Capítulo 57 - Aprender

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Camila Cabello  |  Point of View




Com o passar dos meses, a barriga de Mads foi ficando maior e o ano estava acabando. Já sabíamos que ela teria um menino, o quarto de hóspedes virou um quartinho extremamente azul.

Agora estou na empresa do meu avô, ele está me explicando quem são os funcionários de confiança dele.

— Bom, sabendo desses oito, os outros são secundários e esses cinco aqui. – Ele mostrou cinco fotos. — São os totalmente dispensáveis.

— Como assim?

— Eles não são importantes, nem esforçados, só estão ali pelo salário.

— E porque não demite eles?

— E como os meus principais vão saber que são realmente bons? É como o baralho, em alguns jogos, o número quatro não vale de nada, mas é essencial para o mesmo. É sempre necessário guarda-los.

— Nossa... são muitas regras. É difícil aprender tudo.

— Você já nasceu preparada, filha. Os Cabello têm isso desde sempre, seu pai tinha ideias incríveis e fez muito pela empresa no curto tempo que esteve aqui. E você é ótima em matemática, vai se sair muito bem e vai ensinar seus filhos, e eles seus netos, só peço que nunca acabem com essa empresa. Meu avô batalhou muito para ergue-la.

— Claro, vovô. Não se preocupe com isso.

— Não vou.

Ele bagunçou meus cabelos e a secretária dele entrou, deixou refrigerantes de maçã verde sobre a mesa e abriu as latas.

— Obrigada. – Ela sorriu e se retirou.

— Outra dica é sempre arrumar secretárias não atraentes e fazer do uniforme os mais fechados possíveis.

— Eu não me preocupo com isso, não acho ninguém além de Lauren tentadora.

— Mas não é por nós, é por conta da própria Lauren. Se ela vier visitar você e ver uma moça atraente e com roupas curtas, vai surtar e até você explicar, já será tarde demais.

— Está aí uma ótima dica. – Ele sorriu e assentiu. — Você é muito sábio.

— É a experiência, aprendi da pior forma possível. – Gargalhei o apertei seu ombro em solidariedade.

— O que acha de almoçamos no Old's Havana?

— Seria incrível.

— Pode pegar o refri, vou conversar com meu advogado e você pode observar tudo. – Assenti e peguei a latinha, nós caminhamos até o elevador e depois ao quarto andar.

O prédio é enorme, inacreditável que eu vire mesmo dona disso tudo. As pessoas o olhavam com admiração, acho que é isso que todo chefe devia buscar. Ele falava com o advogado como se eles fossem amigos, o problema que estava acontecendo, ele se ofereceu para ajudar a resolver, como se não fosse responsabilidade só dele.

— Ele é um grande homem. – O cara sussurrou a mim, assim que o meu avô deixou a sala na minha frente.

— Estou confirmando isso a casa dia.

— O que? – Meu avô disse, se virando a mim.

— Nada. Pensei alto.

— Bom, vamos nos apressar, ou pegaremos o restaurante lotado.

Concordei e fomos pegar nossas coisas na sala dele.


×××


Não adiantou nos apressarmos, o lugar estava cheio e tivemos que esperar no bar.

— Tivemos o Alejandro cedo, foi assustador. – Ele disse, após eu contar do incidente com Lauren.

— Eu não me assustei, a ideia de uma garota como ela, ter um filho comigo foi bem irada na minha cabeça. Eu queria isso, mesmo sabendo que é errado, que temos muito a fazer, eu não fiquei com medo. Ela sim, ficou apavorada, eu menti que fiquei assustada para não parecer estranha.

— Você falou com seu psicólogo sobre isso?

— Sim, ele disse que é meu abandono gritando. Eu quero ser mãe para fazer tudo do jeito certo. Não quero errar.

— Faz sentido. Só que eu não fui abandonado e pensei em ter filhos com sua avó desde sempre. Talvez seja normal.

— Eu acho normal, eu penso no futuro com ela e quero as coisas que todos querem.

— E como está seu irmão? – Eu travei no momento que ouvi isso, ato falho que não passou despercebido por ele. — O quão desconfortável ficas com isso?

— Sei lá, vô. A minha vida é uma espera constante de ser deixada para lá desde o dia que o médico confirmou esse “irmão”.

— No começo, nós queríamos a sua guarda e tudo mais, mas depois de conhecer elas direito, sentimos que estava protegida e amada, em um lar que era seu e seguro. Elas conversaram antes de perguntar a você, achamos que seria bom, pois seria mais uma pessoa para te fazer sentir mais em casa.

— Não sei o que pensar, são tempos confusos, espero que tudo fique bem.

— Vai ficar e eu... vou arrumar outro psicólogo para você.

— Eu já estou no segundo.

— Vou achar alguém mais empenhado. Quando ficamos muito tempo no mesmo, ficamos amigos e acabamos deixando de lado algumas questões. Pode seguir indo nesse, ele é ótimo, mas uma outra opinião pode te ajudar mais. Concorda com isso?

— Sim. Se o senhor acha necessário. – Ele pegou o jornal e sorriu.

— Parece que estás em outro jornal. – Olhei a foto dos Matletas e sorri.

— Ganhar o campeonato nos alavancou. Acredita que tem até lista de espera de tantos alunos querendo entrar? Antes era uma obrigação.

— Acredito sim. – Ele olhou para o lado. — Quero te pedir uma coisa.

— Claro, vovô.

— Todo final de ano eu dou uma entrevista para a revista de economia, mostro minha empresa e o quanto ela cresce anualmente, esse ano, seria um prazer enorme se você aparecesse, e eu pudesse falar que tenho uma herdeira... na verdade, você seria capa.

— Isso é muito rápido, vô.

— Estou velho, querida. Precisa se apresentar, seu pai foi capa com quatorze, estamos atrasados.

— Tudo bem. Podemos fazer isso e você não está velho.

— Estou.

— Está sedentário, mas se continuarmos com as corridas, vai conhecer seu bisneto.

— Que Deus me dê essa oportunidade. – Sorri e o abracei.

— Obrigada por acreditar em mim.

— Seu potencial é gigantesco e não quero agradecimentos.

— Sua mesa está pronta, Senhor Cabello.

— Ótimo. Vamos comemorar.

NÃO ESQUEÇAM!

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