Capítulo 12

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A noite foi mais longa do que pensei. Não consegui dormir bem, ficava virando de um lado para o outro. Pelo menos, a manhã foi um pouco melhor. Alex chegou cedo, tomou café comigo e me contou sobre a ação da noite anterior. Imaginar todo o tiroteio no banco me fez esquecer das confusões de pensamentos que estavam me perturbando. Quando contei sobre o Yan, ele se divertiu horrores.

— Pensei que sua fase pegadora tivesse ficado pra trás — zombou, enquanto me assistia tirar as tranças na cama.

— Eu não estou numa fase, Alex. Simplesmente não quero mais saber de namorar. Sabe bem o que já passei. Eu tenho um dedo podre para homens.

Se tinha alguém que conhecia de perto esse meu dedo podre, era ele. Alex viu todo o sofrimento com meus ex-namorados.

Nunca fui o tipo de mulher que chora por macho, nunca foi sobre isso, mas temos um limite pra traição e escrotidão. Não foi um, nem dois; foram diversos namorados que me machucaram ao ponto de me questionar se eu não era o erro da relação.

Minha autoestima ficou tão baixa no último, que não quis sair de casa por meses, a não ser que fosse para trabalhar. Me depreciei, me senti um lixo por muito tempo. Eu nunca irei entender quem consegue trair uma pessoa e depois agir como se nada estivesse acontecendo.

Ouvir as frases "Você é masculina demais", "ser policial te deixa fria até na cama", "procurei em outra o que você não tem", me deixou muito mal. Nunca deixei transparecer minha fraqueza, apesar de tudo. Naqueles momentos, eu colocava uma máscara e fingia que estava tudo bem. Só que não estava. E como uma bola de neve descendo uma montanha, fui acumulando esse sentimento de que nunca seria amada, e de que eu era o problema.

Eu já tinha que lidar com a pressão do dia a dia no trabalho, cuidar de um pré-adolescente e lidar com um pai ausente e alcoólatra. O mínimo que eu esperava dos meus namorados era respeito. Mas, segundo eles, sempre exagerei demais.

Alex pensou um pouco antes de voltar a falar.

— Tem razão, seu histórico é uma merda. Mas isso não quer dizer que todo homem vai repetir os mesmos erros. Eu sou a prova viva de que generalizar é uma injustiça.

Sorri e joguei um tufo de cabelo sintético nele.

— Por que eu não me apaixono por você, então?

— Porque só gosta de idiotas

— É um argumento.

— Não, é um fato. E também... não tô no mercado.

— Ah é? Quem é a sortuda? — Parei o que estava fazendo e lhe encarei — não vai me dizer que...

— É. Eu e a Samantha estamos saindo.

Fechei os olhos e me joguei na cama, espalhando todo o cabelo que já havia tirado.

— É agora que a minha vida vira um inferno. Perdi meu guerreiro.

Alex sorriu e jogou um travesseiro em mim.

— Larga de drama.

— Logo ela? Já não percebeu que a Samantha não vai com a minha cara?

— Mesmo que isso fosse verdade, não mandamos no coração, não é?

— Ah! Que brega — pus a mão no peito e ele gargalhou.

— A Sam é uma pessoa legal, ela não tem nada contra você, só pensava que nós dois tínhamos um caso. No fundo era ciúmes.

— Como se ela tivesse o direito de sentir ciúmes de você. Nem eram amigos!

A minha vez, Victória Livro 4 CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora