Capítulo 10

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Por Victória


Me olhei nos olhos pelo reflexo do espelho do banheiro e deixei escorrer a última lágrima daquela noite. Tomei um rápido banho para tirar a maquiagem e qualquer rastro das mãos de Alonso Brown da pele.

Aquele desgraçado me pegou assim que entrei em casa. Não sabia como, mas ele havia dado um jeito de entrar em meu apartamento. Lutamos por longos minutos, mas o covarde me atingiu com um vaso na cabeça e desmaiei. Ele queria vingança, e pelo visto, eu era seu primeiro alvo. Se não fosse o sr. Foster eu teria um fim terrível.

— Ah... — fechei os olhos me recordando da nossa discussão no hotel — que droga... O que ele faz aqui?

Teria que agradecer ao cara que me disse desaforos uma hora antes?

— Claro que sim, Vic, ele salvou sua vida — me policiei, enquanto vestia um conjunto de moletom. — Não é nada demais, garota, cadê sua humildade? Ele te viu nua? Sim. Mas com certeza não houve maldade, pelo contrário... Ele é um idiota? Também, mas te salvou...

— Srta. Lewis?

Tomei um susto com as batidas na porta do quarto.

— Estou indo — me analisei rapidamente.

— Erick chegou. — Yan me recebeu com as mãos nos bolsos.

Assenti e atravessei o corredor até a sala.

Além do delegado, que demonstrou preocupação e fez questão de me dar assistência no que precisasse, mais dois colegas apareceram, entre eles, Samantha.

Fomos até a delegacia, onde prestei depoimento e registrei um boletim contra Alonso.

Me sentia estranha por estar do outro lado da mesa. Quase todos os dias enfrento ladrões, traficantes, usuários e violentadores, mas era estranho estar no papel de vítima.

Eu só queria saber como Alonso havia fugido e, principalmente, me encontrado. Mas não tive oportunidade de perguntar. Ele estava no hospital sendo operado por causa do tiro que Yan lhe deu.

Tentei ligar para Alex ir dormir comigo, mas só dava caixa postal. Eu precisava contar o que tinha ocorrido, afinal, ele também poderia estar na mira de Alonso e sua corja. Além do mais, precisava da sua presença naquela noite. Não me sentia bem.

Foster não saiu do meu pé por um segundo. Mesmo sem dizermos quase nada um para o outro, aquilo estava me irritando. Ele deu seu depoimento logo depois de mim, mas insistiu que me acompanharia até em casa. Eu odiava o fato dele me enxergar como uma mulher frágil que precisava da sua segurança. Só que eu não tinha forças pra discutir.

No caminho de volta, continuou sem dizer nada, então resolvi quebrar o silêncio:

— Yan, não agradeci por ter me salvado. Muito obrigada. Se não tivesse aparecido, nem quero pensar no que teria acontecido.

— Não foi nada. Fica tranquila, o pior já passou.

Um novo silêncio pairou sobre nós. Ele parecia pensativo e não demonstrava interesse em conversar. Mesmo assim, tinha algo que não saía da minha cabeça.

— O que estava fazendo no meu apartamento?

Ele me olhou de relance e limpou a garganta.

— Eu... Ia...

— Ia?

— Me desculpe — franzi a testa. — Pelo jeito que falei com você. Lá no hotel.

— Ah.

A minha vez, Victória Livro 4 CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora