De volta a mesa descobri que o assunto havia mudado. Agora Rômulo estava contando uma história de quando iniciou na polícia. Não consegui prestar mais atenção, volta e meia acabava olhando para a mesa, onde o ex capitão estava sentado com outro homem. Fiquei intrigada com seu comportamento.
Será que realmente falava a verdade?
Me questionei por várias vezes. Mas decidi não contar ao resto do pessoal.
Na hora de ir embora, como previsto, James ficou no meu pé. A maioria das pessoas já havia ido. Só restávamos eu, Alex, que entrou em um papo animado com Benjamin, e James. O bar estava praticamente vazio.
— Alex, estou indo — avisei, me levantando em seguida.
— Também já vou, me espera lá perto do carro. Vou pagar a conta.
Assenti e saí. Ouvi passos atrás de mim e quando me encostei no veículo, James me abordou.
— E aí, Vic. Está indo? — Não sei o que estava dando em mim, aquele homem era um baita de um gostoso. Forte, atlético e sensual, mas não me sentia animada o suficiente para lhe dar uns amassos.
— Sim — respondi, cruzando os braços e encostando as costas na lateral do carro.
— Pensei que nós... — ele se aproximou.
— Não, James — coloquei minha mão em seu peito para afastá-lo. — Não costumo passar dos limites com colegas de trabalho. Se pareceu o contrário durante aquele jogo bobo, me desculpe.
— Nossa, você é direta, não é? — coçou a nuca, aparentemente constrangido.
Sorri e voltei a cruzar os braços.
— Um pouco.
— É uma pena, gostei de você.
— Eu também te acho um cara legal, não me entenda mal. Só não estou no clima mesmo.
— Ok... — ele assentiu algumas vezes e mordeu o lábio inferior — então... vou indo.
O acompanhei entrando no carro e dando partida.
Vi a porta do bar abrindo e me animei, pensando que era o Alex. Não aguentava mais esperar para deitar na cama quentinha do hotel. No entanto, foi o cara que me abordou na saída do banheiro quem saiu. Estava conversando com um senhor de cabelos grisalhos.
Ele me olhou diretamente e andou com as mãos nos bolsos até a minha frente. Seu semblante não era amigável. O meu também não.
— Rubens, me espere no carro — murmurou, sem cortar o contato visual comigo. O senhor que o acompanhava obedeceu sem questionar.
Confesso que senti uma pontadinha de nervoso no estômago, mas mantive a mesma postura de antes.
— Está me vigiando, policial?
— Tenho motivos para isso? — Estreitei os olhos — quem não deve, não teme.
— No nosso mundo as coisas não funcionam assim. Sabe disso. Mas se não está me esperando, por que está plantada aqui... — verificou o relógio do pulso — às três da manhã? Há algum suspeito no bar?
Sorri.
— Não. Tô esperando uma pessoa.
— Hum...
Um silêncio constrangedor me fez trocar o peso do corpo de uma perna para outra.
— Então vou indo, senhorita..?
— Eu não vou te falar o meu nome — suspendi as sobrancelhas.
— Victória? — O idiota do Alex apareceu me chamando.
Fechei os olhos, praguejando baixo.
Foi irritante o riso do sujeito a minha frente.
— Até mais, Victória. — ele cumprimentou Alex com um aceno e saiu.
— O que rolou? Conhece o cara?
— Nada — abri a porta e entrei no carro.
— Pensei que ficaria com o James.
Assisti ele colocando o cinto, antes de responder.
— Sabe da minha regra.
— Mas vocês nem trabalham juntos, Vic.
— Sei lá, não tô afim.
— Não foi você quem disse que depois do John iria pegar todo mundo?
— Não me lembro disso — lhe lancei um olhar preguiçoso.
Ele sorriu e se concentrou na estrada.
É claro que me recordava daquelas palavras. E é claro que passei os últimos meses ficando com quem eu tinha vontade.
Depois do término com meu ex, fiquei extremamente abalada. Não sei se era coisa da minha cabeça, mas eu sentia que nunca mais conseguiria ter algo real e verdadeiro com alguém de novo.
Peguei o John com outra mulher na cama. No dia do Natal.
Tem algo mais deprimente do que isso?
Me lembro como hoje; troquei de turno com um colega só para ficar com aquele idiota, comprei uma comida especial e dirigi por meia hora até sua casa. O que veio depois foi só decepção. Ainda me lembro dos gemidos abafados no quarto.
Foi naquele dia que desisti do amor. Todos os meus relacionamentos terminaram de forma trágica. Nos quais eu saía sempre machucada.
Meus amigos até podiam dizer que o problema não era comigo, mas não tinha certeza sobre isso. Há pessoas que são feitas para ficarem sozinhas, talvez eu seja uma delas.
— Vi.
— Oi.
— O que acha da Sam?
Juntei as sobrancelhas e arregalei os olhos. Mesmo sabendo que ele não estava me olhando.
— Ah não, Alex!
Ele gargalhou.
— O quê?!
— Vocês...
— Não.
— Ahh... — lhe encarei por alguns segundos.
— E então?
— Não nos damos bem, você sabe — encolhi os ombros.
— Sei.
— Mas por que está me perguntando? Ta interessado na Samantha?
— Não! — respondeu na defensiva.
Ele estacionou na garagem do hotel em que estávamos hospedados e mudou de assunto.
Não sou uma amiga possessiva, meu ciúmes é saudável. Costumava incentivar meu amigo a conhecer pessoas novas, pois apesar de extrovertido, Alex não costumava se abrir tanto. Mas isso não queria dizer que iria morrer de amores se ele começasse a se envolver com a Samantha.
Descemos do veículo e seguimos para o elevador, onde me encostei e pendi a cabeça no ombro dele. Bocejei demoradamente.
— Não gosto muito da Sam, mas vou te apoiar, se quiser ficar com ela.
— Eu não disse que queria ficar com ela.
— Vai se foder. Eu te conheço, Alex. Agora, se ela te der um mata leão quando você fizer merda, não venha pedir socorro.
— Cala a boca — ele me socou de leve nas costelas.
Sorri, com os olhos fechados.
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A minha vez, Victória Livro 4 Completo
RomanceVictória é uma mulher que vive a vida inten-samente. Acostumada a enfrentar desafios diários como policial, se vê dedicada a desistir do maior desafio da sua vida; encontrar um amor. O que ela não contava, era que o destino colocaria um homem tão in...