Por Victória
Eu não estava mais afim de me divertir. Ao contrário de Yan e Vincent, que foram em quase todos os brinquedos. Depois do desastre na roda gigante, o único brinquedo que eu quis me aventurar foi o de tiro ao alvo. O resultado foi levar quase todos os prêmios da barraca.
A sensação que eu tinha era a mesma à de uma criança quando era tomado o seu doce. Yan era o doce que eu queria, mas o adulto chamado coração não me deixava provar.
Chegava ser patético o modo como me apaixonava fácil. Não que esse fosse o caso do Yan Foster. No entanto, estava ciente dessa possibilidade. Pois se até com caras imbecis me deixei levar, imagina com um homem que em poucos dias viveu um turbilhão de emoções ao meu lado e mostrou que o coração é maior do que um elefante? Sempre sabia o que dizer e surgia nos piores momentos, os tornando mais leves. Meu corpo estava começando a reagir de maneira estranha perto dele. Eu suspeitava o motivo.
Esse sentimento me perturbou o resto do dia.
Por volta das sete chegamos ao meu apartamento, Yan pediu para usar o banheiro. Ele estava pensativo, mas não falou nada a respeito do que conversamos à tarde. Ainda não conseguia encara-lo.
Mesmo não dizendo com todas as palavras, deixei claro que eu o queria, mas não podia. Provavelmente ele não entendeu. Afinal, meus motivos eram só meus. Yan nunca saberia do meu histórico de relacionamentos fracassados. Eu não podia me arriscar mais uma vez. Depois do John, fiz a promessa de que os homens nunca iriam me quebrar de novo. Meu último namorado me causou uma dor maior do que podia imaginar. Não queria repetir o processo.
Me senti atraída pelo Yan no primeiro instante que o vi entrando naquele bar. Eu não era burra, sabia que se eu cruzasse a linha, seria difícil me recompor do estrago. Talvez por isso, vinha tentando fazer com que se afastasse. O pior de tudo era saber que ele era mais do que um rostinho bonito. Cada abraço, cada palavra sincera que saía de sua boca, deixava as coisas mais difíceis. Ele não poderia ser um escroto de merda? Tinha que ser compreensivo, carinhoso e gato?
Botei Vincent pra tomar banho no meu quarto e aguardei o visitante sair do banheiro. Depois daquela noite não teríamos mais motivos para nos ver, eu já estava bem, não precisava mais dele. Constatar isso me deixou um pouco incomodada.
Lavei algumas louças que foram esquecidas na pia e pus um pouco de café pra fazer. Quando me virei, tomei um susto. Yan estava em pé, no outro lado do balcão, me analisando.
— Caramba, você é muito silencioso!
Ele se aproximou de mim, o que me fez recuar um passo. Seus olhos escuros me prenderam. Ele estava sério, como no dia em que o conheci.
— O que... foi? — Engoli a saliva.
— Quero que tome a primeira dose, Victória. — Sua mão foi até a minha cintura e me empurrou, até minhas costas encontrarem a superfície fria da geladeira.
— O... quê?
— Você disse, que não tomaria a primeira dose, se não pudesse repetir. Quero que você me experimente.
Ele queria que eu o beijasse? Ou estava entendendo errado?
Um calor insano subiu por meu colo até a face. Seus lábios entreabriram para respirar, enquanto juntava ainda mais o corpo ao meu.
— Não... posso, Yan. — Mal consegui me mexer.
— Amanhã volto para Washington, não nos veremos mais. Não teremos outra oportunidade. — Lutei para acalmar a respiração, ele não se moveu um centímetro. Estava presa entre ele e a geladeira, mas ao mesmo tempo, não investia. Percebi que me esperava. Ele queria que partisse de mim.
— Não me deixe ir sem provar do seu gosto.
Eu perdi a capacidade de raciocinar. Simplesmente me aproximei dos seus lábios finos e fechei os olhos.
Rocei minha boca na dele lentamente. Seu cheiro suave me remeteu ao abraço da noite anterior. Minhas mãos suavam. Não me lembrava de me sentir assim desde o colégio, no meu primeiro beijo.
Yan me deu passagem, deixou minha língua brincar com seus lábios, só para depois sugá-la para dentro da sua boca. Passeou as mãos pelo meu corpo, devagar, apreciando cada parte. Soltei um gemido sem querer. A reação dele foi instantânea: segurou minha cabeça e aprofundou nosso beijo, depois me enlaçou pela cintura mostrando o quão excitado estava. A maneira como nossas línguas se movimentavam, a intensidade dos toques, tudo. Era diferente. Era mais do que uma simples troca de saliva. Talvez, tenha sido a forma como adiamos, como criamos expectativa. Não sabia como explicar. Só sentia que não era comum. Entreguei tudo de mim naquele beijo.
Vincent me gritou do quarto para pegar alguma coisa. Me afastei, porém continuei admirando a beleza daquele homem de perto.
Alerta de perigo! Meu cérebro avisou. Ignorei.
Grudei nossas bocas de novo e ele me beijou, com avidez dessa vez. Segurei a sua camisa e o puxei para mais perto.
Era a última vez que nos veríamos. Pensei
Toda a proximidade era pouca, eu queria mais. Se estivéssemos a sós, transaríamos ali mesmo, na cozinha. Só que não estávamos.
Vincent me gritou, de novo.
— É melhor eu ir lá — o afastei.
Yan me deu um último selinho.
— Espero te ver algum dia — a voz rouca fez meu corpo pinicar.
— Adeus, Yan.
E ele se foi, me deixando completamente atônita.
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A minha vez, Victória Livro 4 Completo
RomanceVictória é uma mulher que vive a vida inten-samente. Acostumada a enfrentar desafios diários como policial, se vê dedicada a desistir do maior desafio da sua vida; encontrar um amor. O que ela não contava, era que o destino colocaria um homem tão in...