A minha vez, Victória Livro 4 Completo

Capítulo 2

O Bar estava cheio, quase todas as mesas ocupadas. Quatro delas foram realocadas uma ao lado da outra para nos comportar. Estávamos num total de dez policiais. Eu, Alex, Rômulo, Samantha, Alfred, John, Rios, Derek, Josué e James.

Eu e Samantha éramos as únicas mulheres do grupo, mas nunca fomos amigas na real. Não nos batemos muito. Claro que no trabalho nos protegemos e até formamos uma boa dupla, mas fora dele não nos comunicamos. Não sei ao certo quando isso começou, e nem o porquê. Simplesmente, não havia explicação.

Me sentei entre Alex e James, um homem alto de cabelos loiros. Ele era um dos mais experientes do grupo, apesar da pouca idade. Essa foi a primeira vez que trabalhamos juntos. Para a operação foram escolhidos profissionais de vários locais. Da quinta guarnição, fomos apenas eu, Alex e Samantha.

Pedimos a primeira rodada de chopp e alguns petiscos. Alex, que não costuma beber, logo se animou.

— Que tal um jogo? — revirei meus olhos com sua sugestão — conheço um bem legal, chamado caso, beijo e transo.

— Não, obrigada — esquivei rapidamente.

— Eu prefiro me poupar da humilhação de não ser escolhido — Rômulo também recusou.

— Eu topo — John, um rapaz jovem de cabelos ruivos e sardas no rosto, sorriu.

— Eu também. — James me olhou com um meio sorriso e eu tomei um gole da bebida para evitar sorrir de volta.

Aquele era um homem com quem eu transaria facilmente, mas sempre tive receio de me relacionar com colegas de trabalho. Tinha certeza que logo a história iria se espalhar e virar assunto. Os demais presentes apenas deram de ombros, sem dar muita importância.

— Bom, então eu digo um nome e vocês dizem se beija, casa, ou transa— Alex continuou me olhando com um sorriso travesso. — Victória.

Bufei.

— Caso — Alfred, John, Rios, Derek responderam.

Josué e Samantha falaram: Beijo.

— Transo — James murmurou ao meu lado.

Houve um sonoro "uuuh" na mesa. Senti as bochechas esquentarem um pouco.

— Agora é a vez do Derek — Alex continuou.

— Beijo — a maioria respondeu, entre risos.

— Samantha — meu amigo soltou e a maioria respondeu "caso". Exceto, pelo próprio Alex, que disse transo.

Notei que Samantha disfarçou um riso tímido e eu olhei para Alex com as sobrancelhas erguidas.

— Quê? — Murmurou, fingindo não entender meu olhar questionador.

— O próximo é... o investigador Rômulo! — O resto do pessoal começou a brincar.

Samantha olhou disfarçadamente algumas vezes para Alex, que por sua vez, se distraía com os outros. Então saquei que havia algo a mais ali, ela gostava dele.

Samantha era uma mulher muito bonita, possuía cabelos castanhos curtinhos, olhos grandes e um rosto de menina, apesar de ter quase a minha idade. Ela estava na polícia há sete anos e sempre foi uma profissional exemplar. Não entendia o motivo de não nos darmos bem, mas se ela pretendia roubar meu amigo de mim, já era uma razão para continuar não gostando dela. Sim, eu sou muito ciumenta.

Num momento de distração, meus olhos correram até um homem que entrava no bar. Era alto suficiente para verificar se passava na porta do estabelecimento antes de adentrar. Seu corpo não era tão forte, mas parecia bem definido, e seus cabelos eram tão negros que cintilavam sob o tocar das luzes. Quando ergueu o rosto para cumprimentar um amigo, vi que seus traços asiáticos harmonizavam perfeitamente com o corpo. Eu havia me esquecido de onde estava, minha imaginação só buscava um caminho proibido. Logo me vi puxar aqueles fios entre os dedos.