Vigésima terceira parte

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Alguns meses haviam se passado desde que a bomba sobre o senador explodiu. Às vezes ainda se via comentários na TV e Internet. Alguns envolvidos citados na investigação não foram presos, e a minha mãe estava no meio. Sinceramente não sei como ela estava se virando e isso não era nada que me interessava.

Eu e Caio estávamos aproveitando e vivendo cada minuto da nossa vida cheia de amor. Durante a semana, como era intensa a nossa rotina, ficávamos em casa e sempre fazíamos um jantar só para nós, ou para nossos amigos.
Íamos à praia, ao cinema e às vezes até à alguma casa noturna. P.A e Júlia adoravam sair para dançar. Léo era o mais animado e o pessoal da academia, que por sua vez eram colegas de Caio do trabalho também, sempre estavam com a gente e era uma delícia estar rodeada por pessoas tão bacanas. Eu amava todos eles. Eram amigos verdadeiros, me sentia protegida.

Aos domingos de manhã bem cedinho, eu ia à igreja visitar padre Toninho e participar da primeira missa do dia. E lá, fiz mais um grande amigo, Marcelo.
Sempre o encontrava e com isso nós conversávamos muito. Ele não falava muito sobre a sua vida. O nosso papo era mais sobre o dia a dia. Sabia que ele era juiz, casado e tinha outro filho, advogado, chamado Bruno. Já vi até fotos, e o rapaz era um gato, bem parecido com o pai. Sobre a filha ele nunca mais disse nada e não achei educado perguntar. Talvez ela tivesse morrido e ele não quisesse tocar no assunto.

Marcelo era muito educado, gentil e extremamente respeitoso. Com a nossa proximidade e também amizade com o padre, soube que ele estava ajudando a igreja com doações e isso era incrível. Padre Toninho fazia um trabalho social muito bonito, ajudando famílias e crianças, que assim como eu fui um dia, não tinham comida, roupas ou um lugar quentinho e seguro para dormir.

Dia após dia eu tentava não me lembrar do passado, ele ficava cada vez mais distante diante da minha nova realidade. Entretanto, Sandra me disse que o importante não era me esquecer do que passou e sim, que aqueles fatos não me causasse mais nenhum dano. Deus é testemunha do quanto eu tentava e queria, mais do que tudo, não deixar que aquela merdä me engolisse.

Eles não iriam me vencer!

Não posso negar que o fato de estar sempre rodeada por policiais ajudava e muito nesse processo. Os meninos eram muito cuidadosos comigo, não porque sabiam da minha história mas, porque respeitavam o meu relacionamento com Caio. Eu era como a irmã mais nova.

🚔

Mais uma segunda-feira agitada na academia, muitas novas matrículas. A segunda era o dia internacional de se começar a treinar e fazer dieta, acho que por isso, toda semana, nesse dia em especial, recebíamos novos clientes. Alguns continuavam firmes, outros nem tanto.

Eu gostava de chegar e já deixar tudo pronto e organizado para quando o movimento ficasse mais intenso eu me dedicasse somente a atender os alunos. Às vezes ficava algo para trás, e aí eu precisava ir resolvendo durante o expediente. Tinha dias que era realmente uma loucura.

Hoje por exemplo eu não sabia se atendia o balcão, o telefone, se dava atenção aos alunos ou à novos clientes. Sempre tinha alguém querendo comprar algum produto da loja e para completar, aquela entojada da Carol havia aparecido.

Depois do nosso desentendimento, e principalmente por eu ter quebrado o nariz dela, pensei que teria problemas. Ela ameaçou prestar uma queixa e tanto Léo quanto Caio fizeram de tudo para me livrar da acusação. O que me deixou um tanto surpresa foi vê-la chegar junto e agarrada ao Stefan. Ele ainda me olhava com cara de cachorro que caiu da mudança, mas não tentou falar ou se aproximar de mim.

Observei eles entrarem juntos e ela nem na minha direção olhou. Diferente dele, que me deu um aceno discreto com a cabeça. Tentei sorrir, mas acho que fiz foi uma careta. Não queria esse clima com ele, a minha vida seguiu e eu não preciso de situações mal resolvidas me prendendo a um passado que pra mim, foi superado.

Marina (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora