Décima primeira página

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Chegamos no prédio com o Caio ainda sem dizer nada. Descemos do carro na garagem e ele segurou minha mão enquanto caminhávamos em direção ao elevador. Adorava quando ele andava comigo assim, de mãos dadas. Eu estava chateada com o seu silêncio, ele é sempre tão sincero, mas acho que ficou sem graça em dizer que eu não era capaz. 

Assim que passamos pela porta, dei um grito ao ser surpreendida. Ele me pegou pela cintura e me colocou sentada no balcão da cozinha. Abriu minhas pernas e se encaixou entre elas.
Jesus Cristo, era possível enfartar na minha idade?

Meu coração parecia que ia sair do meu peito, fiquei sem reação e com dificuldade pra respirar. 

— Presta atenção no que eu te falar, Marina.

Difícil, muito difícil prestar atenção com ele assim tão perto.

— Se o que você quer é passar nesse concurso, você vai conseguir. Vai ser fácil? Não, vai ser difícil pra caralho. Você vai ter que estudar muito, ter foco e determinação. Treinar pra cacete pra passar no teste físico. Vai depender só de você, eu vou tá aqui pra te ajudar, mas quem vai ter que ralar, é você. E isso não vale só para o concurso, vale pra vida também. Não quero mais você andando de cabeça baixa, e se diminuindo. — Ele tocou meu queixo e elevou um pouquinho minha cabeça. — Cabeça erguida, porra! Postura, você é forte, é corajosa... — Seu olhar desviou pra minha boca e eu fiz o mesmo, foquei na boca dele.
— Você é linda pra caralho!

Do mesmo jeito que começou, acabou. Caio se afastou e avisou que ia tomar banho. Respirei, tava suando, também precisava de um banho. Bem frio!

🚔

Me matriculei num cursinho preparatório online e já estava a todo vapor estudando. Caio me emprestou um monte de livros, e enquanto tava na academia de boa, sempre aproveitava pra estudar. Tinha muito conteúdo, mas eu daria conta. Eu era capaz! Precisava repetir isso todos os dias, se o Caio acreditava em mim, eu também deveria acreditar. 

Essa semana comecei na psicóloga, pesquisei e vi que eu só teria a ganhar. Ela é legal, se chama Sandra. Foi um pouco estranho falar com ela, mas acredito que com o tempo vai ficar mais fácil.
A academia anda agitada, o pessoal está treinando pesado para o torneio que está se aproximando. Eu também comecei a treinar e estou adorando. Os meninos têm me ajudado muito, ainda mais quando contei que pretendo prestar a prova para P.F. Eles me tratam como uma irmã mais nova e isso tem deixado meu coração quentinho. 

Finalmente entrei numa rotina, minha vida agora tem um rumo. Acordo bem cedo, estudo, almoço, estudo mais um pouco e a tarde vou pra academia. Faço meu trabalho e no tempo livre estudo mais. No comecinho da noite quando os meninos chegam, treino com eles. Um dia, o Caio, no outro P.A, ou algum dos rapazes que esteja disponível. Eu to pegando o jeito e não vejo a hora de ter condições de lutar de verdade com alguém. No fim do dia eu estou destruída e isso tem me ajudado a dormir um pouco melhor. 

Tava distraída lendo um livro quando um barulho me chamou a atenção. Era uma cliente.

— Oi, me desculpa! Não te vi ai.

Levantei da cadeira e fiquei em pé na sua frente para atende-la.

— Tudo bem, acabei de chegar. Eu sou a Júlia.  —  Ela estendeu a mão e eu apertei.

— Marina, é nova aqui?

— Sim, vim fazer minha matrícula. Sou nova na cidade também.

— Legal, seja bem-vinda! Quer conhecer a academia antes?

—  Claro, eu to morando aqui perto e passei aqui em frente, achei muito maneira.

Dei a volta pra sair de trás do balcão enquanto ela falava. 

Marina (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora