Capítulo 14 - Mãe

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Camila Cabello  |  Point of View




Sentei na calçada perto do carro, eu estava enjoada e muito tonta. Obviamente o grupo ficou ao meu redor me fazendo sentir mais sufocada que já estava.

— Eu tô bem, galera, só me deixem sozinha um pouco. Eu quero raciocinar. – Nem olhei para elas, só sei que elas demoraram para se afastar. Tinha minha cabeça girando com as frases recém ouvidas. Minha mãe foi cruel, mas nem notou… nem se importou.

Escorei minha testa nas mãos, eu não queria chorar, pois provavelmente estou sendo observada. Minhas mãos estavam suadas, mas muito geladas. Olhei para o carro por um tempo e fiquei pensando que eu nem mereço as pessoas legais comigo, não vai demorar para eu as decepcionar e elas sumirem da minha vida. Talvez se eu sumisse evitaria muita coisa. Levantei e limpei minha roupa, limpei as lágrimas teimosas que não consegui segurar e entrei no carro.

— Está… – Antes mesmo de Lauren completar a frase, eu a interrompi.

— Não está. Só preciso sair daqui. – O carro ligou e entramos em movimento, olhei para a bela casa mais uma vez antes de olhar para frente e colocar o cinto. Lauren colocou as mãos sobre meus ombros, depois me abraçou, mesmo que o banco impedisse o contato direto, aí eu não tive como aguentar, comecei a chorar e olhei para o lado, Mads estava chorando também, então ela parou o carro e segurou minha mão.

— Você tem a mim. Sempre vai ter.

— A nós… nós todas estamos aqui por você. – Ally falou e eu assenti.

— Eu vou ficar bem. Eu acho… – Murmurei e Lauren beijou meu rosto, ela estava fazendo acrobacias para me tocar por entre os bancos. Mads abriu os braços e eu a abracei, era bom se sentir tão confortada entre pessoas assim… e eu nem mereço tanto. Nem mereço nada, uma pessoa que não tem nem o amor da mãe não vai longe na vida.

— O que você quer fazer?

— Eu não sei.

— Tem um parque aquático perto daqui, podemos ir lá se você quiser. Vai te distrair. – Mads disse e eu assenti. Ela segurou minha mão em todos os momentos que pode e Lauren não soltou a outra, Dinah tentava me fazer rir e Ally a cortava sempre, foi bom, me fez não pensar muito durante o percurso.

Chegamos e Mads alugou um quarto, depois comprou uns biquinis e uma sunga para mim. Eu vesti com minha cinta e uma camiseta longa não gostava de mostrar meu corpo, minha irmã deve ser perfeita, por isso merece mais que eu.

As meninas saíram e Mads sentou ao meu lado no sofá. Ficamos em silêncio enquanto ela acariciava minha mão.

— Foi horrível. Eu sabia que tinha algo errado, mas nunca me passou que ela fosse ser cruel.

— O que ela disse?

— Coisas que eu devia compreender, que nunca me amou, que só ficou comigo por ter prometido ao meu pai, que engravidou desse outro cara e ele queria só ela, nada de filha problemática.

— Meu Deus…

— Não… vai ficar tudo bem porque a casa está no meu nome. Acho que para ela isso compensa tudo. – Dei de ombros.

— Você precisava encontrar ela, mas eu nunca pensei que seria isso. O quão cruel uma pessoa pode ser? Se eu sonhasse nunca teria permitido isso, na verdade, estou me corroendo para não voltar lá e dizer umas verdades para ela.

— Cê nem me conhece, nem a Lauren, nem Ally e muito menos Dinah. A única que me conhece de verdade é ela e quando vocês se ligarem, vão se arrepender de ter me deixado entrar na vida de vocês. Acho melhor eu voltar para minha casa e deixar a vida seguir o curso.

— Eu nunca vou permitir isso e nunca vou te abandonar, Camila. Não sei se você percebeu, mas eu te considero uma filha. A filha que eu não pude ter e eu amo você. Com toda minha sinceridade, não sabe por quantos adolescentes e crianças perdidas já me deparei, mas nunca senti uma necessidade tão grande de ajudar como com você. Eu li a carta dela e soube na hora que ela tinha te abandonado.

— Por que não me falou?

— Eu precisava de uma motivação para te alinhar e eu pensei que se ela te visse, tão bem, tão inocente, não teria coragem de quebrar seu coração. Até imaginei ela não querer você junto a ela, mas falar isso para um filho. – Mads começou a chorar e eu no meu momento chorei junto com ela. — O que eu não daria para ter um filho do meu ventre com meu grande amor. Ver alguém simplesmente se desfazendo desse bem tão precioso me deixa desolada. Sem saber o que pensar.

— Não chore. – Foi o que eu consegui dizer em meio as minhas lágrimas.

— Eu choro sim, eu sabia que seria difícil, mas agora me sinto culpada.

— Não tem culpa de nada, cê só estava tentando me ajudar, como fez desde o primeiro momento. Nunca vou poder
retribuir isso tudo que fez por mim.

— Na verdade você pode.

— Como?

— Me vendo como uma possível mãe. Indo para minha casa e pensando nela como sua, fazendo parte da minha família, conhecendo meus pais… com natais com muita comida e seguindo a vida normalmente. Eu sei que é difícil, uma mãe é tudo que importa, mas se sua mãe de sangue renunciou ao posto, eu posso o preencher sendo sua mãe de coração e pode ter certeza que o coloquei na nossa relação desde a primeira vez que te vi. E eu não entendo o porque de tudo isso, mas foda-se!

— Oh meu Deus. Cê falou palavrão. Que dia louco. – Ela sorriu e eu me permiti fazer o mesmo.

— Agora vamos relaxar e curtir esse sol lindo.

Fomos para piscina e Lauren grudou em mim. Não me largou nenhum momento, até no banheiro ela me seguia. Acho que era medo de eu surtar, mas conversar com Mads me ajudou, se ela acreditou tanto na minha pessoa, quando ninguém mais o fez… ela merece toda minha confiança, mas sempre fica aquela pitadinha de… você nunca será suficiente para essas pessoas maravilhosas que encontrou.

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