Capítulo 19 - Mães

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Camila Cabello  |  Point of View




Quando a noite caiu, criei coragem e liguei para Lauren, mesmo achando que ela não me atenderia.

— O que você quer?

— Como tá?

— Magoada, né? Como acha que eu estou?

— Me desculpe por isso.

— Se ligou para isso, não vai adiantar muito.

— Você está em casa?

— Não. Eu não posso olhar para meu pai.

— Onde cê tá?

— Na Vero. – Fiquei pensando um pouco.

— Preciso falar com você, chego em quinze minutos, mas não fala para ela que estou indo ai. Vou te mandar mensagem quando chegar. – Encerrei a ligação e fiquei esperando a mensagem.

Mads me levou lá e eu mandei mensagem que ficaria esperando no lado esquerdo da varanda. Caminhei até lá e quando ela apareceu, mesmo que estivesse escuro, pude ser seus olhos vermelhos e inchados de chorar.

— O que você quer?

— Bom… primeiro tem que me prometer que essa conversa vai ficar só entre nós duas.

— Você não tá em condições de exigir muita coisa.

— Me promete.

— Fale logo.

— Seu pai me arrastou para a delegacia, me fez escolher entre você e a Mads… – Eu comecei a chorar. — E não queria escolher, eu gosto muito das duas… mas ele falou que a Mads seria presa, a Vanessa… todo mundo que aceitou o documento… me desculpa mesmo, eu fiquei apavorada, foi difícil, eu fiquei... – Senti o choque entre nossos corpos, ela me abraçou forte e eu retribui.

— Não se desculpe… eu vou falar com ele.

— Não. A Mads vai organizar tudo, não fale nada, precisamos de tempo e não podemos voltar enquanto ela não der o okay. Ela disse que vai ser rápido, mas precisamos que ele pense que não voltamos.

— Mas como eu vou olhar para esse cara?

— Olha… ele está tentando te proteger, pode ser escroto, mas é seu pai. Logo vamos poder ficar juntas se você me quiser ainda.

— Lógico que quero.

— Melhor não contar para suas amigas. – Ela assentiu. — Tudo bem, preciso ir. – Selei nossos lábios. — Eu nunca terminaria com você caso contrário, certo?

— Certo. – Ela sorriu.

— Volte para casa, dá pra ver que você chorou muito e vai ser bom ele te ver assim. – Ela assentiu e selamos nossos lábios várias vezes. Ela segurou minha nuca, aprofundando o beijo, segurei a cintura dela aproveitando o mesmo. Depois colei a testa na dela, enquanto puxava seu lábio inferior entre meus dentes. — Logo quando eu tô tentando lutar para recuperar meu juízo você tem que aparecer pra me enlouquecer. – Ela sorriu.

— Estamos empatadas, estou lutando pra não perder o meu.

Toquei o rosto dela e ouvi passos, me abaixei e ela saiu dali, vi Vero abraçá-la.

— O que está fazendo aqui?

— Só estou caminhando um pouco. Pra espairecer.

— Não fique assim, amiga. As coisas vão se ajeitar. – Ela abraçou os ombros e Lauren e foram para casa, pulei a cerca e saí pela casa do vizinho.

Logo Mads e eu estávamos em um restaurante, ela não me disse o que faria, mas estava bem segura que as coisas iam dar certo.




Madeleine Petsch  |  Point of View




Fui ao cartório, autenticar os documentos que seriam necessários. Depois peguei a estrada e fui até a casa da mãe de Camila, se é que pode ser chamada de mãe.

Fui praticando um mantra, pois minha vontade de socar a cara dessa víbora é enorme, mas eu preciso que ela assine
esses papéis, pois isso me pouparia muito tempo.

Toquei o interfone e me identifiquei, ela não me conhecia, mas mesmo assim veio atender.

— Você é repórter?

— Não. Sou a moça que está abrigando Camila.

— Mas ela tem casa.

— Bom… o governo e eu achamos que ela precisa muito mais do que isso para sobreviver, mas isso não importa. Eu entrei com o processo de guarda dela, mas como eu não sou parente, sua assinatura nesses documentos me ajudaria muito.

— Como assim? Você a conheceu onde?

— Ela estava andando pela noite, com fome e eu a ajudei. Voltei no outro dia na casa que a deixei, queria conversar com os pais dela para saber o porque dela caminhar tão tarde na rua. Era perigoso, por insistência minha, ela me mostrou a carta e eu já deduzi que era abandono, mas ela tinha um ar infantil em relação aquilo, ela achou que voltaria mesmo.

— Eu disse que ela não podia mostrar para ninguém.

— Ela precisava de ajuda e eu o fiz. Agora, estou criando laços com ela e quero a guarda legal.

— Olha, sei que parece cruel, mas Camila é um demônio, não vale a pena lutar por ela.

— Isso é escolha minha. Só assine, por favor. – Ela sorriu em deboche, assinou todas as folhas.

— Te dou até um termo escrito a mão se quiser. Isso é um sonho realizado.

— Eu quero sim. Podemos ir ao cartório daqui autenticar.

— Vamos agora.

— No caminho ela escreveu a carta, ficamos na fila do cartório e depois de tudo pronto, deixei ela na frente de casa.

— Boa sorte. O primeiro desafio é fazer ela ir a escola.

— Escuta aqui, sua vaca. Ela é uma garota incrível, ela vai às aulas e conseguiu recuperar todas as notas que perdeu por andar nas ruas procurando esse lixo que é você. Camila é um doce e só precisa de um pouco de atenção, ela chorou a primeira vez que pedi para ver a lição dela… – Eu comecei a chorar. — Sabe como é precioso ter um filho, nossa… eu queria bater em você quando partiu o coraçãozinho dela daquele jeito, ela só fez esperar você. Ela não falta mais as aulas e é uma das melhores alunas, se juntou com a turma nerd e conseguiu fazer muitos amigos e já tem uma namoradinha. Ela está indo muito bem e eu nem vou dar na tua cara como tu merece porque nem vale a pena. Camila vai fazer isso com você, vencendo na vida, sendo grande e com minha ajuda. Eu sou a mãe dela… era pra ser assim. Obrigada por me entregar esse tesouro sem nem hesitar. Vamos ser muito felizes… isso eu garanto a você e espero que a lei do retorno venha bem rápido bater na tua porta. Nunca a procure. Estaremos bem.

Foi o que eu disse, depois abri a porta do carro e a empurrei do mesmo. Ela estava tão perplexa, ficou ali e até o fim da quadra ela permaneceu encarando o carro, depois que dobrei, agradeci por não ter me descontrolado e ter conseguido tudo que precisava.

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