ao fundo, a casa dos meus pais. O local era espaçoso o suficiente para duas pessoas ou três até. Haviam dois quartos e um banheiro. Violet havia tido o plano de fingirmos que o segundo quarto fosse o dela, quando claramente iríamos dormir juntas de noite.
Enquanto colocava algumas coisas do trabalho sobre a mesa, a mesma apareceu na porta.— Cait, o Jayce veio te ver. — anunciou ela.
— Está bem, diga que já estou indo.
Ela sumiu da porta. Deixei a organização de lado e fui até a sala. Jayce estava sentado no sofá, olhando para o cômodo que ainda não tinha muita coisa.
— Jayce, pensei que estivesse ocupado com o conselho. — na minha sincera opinião, Jayce era um tanto preguiçoso em relação ao seu trabalho. Quando minha mãe era conselheira, ela praticamente não passava tempo algum em casa. E são poucos dias que vejo Mel de folga. E aqui estava Jayce, sentado no meu sofá no meio da semana.
— É hora do almoço agora. — explicou. — Vim ver se posso ajudar na mudança.
— Nós já arrumamos tudo. — respondi. Os móveis grandes já estavam postos em seus lugares, não precisávamos de ajuda naquele momento.
— Ah, eu entendo. — concluiu, ele se levantou e começou a olhar melhor. — Esse lugar parece muito com a oficina dos seus pais. Lembra de quando você vinha me ajudar no trabalho? Metade dos empregados da sua família te conhecia... Vi, como vão as buscas em Zaun? Está correndo tudo bem? Já tem alguma noção de onde o doutor Singed está?... Violet?
Vi não estava escutando por um motivo óbvio.
A mudança iria fazer eu me movimentar, e se eu usasse uma blusa com mangas, iria me afogar no meu suor. Por isso, eu havia colocado uma blusa branca sem mangas. Uma blusa que deixava meu busto mais amostra do que o normal.
É claro que aquilo abalou Vi, ela não tirava os olhos do meus seios.
Jayce me olhou confuso. Felizmente, no ponto de vista dele, ela olhava para o chão.
Tinha que agir rápido. Num impulso, chutei o pé dela. A bonitona gritou de dor.
Ela estava tão distraída que teve de gritar:— Ficou louca? Parece até que eu nunca fiquei reparando nos seus peitos, mulher! — esbravejou.
Arregalei os olhos. Eu nem ousei olhar para Jayce, apenas apontei com a cabeça em sua direção. Vi ficou vermelha, e inventou uma desculpa logo em seguida:
— Digo, até parece que eu não fiquei reparando nesse chão super chique antes! — ela riu, nervosa. — Não é um chão bonito, conselheiro Talis? É tão... Marrom!
Acabou para nós.
Felizmente, Jayce era mais burro do que eu pensava:— ... Sim, é um chão bem marrom mesmo. — ele falou. — Bem, já que não posso ajudar, que tal irmos comer fora hoje?
— Bem, eu topo! — Violet disse, prontamente.
Pela noite, enfim estávamos a sós. Não estávamos interessadas em cozinhar — eu era um terror na cozinha, nem arroz era capaz de fazer — , então pedimos pizza. Ficamos assistindo alguma coisa tosca na televisão.
Eu estava apoiada sobre o ombro de Violet, que comia a quinta fatia de pizza com os olhos grudados na TV.— Cupcake.
— Oi.
— Acha que o Jayce notou alguma coisa?
— De certo deve ter notado, você falou tão alto que até o porteiro ouviu!
— Ah, para! É culpa sua!
— Minha?! — me afastei, indignada.
— É! Ninguém mandou ter uns peitão desse jeito! Isso daí hipnotiza qualquer um!
Ela não podia estar falando sério, então, eu tive uma crise de risos.
— Não era para rir!
— Desculpe, não consegui evitar... — eu então me levantei do sofá. — Estou cansada, vou tomar um banho...
— Posso tomar banho com você?
Arquei as sobrancelhas, desconfiada.
— Juro por Deus que não vou fazer nada!
— ... Tudo bem, pode vir.

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Trato é Trato
Fanfiction❝...Afinal, trato é trato não é mesmo, Cupcake? - disse ela, num tom zombeteiro e com um sorriso malicioso no rosto. Aquele sorrisinho já estava me tirando do sério e, diabos! Queria por tudo nesse mundo que aquela zaunita tivesse pedido dinheiro ao...