Por Yan
Minha vida havia se tornado um inferno desde o meu encontro com Victória, há uma semanas atrás, na casa dos Millers. Não estava conseguindo dormir direito, nem me concentrar na maldita mudança. A verdade é que já não tinha tanta certeza se mudar para Richmond era a coisa certa.
Um mês atrás, quando aquela diaba me mandou embora, depois de tudo que eu havia feito pra ficar perto dela, quis desistir. Nunca corri tanto atrás de alguém para no fim levar um pé na bunda. Fiquei assistindo ela embarcar no táxi e me deixar plantado na frente do hospital.
Não me recordo de ter ficado tão abalado em levar um fora, como fiquei naquele dia. Eu estava apaixonado por ela. E só me dei conta disso quando senti o coração doer ao ouvi-la dizer que era quebrada demais para mim. Aquilo não era verdade, eu sabia disso. Queria que ela também soubesse.
Por isso entrei no carro e segui o táxi feito um louco. Por mais afetado que eu estivesse, vi o quanto Vic estava perturbada com o envolvimento do pai no seu atentado. E foi exatamente o que ela fez. Foi atrás dele.
Desci do carro e me aproximei da porta em que ela tinha entrado. Ia bater, quando ouvi a conversa dos dois. Estavam quase gritando, na verdade. Congelei ao escutar o nome de Andrew. Ele estava por trás de tudo. Certamente me viu na cidade e ficou com medo de ser pego. Ele era um homem totalmente sem escrúpulo. Uma vez o peguei roubando as jóias que minha irmã herdou da nossa avó. Mesmo com as imagens das câmeras de segurança, tentou me convencer do contrário. O coloquei no olho da rua imediatamente. No dia seguinte abusou da Olivia como vingança. Fui destruído junto com minha irmã.
O que me mantinha lúcido era o desejo de vingança. E saber que ele tentou matar Victória, como meio para me atingir, me deu mais certeza do que precisava fazer: matá-lo.
Um dos meus funcionários sabia onde era a tal boate com mulheres em gaiolas. Só precisei dirigir até lá. Estava disposto a tudo. Só não contava que Victória aparecesse tão rápido. O fato de ela insinuar que mataria Andrew para me proteger, me desarmou. Foi ali, naquele momento, que decidi abdicar de qualquer coisa por ela.
Só precisava de um tempo para pôr a mente no lugar. Queria conversar com a minha irmã sobre o Andrew e me afastar um pouco de tudo. Não seria certo descontar minha frustração de não ter matado ele, nas pessoas que amava. Talvez tenha sido umas das piores escolhas que eu tenha feito na vida.
Victória era uma mulher machucada. Não precisava ter bola de cristal para saber que toda hostilidade era um meio de se proteger. Havia visto seu lado frágil inúmeras vezes, e todas essas vezes, ela tentou me afastar. Quando na verdade, precisava que alguém permanecesse.
Mas eu não fiquei. Sumi por um mês. Não liguei, não procurei saber como ela estava, não dei notícias, não disse que não conseguia parar de pensar nela, não disse que, por causa dela decidi vir morar em Richmond, mesmo não tendo tantos clientes na cidade. Mesmo isso causando uma dor de cabeça enorme com alguns acionistas. Eu estava fazendo tudo aquilo, por ela.
— Pensando na policial? — Aleff entrou no escritório e tirou uma caixa de cima da poltrona para se sentar.
A casa que os meus pais deixaram para mim e pra Ollie estava fechada há alguns anos. Eu e minha irmã decidimos que seria melhor para o meu trabalho se nos mudássemos para Washington, na época. Encaixotamos tudo e seguimos a vida.
Mas como um bom filho à casa retorna, voltamos e decidimos continuar morando juntos. Agora que ela estava namorando a Sophia, também foi uma razão para se mudar. Fiquei muito contente com o relacionamento das duas. Aos poucos, enxergava a Olivia de antes dando as caras.
— Pelo silêncio, eu acertei.
Meu primo era um homem honesto e admirável. Apesar de não termos muito contato, era uma das pessoas que mais confiava para dividir minhas questões internas. Era ele quem estava me ajudando a fechar negócio com os donos da maior rede de hotéis do estado.
— Eu fiz merda — o servi com um pouco de whisky.
— Quer conversar?
— Espera aí... — franzi o cenho — Como sabe da Vic?
— Escutei Cat, Eivy e Emma em uma ligação.
Me endireitei na cadeira. Mendigava qualquer informação sobre ela desde que voltei.
— O que ouviu?
— Minha mulher me fez prometer que não te contaria nada.
Bufei.
— Aposto que tem a ver com o cara que ela tá saindo.
— Nossa, você acreditou naquil... — Aleff fechou os olhos e mordeu os lábios — droga.
— Então... não tem ninguém, não é? — Fingi estar calmo, quando na verdade, queria comemorar de alegria.
— Por favor, não conta pra Cat que eu disse isso — Aleff segurou o arco do nariz.
— Eu sabia... A diaba me enganou direitinho.
Era a minha chance.
— Sério, Yan. Não ouviu da minha boca.
Ergui os lábios em um sorriso.
— Só se me ajudar com uma coisa.
— O que?
— Hoje é a despedida de solteira da Eivy, não é?
— O que tá pensando em fazer?
Relaxei na cadeira e cogitei se teria coragem para colocar em prática o que me veio em mente.
— Quem vai estar?
Aleff me encarou, desconfiado.
— Que eu saiba só a Cat, Eivy, Emma e a Victória. Por que?
— Hum, preciso que a Cat me ajude com uma coisa.
— O quê?
— Em breve saberá.
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A minha vez, Victória Livro 4 Completo
RomanceVictória é uma mulher que vive a vida inten-samente. Acostumada a enfrentar desafios diários como policial, se vê dedicada a desistir do maior desafio da sua vida; encontrar um amor. O que ela não contava, era que o destino colocaria um homem tão in...