Capítulo 25 - Entender

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Lauren Jauregui  |  Point of View




No carro, apertava minhas mãos uma contra a outra.

— Por que eles fizeram isso?

— A Vanessa está com eles e seu pai, mas sabemos que seu pai pode dar a chave da cidade a eles se ela morrer.

— Morrer?

— Desculpa. Eu estou nervosa… – Comecei a chorar, fiquei nervosa, estava tremendo, Vero tentava me acalmar, mas eu só queria chegar logo lá.

— Eles estavam onde?

— Em uma escola disciplinar, saíram ontem e voltaram para nossa, só para fazer as provas.

— Como funciona bem essa escola disciplinar.

Chegamos lá e Mads estava chorando, com as mãos em sua frente, provavelmente rezando.

O que houve?

— Mads…

— Oh Laur… – Foi o que ela falou e me abraçou, foi o suficiente para chorarmos mais.

— Aqueles marginais, bateram nela, ainda bem que as meninas estavam esperando ela… se não nem os pegaríamos.

— Céus… como ela está?

— Fazendo uma ressonância.

— Eles precisam ir presos.

— Seu pai já deu o veredito. Ela começou.

Estava tão preocupada com ela que nem realizei o que ela falou.

— Senhora Petsch, nenhuma lesão gravíssima, graças a Deus. Ela está sedada porque vai sentir muitas dores, mas amanhã, se seguir bem essa noite, ela poderá ir para casa.

— Graças a Deus.

— Podemos ver ela? – Perguntei.

— Você é da família?

— Ela é namorada dela.

— As duas podem entrar, vocês podem entrar quando ela acordar. Não sei se ela vai acordar agora, a dose de sedativos foi alta.

— Mas no colégio tem câmeras, porque eles se arriscaram tanto? – Eu falei e Mads deu os ombros durante o caminho.

— Acho que eles só queriam se vingar, nem que isso custasse muito. E eles pensaram que Camila estava sozinha, não viram que as meninas a esperavam.

— Meu pai… não acredito que ele deixou isso pra lá.

— Mas Vanessa não vai deixar. Isso que importa.

Entramos no quarto e a enfermeira estava apontando algo na prancheta. Ela assentiu quando nos viu e saiu. Mads pegou a mão de Camila e começou a chorar. Não precisou de mais nada para eu começar também.

Camila abriu os olhos rapidamente, com eles arregalados ela começou a levantar.

— A Tay… ajudem a Tay… – Ela disse e Mads a segurou pelos ombros.

— Calma, filha. Já passou, Tay está em casa. – Camila olhou para os lados e fez uma careta.

— Que dor dos infernos. – Ela gritou deitando novamente e se virou para parede. — Quero ficar sozinha.

— Não precisa mais ficar sozinha.

— Só me deixem sozinha, por favor.

Mads estava tão confusa quanto eu, mas Camila ficou lá virada pra parede, sem falar nada, só gemendo de dor quando respirava. Saímos do quarto e falamos que ela tinha acordado e o médico estranhou, pois a dose para aliviar a dor dela foi pesada.

Sentamos na recepção e ficamos em silêncio, Mads apertava as próprias mãos e parecia um pouco trêmula, ela devia estar com medo pela atitude de Camila e confesso que também estou.




Camila Cabello  |  Point of View




Meu corpo todo doía e eu estava com muita raiva. Quieta no meu canto e sou encurralada covardemente, ah se eu
conseguisse me mexer, isso não pode ficar assim.

— Como está se sentindo? – Uma voz forte soou no quarto branco enjoativo.

— Com dor e muita raiva, mais raiva que dor.

— Por que?

— Me pegaram desprevenida, se não eles iam ver uma coisa.

— Não pode pensar assim, você está bem agora…

— Por um milagre, né? Não! Isso está errado.

— Mesmo assim, não pode pensar desse jeito. Vou te indicar um psicólogo…

— Eu já vou ao psicólogo. Okay? Só me dê algo para dormir e fim de papo.

Ele não falou nada, apenas chamou a enfermeira que me aplicou alguma coisa e consegui dormir depois disso.

Seis hastes de metais gigantes, interligados por seis engrenagens giravam ao meu entorno. O barulho era irritante e eu peguei um abafador que estava ao meu lado, que pouco diminuiu o barulho, então o retirei.

Quando uma delas se rompeu, abriu um espaço e por ele os ajudantes de Liam passaram e quando outra se rompeu, minha mãe passou. Fiquei triste e furiosa ao mesmo tempo, minha mãe tinha um sorrisinho de deboche no rosto e então, o pai de Lauren apareceu ao lado dos caras, entregando um cacetete a eles. Aí o medo começou a me apavorar.

Quando ele sorriu, eu comecei a correr, as ferragens foram se soltando e começaram a desmoronar, eu não tinha muito para me defender, quando vi Mads, Vanessa e Lauren ao longe eu parei de correr, não queria envolvê elas na confusão, então, por mais que elas estivessem armadas, corri na direção contrária a elas, parei em um desfiladeiro e não pensei duas vezes, preferi me matar do que morrer pelas mãos deles.

Antes de cair sobre um galho seco, acordei e ergui meu tronco no susto. O quarto estava escuro e Mads dormia encolhida em um sofá minúsculo. Lauren segurava minha mão e nem acordou com a minha movimentação.

Me deitei novamente e toquei seu rosto, Lauren era uma garota incrível que caiu no meu colo sem eu precisar me esforçar. O quão louco isso pode ser? Eu toda fodida namorando a garota mais promissora da escola.

— Camz… – Ela disse sem abrir os olhos.

— Vocês são muito doidas, tinham que tá em casa.

— Não conseguimos sair daqui. E olha que tentamos e tentaram nos tirar daqui.

—  Desculpe… eu estava com vergonha.

— Não tem mesmo do que sentir…

— Mas eu senti, okay? Eu não sou mosca morta assim, eles que me pegaram desprevenida.

— Tudo bem, Camz. Já passou.

— Pra mim não.

Falei, ela negou e segui acariciando seus cabelos. Ela pegou no sono e eu não consegui, pois estava com muita dor para isso. Fiquei pensando no meu sonho, lá em fui bem mais esperta e não meti elas nisso tudo, talvez ainda dê tempo de mudar tudo isso. Sumir da vida delas e sei lá… deixar elas seguirem a vida, eu estava muito focada nos estudos que não percebi o quanto sou tóxica a tudo que rodeio, estou afastando Lauren do pai, sobrecarregando Mads de responsabilidades, toda vez entendo mais meu abandono, minha mãe tem toda a razão por ter desistido de mim.

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