Capítulo 18

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Por Victória


O despertador me acordou cedo demais para um dia de folga. Era por volta das seis e quinze da manhã. Estava um dia frio, mas os cobertores a minha volta amenizaram.

Meu coração acelerou quando não senti o corpo de Yan ao meu lado. Nem mesmo suas roupas estavam no chão. Não teve como não me sentir mal. Eu não queria me envolver, mas nem por isso, me sentia feliz por ser deixada no meio da madrugada, sem ao menos um tchau. Ainda mais depois de uma noite tão intensa. As palavras de John no dia do nosso término vieram à mente instantaneamente.

Você só serve pra foder, Victória. Por isso nosso namoro não deu certo. Fora da cama você é difícil de conviver.

Foi inevitável segurar as lágrimas. Mas o motivo não era o Yan. Não era porque esperava que ele me acordasse aos beijos enquanto murmurava um bom dia rouco pela voz do sono. Era raiva de mim mesma, por me enganar, mesmo depois de tudo que já havia passado.

— Boba — bati com as mãos na cabeça — idiota, idiota, idiota! — Quando você vai aprender que os homens não querem nada com você, além de sexo? — Me joguei na cama e cobri o rosto — Você não serve para ser amada, Victória, só pra ser fodida!

Aquelas duras palavras me fizeram chorar ainda mais. Mas elas costumavam me ajudar a não cometer o erro de criar expectativas novamente.

— Diabinha? — A voz de Yan me fez congelar embaixo das cobertas.

Enxuguei as lágrimas com rapidez e me sentei abruptamente, cobrindo os seios.

— Yan? — Ele estava em pé na porta do quarto, com uma bandeja cheia de comida e uma rosa vermelha dentro de um potinho — O que... você... tá fazendo aqui? — Minha voz saiu chorosa.

— Trouxe café pra gente.

Me senti tão envergonhada que não consegui falar mais nada.

— Tá com fome? — Ele estava sendo tão fofo. Me odiei por tê-lo julgado.

— Estou — tirei os cabelos da frente do rosto e sequei os últimos sinais de lágrimas dos olhos.

Ele sorriu e pôs a bandeja em cima da cama.

— Tudo bem?

— Tudo — menti.

— Espero que não se incomode, mas mexi em sua cozinha.

— Sem problemas. — Estava me sentindo tão estranha. Parecia um robô conversando. — Achei que tivesse ido embora.

Ele mordeu um pedaço de torrada e mastigou devagar, me encarando.

— Por isso chorou?

Aquela era a pessoa mais observadora que eu conhecia, me lia como poucos.

— Não foi por isso — bebi um gole do café, meio sem jeito.

— E por que foi, então? — Ah, como era insistente!

— Nada de importante, coisa minha.

— Não sou esse tipo de homem.

Acabei rindo, seca.

— Não se preocupe com isso, eu não tenho altas expectativas quando se trata de uma ficada casual. Você está sendo muito gentil, mas o próximo provável...

— Próximo? — Franziu o cenho e eu o imitei.

— O que, vai querer exclusividade? — Meu peito apertou. Torci para que dissesse sim. Mesmo minha razão acendendo a luz vermelha, mostrando o perigo que eu estava encarando.

A minha vez, Victória Livro 4 CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora