A marcha nupcial começou a reverberar no jardim dos Miller 's. Emma surgiu no início do corredor cercado por flores. Todos nos levantamos.
Sua barriga destacada no vestido branco mostrava que em poucas semanas iríamos conhecer a tão esperada Liz.
Ela estava deslumbrante. Sorria para todos os convidados graciosamente. Emma sempre fora uma mulher romântica e sonhadora, dava para notar que estava radiante apenas pelo brilho nos olhos.
Quando vislumbrou Jones Miller no altar, vi uma coisa diferente. Eles pareciam conversar só pelo olhar. O sorriso que destampou nos lábios dela foi tão verdadeiro, que fez meus olhos marejarem.
Assim era o amor? Era esse sorrisão bobo, causado apenas pelo olhar da pessoa certa?
Meu coração apertou, pois caí na realidade cruel de que nunca havia sorrido assim para alguém, ou melhor, ninguém, jamais me fez sorrir daquela maneira.
A noiva se aproximou do altar e o noivo beijou sua testa, emocionado. Foi uma das cenas mais lindas que já presenciei.
— Quer um lenço? — Uma mulher de cabelos castanhos me ofereceu ao lado. Meu olhar desceu até a sua barriga. Ela também gerava uma criança.
— Obrigada — ofereci um sorriso, constrangida.
Eivy, uma amiga que não via há um tempo, pegou o buquê das mãos de Emma e voltou para o lado de seu noivo. Os dois eram padrinhos.
Sequei os cantos lacrimais, com cuidado, para não borrar a maquiagem e me sentei em seguida.
A cerimônia seguiu perfeita e sem qualquer imprevisto. Não demorou para as alianças serem trocadas e a união selada por um beijo lento e digno de muitos aplausos. Nunca havia me emocionado tanto em um casamento. E o motivo eu sabia; aquela cumplicidade, aquele amor e devoção nos olhos do Sr. Miller, provavelmente eu nunca veria nos olhos de alguém. Por mim.
— Você está bem? — A mulher ao meu lado me encarava.
— Sim. Só emocionada. Eles são perfeitos.
— São mesmo — ela sorriu enquanto analisava os recém casados. — Esse dia é mágico.
Meus olhos desceram até a sua mão, que carinhosamente alisava a barriga, e vi a aliança dourada em seu dedo.
— Deve ser mesmo...
— Pretende se casar?
Sua frase seria cômica, se eu não estivesse tão emocionada.
— Não. Essas coisas não são pra mim.
— Eu também já pensei assim e, olha pra mim agora! Encontrei o amor da minha vida, casei e estou esperando um bebê! Vai por mim, quando é pra acontecer, nada nesse mundo é empecilho.
Sorri com seu entusiasmo. Ela não fazia ideia do quão ruim era minha vida amorosa. O último que me balançou foi o Yan, mas aquele já havia ido embora fazia quase dois meses. Fiquei um mês esperando ele aparecer sem ser convidado, como sempre fazia. Mas chegou um momento em que eu caí em mim. Me dei conta de que não voltaria. Ninguém nunca voltava.
Os noivos fizeram o caminho de saída sob pétalas de rosas e aplausos. Atrás deles, os convidados caminharam até se acomodarem nas mesas do jardim.
— Sua vez vai chegar. Aguarde e verá. — A mulher sussurrou próximo ao meu ouvido.
Eu ia lhe responder que achava o amor superestimado, mas seu marido se aproximou.
— Cat, vamos? — Ela sorriu para mim e sumiu entre as pessoas.
💋 💋 💋
— Atenção, viatura 1504, suposto roubo em andamento nas proximidades da Monument Avenue.
— Ok, 1504 a caminho — respondi no rádio.
Alex ligou as sirenes.
— Hoje eu e a Sam vamos naquela boate, se anima?
Olhei para meu amigo com as sobrancelhas erguidas.
— Aquele lugar só tem gente transando em todos os cantos.
Ele me julgou pelo olhar.
— Se me lembro bem, você já foi uma dessas pessoas, várias vezes.
— Verdade — gargalhei.
— Vamos, Vi, aquele DJ que gosta vai tocar. Nem me lembro a última vez que nos divertimos juntos. Você disse que era a Samantha que ia nos afastar, mas quem está fazendo isso é você.
— Caramba! Calma aí... Tudo bem, eu vou. Quanto drama.
Ele sorriu, mas o assunto foi finalizado quando um rapaz atravessou na frente da viatura a toda velocidade, com uma bolsa nas mãos.
Alex pisou firme e seguiu o suspeito. Ao chegar numa rua estreita, desci e continuei a pé. Disparei como uma bala atrás do cara, que mesmo estando num ritmo bom, não foi páreo para mim. Estava me mantendo em forma, malhando cinco vezes por semana. Poderia correr um quilômetro no mesmo pique se fosse preciso.
Ao virar a esquina para entrar na principal, Alex o interceptou com o carro e foi minha deixa para pular em cima do fujão e jogá-lo no asfalto.
— Vai aonde, bonitão?
Alex pegou a bolsa da mão dele e achou uma pistola e alguns celulares.
Algemei os pulsos e li os seus direitos, enquanto levantava seu corpo magro do chão. Um arrepio percorreu minha nuca, quando uma fila de carros com os vidros escuros passaram por nós. O último deles passou com uma lentidão suspeita, como se estivesse nos espiando.
Coloquei o suspeito no banco da viatura e entrei, observando os carros dobrarem a esquina
— Central — Alex falou no rádio —, aqui é a viatura 1504. Suspeito apreendido, estamos a caminho da delegacia.
— Entendido, 1504.
Eu estava com um sentimento estranho, de repente uma ansiedade me dominou. Mordi o lábio inferior e joguei a cabeça para trás. Minha intuição dizia que tinha novidades chegando. Mas não sabia o quê.
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A minha vez, Victória Livro 4 Completo
RomanceVictória é uma mulher que vive a vida inten-samente. Acostumada a enfrentar desafios diários como policial, se vê dedicada a desistir do maior desafio da sua vida; encontrar um amor. O que ela não contava, era que o destino colocaria um homem tão in...