— O que... ta fazendo aqui?
— A covardia não combina com você. Por que fugiu?
— Fugi? — Apertei a bolsa contra meu corpo. — Eu... não queria deixar você numa situação constrangedora.
— Não sabe mentir.
Engoli em seco.
— Não estou men...
— Está. O que é estranho.
— Você... ouviu alguma coisa lá na casa de Emma?
Ele franziu o cenho.
— Deveria ter ouvido? — Soltei todo o ar dos pulmões. — Disse alguma coisa a meu respeito?
—Yan... — cortei o contato visual e mudei de assunto — o que quer aqui?
Ele se aproximou. Recuei até encostar na parede.
— Por que está brava? — Tocou as pontas dos meus cabelos, me olhando por inteira. Poucos centímetros separavam nossos rostos.
— O...que tá fazendo? — Esquivei das mãos dele e parei de costas para minha porta. — Sumiu faz um mês, agora aparece como se nada tivesse acontecido.
Ele se empertigou e pôs as mãos nos bolsos.
— Precisei de um tempo.
— Longe de mim? — Eu estava nervosa, mal controlava o tom de voz.
— Foi você quem me mandou ir.
— E você foi! — Gritei.
Ele me olhou como se eu fosse uma criança confusa, depois mirou os próprios sapatos.
Lutei para segurar as lágrimas. O silêncio dele me fez parecer uma idiota.
— Olha...
— Eu... — Falamos ao mesmo tempo.
— Eu quero que saiba que...
— Não. — Cortei-o — quer saber? Obrigada por ter ido. Só agora vejo que foi o melhor. Sério.
— Vamos entrar pra conversar. — Ele ia me tocar, quando virei para abrir a porta.
— Não. Estou esperando uma pessoa. Arrumei o quarto vermelho e...
— Você não sabe mentir, já disse.
Inspirei fundo e virei para encará-lo
— Pensa que me conhece? — Forcei um sorriso. — Achou que só você poderia experimentar os meus joguinhos na cama?
Seu rosto endureceu. As sobrancelhas quase se encontraram no meio da testa.
— E quem é ele?
Bufei.
— Que foi? Vai mijar em mim pra marcar território? Não é da sua conta.
Yan me puxou pelo braço e enlaçou minha cintura com brutalidade. Me aqueci inteira, mal tive forças para reagir.
— Você merece uma lição, por tanta petulância. — Apesar de manter a voz calma, sua irritação era visível. — Mas do jeito que está mole em meus braços, não sei se será preciso mijar em você.
Empurrei seu peito e me afastei.
— Vá embora, Yan. — Voltei a destrancar a maldita porta. Eu tremia inteira.
Ouvi seu suspiro demorado.
— Senti saudade. — Sua voz foi suave, mas me atingiu como uma bala.
Fiquei parada, de costas pra ele. Segurei a maçaneta como se ela fosse fugir.
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A minha vez, Victória Livro 4 Completo
RomanceVictória é uma mulher que vive a vida inten-samente. Acostumada a enfrentar desafios diários como policial, se vê dedicada a desistir do maior desafio da sua vida; encontrar um amor. O que ela não contava, era que o destino colocaria um homem tão in...