Capítulo 63 - Cruel

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Camila Cabello  |  Point of View




Esperei por dias até conseguir ver a mulher mais uma vez. Ela me seguia e aproveitei o descuido dos meus amigos e parei ao lado dela.

— Não me olhe. – Eu falei e ela assentiu, tragando o cigarro mais uma vez, sem olhar para o lado. — Estou com seu dinheiro, onde podemos nos encontrar para eu entregar a você?

— Estou no hotel Conrad.

— Posso passar lá as duas horas?

— Claro. Se quiser levar a namorada para me conhecer melhor.

— Não. Ela esganaria você.

— Imagino que sim, já contou do papai dela?

— Não. Ela nem vive mais com o cara, não precisa saber disso.

— Ei, Mila. – Tyga disse tocando meu ombro. — Algum problema? – A mulher atravessou a rua sem olhar para trás.

— Não, só estava pensando um pouco sozinha.

— Não precisa mais ficar sozinha, você tem esse bando de amigos retardados agora.

— Sim. – Segurei o braço dele, virei para caminhamos. — Eu sei disso.

Entramos na sorveteria e o frio de Miami não nos impediu de tomar um sorvete naquela tarde.


×××


Já no hotel, falei meu nome e logo fui levada ao quarto na cobertura, havia duas mulheres com ela no quarto.

— Oi, Filha. – Ela me abraçou e eu me mantive imóvel. — Essas são minhas assistentes. Podem nos dar licença, queridas?

Elas saíram do quarto e eu fiquei analisando tudo.

— Como está?

— O dinheiro está aqui.

— Não quer me falar um pouco sobre você?

— Não tem muito o que falar, só estou feliz.

— Que bom.

— Olha... eu pedi um bolo de dinheiro para o vovô, nem sei quando tem aqui. – Tirei o maço do envelope. — O cheque está em branco. Ele é bem generoso. – Falei pensando, pois eu nem tinha visto o que ele tinha me entregado.

— Só com você.

— Sou neta. – Falei e senti o cheiro dele. — Eu nunca tinha pedido nada a ele, sabia?

— Nada? Tem que aproveitar, filha. Ele pode te dar mansões, carros... faça sua vida.

— Ele me presenteou com algumas coisas.

— Algo caro?

— Bem valioso. Lembranças do meu pai. – Ela ficou séria. — Aquele que largou do luxo para ficar com você.

— Ele era um bom homem, muito inocente mesmo com a idade que tinha.

— Eu sei, ele parece comigo.

— Muito.

— Você consegue falar sobre ele? Assim com facilidade?

— Sim.

— Mesmo que tenha o matado?

— O que? Está louca, garota?

— Não. Eu só juntei algumas coisas na minha cabeça e percebi que ele era muito mais útil morto do que vivo a você. Aí ouvindo mais histórias, meu pai não via porque estava apaixonado, mas meus avós perceberam, só não admitem.

— Sua avó está enchendo sua cabeça com isso?

— E como não ganhou nada da herança, ficou com raiva dele e despejou em mim.

— Você é bem criativa, menina.

— Qualquer coisa por isso? – Falei e rasguei algumas notas.

— Está louca? – Ela disse tentando me tirar o dinheiro, mas me esquivei dela.

— É só um pedaço de papel. Não é tão importante assim. – Rasguei o cheque e ela gritou.

— Você é uma imbecil, igualzinha ao idiota do seu pai. – Ela riu. — Ninguém vive de amor, querida. Amar alguém rico como você ama é fácil, quero ver ser falida e viver em um inferno desde pequena. Eu passei muita necessidade nessa vida, mas jurei que nunca mais passaria necessidade nenhuma. Seu pai tinha um problema cardíaco, ninguém sabia e eu menti para ele que você morreria da mesma doença que ele, que os médicos te desacreditaram desde o primeiro dia de vida, que todos os outros dias seriam lucro a você.

— Meu Deus...

— Não demorou muito para ele se desesperar, e eu o massacrava, ele vivia com medo de você morrer, não dormia e foi rápido para ele cair duro no chão da nossa sala, isso aconteceria de qualquer forma, só acelerei o processo. – Eu segurei o choro. — Depois que os imbecis dos seus avós falaram que você só receberia sua parte quando fosse morar com eles, então contei a mesma história, eles sofreram, mereciam a punição por não me dar o que era nosso de direito. Escondi você como um trunfo, mas você tem esse problema aí, nem casar com um velho rico conseguiria para me ajudar e nenhuma mulher rica ia te querer sendo esquisita desse jeito, fui à luta, o babaca do Jauregui não largou a esposa por mim. E depois descobri que o rico não era ele e sim a esposa, mas ele não me deu nada de interessante. Então, como um milagre, conheci meu marido e fui esperta, engravidei logo, não tinha essa dele não querer você, eu que disse que você fugiu de casa, ele adoraria você, ele é desses super pais e blá blá blá.

— Você é uma mulher muito cruel.

— Logo a realidade da vida chega para você também garota.

— Chegou agora. – Peguei meu celular e desliguei o gravador. — Vai chegar para polícia também.

— O que?

— Eu não sou tão inocente assim.

Rasguei o resto do dinheiro e joguei no chão, coloquei o celular no bolso e caminhei até a porta.

Quando fui falar para ela não me procurar mais, ela estava correndo na minha direção com o abajur e ergui o braço para me defender, ela me deu uma joelhada no meio das pernas e eu cai, ela foi pegar meu celular no bolso e eu soquei seu rosto, ela segurou meu pescoço. Eu fiquei tão surpresa que só consegui reagir quando a falta de ar já tinha me atingido em golpe, a agonia de não respirar me deixava mais desesperada, não sabia como me livraria dessa, tateei o chão e não encontrei nada para me ajudar, então levei a mãos ao rosto dela e acariciei as laterais, ela era fúria e eu choque... coloquei meus dedos sobre seus olhos e apertei, com toda minha força a fazendo gritar e afrouxar as mãos do meu pescoço.

Foram segundos que pareceram uma eternidade, a empurrei com força e respirei. Tossi forte e isso só me causou mais dor. Respirei várias vezes e meu braço sangrava.

Levantei e corri do quarto, entrei na picape e acelerei para longe, antes que ela me seguisse e terminasse o que começou. Meu pescoço doía tanto.

Eu o acariciava e fui até minha casa, onde me enfiei na banheira e fiquei lá, sem reação... sem saber o que fazer.

NÃO ESQUEÇAM!

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