Capítulo 21

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— O que... ta fazendo aqui?

— A covardia não combina com você. Por que fugiu?

— Fugi? — Apertei a bolsa contra meu corpo. — Eu... não queria deixar você numa situação constrangedora.

— Não sabe mentir.

Engoli em seco.

— Não estou men...

— Está. O que é estranho.

— Você... ouviu alguma coisa lá na casa de Emma?

Ele franziu o cenho.

— Deveria ter ouvido? — Soltei todo o ar dos pulmões. — Disse alguma coisa a meu respeito?

—Yan... — cortei o contato visual e mudei de assunto — o que quer aqui?

Ele se aproximou. Recuei até encostar na parede.

— Por que está brava? — Tocou as pontas dos meus cabelos, me olhando por inteira. Poucos centímetros separavam nossos rostos.

— O...que tá fazendo? — Esquivei das mãos dele e parei de costas para minha porta. — Sumiu faz um mês, agora aparece como se nada tivesse acontecido.

Ele se empertigou e pôs as mãos nos bolsos.

— Precisei de um tempo.

— Longe de mim? — Eu estava nervosa, mal controlava o tom de voz.

— Foi você quem me mandou ir.

— E você foi! — Gritei.

Ele me olhou como se eu fosse uma criança confusa, depois mirou os próprios sapatos.

Lutei para segurar as lágrimas. O silêncio dele me fez parecer uma idiota.

— Olha...

— Eu... — Falamos ao mesmo tempo.

— Eu quero que saiba que...

— Não. — Cortei-o — quer saber? Obrigada por ter ido. Só agora vejo que foi o melhor. Sério.

— Vamos entrar pra conversar. — Ele ia me tocar, quando virei para abrir a porta.

— Não. Estou esperando uma pessoa. Arrumei o quarto vermelho e...

— Você não sabe mentir, já disse.

Inspirei fundo e virei para encará-lo

— Pensa que me conhece? — Forcei um sorriso. — Achou que só você poderia experimentar os meus joguinhos na cama?

Seu rosto endureceu. As sobrancelhas quase se encontraram no meio da testa.

— E quem é ele?

Bufei.

— Que foi? Vai mijar em mim pra marcar território? Não é da sua conta.

Yan me puxou pelo braço e enlaçou minha cintura com brutalidade. Me aqueci inteira, mal tive forças para reagir.

— Você merece uma lição, por tanta petulância. — Apesar de manter a voz calma, sua irritação era visível. — Mas do jeito que está mole em meus braços, não sei se será preciso mijar em você.

Empurrei seu peito e me afastei.

— Vá embora, Yan. — Voltei a destrancar a maldita porta. Eu tremia inteira.

Ouvi seu suspiro demorado.

— Senti saudade. — Sua voz foi suave, mas me atingiu como uma bala.

Fiquei parada, de costas pra ele. Segurei a maçaneta como se ela fosse fugir.

A minha vez, Victória Livro 4 CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora