Quarta página

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Continuação...
Caio

Após chamar uma ambulância, procurei ao redor se havia algum pertence da garota, uma bolsa com documentos, talvez, entretanto não achei nada. O socorro chegou rápido, e em poucos minutos estávamos no hospital. Ela foi levada as pressas para a emergência por uma equipe médica.
Eu não sabia o que estava fazendo ali ainda, afinal meu papel como cidadão de bem e policial tinha sido feito. Encontrei a garota e chamei ajuda. Na verdade eu nem precisaria ter ido junto. No entanto algo não deixava eu me afastar, como se eu precisasse estar ali.
Será que ela ainda corre perigo?
Quem fez isso com ela?
Meu instinto investigativo estava ativado, eu precisava de respostas. A única coisa que eu tinha certeza é que, seja quem for o autor da surra, ele não queria que ela saísse viva dessa.
Por que alguém faria algo assim com uma garota?

Ela aparenta ser bem novinha, uns vinte anos. Esperei mais de uma hora e estava aflito sem nenhuma notícia. Queria saber como ela tava.
Caminhei até o balcão de atendimento do hospital decidido a ter resposta. A moça me olhou com cara de tédio e já fui logo mostrando meu distintivo. Sei como isso funciona, sem ser parente da vítima não teria notícias.
Ela ficou imediatamente mais solicita e foi pessoalmente atrás de informações.

Depois de alguns minutos a vi voltando pelo caminho que tinha ido.
— Desculpe, senhor. Não consegui nenhuma notícia. A equipe médica está cuidando da sua amiga nesse momento, fazendo exames e o senhor terá que aguardar mais um pouco — Bufei impaciente, tava cansado pra caramba, mas sabia que não ia conseguir ir pra casa.

— Tudo bem, se você puder verificar pra mim quando terminarem, eu agradeço.

A moça voltou para seu lugar atrás de um balcão e se sentou. Girou a cadeira para o computador e pegou uma folha de papel.

— Enquanto espera, o senhor poderia preencher a ficha da paciente, por favor?

Peguei o papel e o li. Não sabia nada sobre ela, nem o nome. Como poderia preencher aquilo?

— Não conheço a paciente, moça. Eu só trouxe ela pra cá. Vou colocar meu nome — Disse já preenchendo o campo do nome e telefone — Meu telefone também tá aqui. Se precisar de qualquer coisa é só me ligar.

Deslizei o papel sobre o balcão na direção da recepcionista e fui sentar de novo enquanto esperava notícias.


🚔

A madrugada já estava virando dia quando uma médica pequenininha  apareceu. Eu já tinha bebido uns dois litros de café e tava quase enlouquecendo a moça da recepção com a minha impaciência.
Tava em pé, andando de um lado para o outro no corredor quando a doutora se aproximou.

— Policial Caio, bom dia! — Ela esticou a mão e eu apertei — Me desculpe pela demora em dar notícias, a moça está bem machucada. Eu e minha equipe fizemos tudo que foi possível para esse momento — Senti um aperto esquisito no peito e a médica continuou falando sem pausa enquanto olhava para um papel em sua mão.
— Ela teve uma fratura no braço esquerdo, algumas costelas quebradas,
traumatismo contundente no abdôme causado por pancada direta. Houve também uma lesão no baço ocorrendo  liberação de sangue no abdômen.
Felizmente a lesão não foi tão grave e vamos acompanhá-la nos próximos dias. Pode ser que haja a necessidade de transfusão de sangue.

— Ela vai ficar bem, doutora? — Eu tava meio perdido com tanta informação. Aquela menina não era nada minha, nem a conhecia, mas ter noção de que ela tava tão machucada e sozinha ali naquele hospital me deixava com uma vontade insana de ficar e cuidar dela. Pelo menos até ela acordar e poder chamar alguém da sua família. Com certeza tinha algum parente a sua procura.
Eu não entendia esse sentimento de proteção em relação a ela. Eu sou um policial, meu dever é, entre outras coisas, proteger as pessoas, porém ali, era diferente.
Tinha algo sério rolando eu podia sentir. Será que ela sofreu violência doméstica? Já tava zonzo de tanta coisa na cabeça, muito café e ter passado a noite acordado quando a voz da médica me trouxe pra realidade.

Marina (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora