Vigésima quinta parte - Momentos finais

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Estávamos na casa do meu pai, com o passar dos anos, tradicionalmente todos os domingos nos reunimos e passávamos o dia juntos. Como durante a semana era corrido normalmente não nos víamos, apenas meu irmão, que era o meu pesadelo diário. Nós implicamos muito um com o outro, ele é extremamente arrogante, metido e muito ciumento. Mas eu o amo mais que a mim mesma.

Agora eu entendo aquele papo de: Eu daria um rim para meu irmão, mas não dividiria a sobremesa. Eu amo ter a sua companhia e nem me lembro mais como era antes de nos conhecermos. Mas há momentos que quero matá-lo, talvez jogá-lo da janela panorâmica da sua sala.

No início da nossa relação nasceu um novo embate entre nós: Faculdade.
O meu pai insistiu que eu deveria cursar uma faculdade antes de prestar a prova para tentar entrar na Polícia Federal. A sugestão era fazer Direito, assim como ele e o meu irmão. Caio também é formado na área, e ter o diploma me daria a oportunidade de concorrer a um cargo melhor se no futuro eu ainda considerasse a opção. Na verdade, eu sabia que eles, tanto o meu pai quanto o meu irmão, estavam tentando me afastar da ideia da polícia.

Eu perdi as contas de quantas conversas tivemos sobre os perigos dessa profissão. O meu namorado, no entanto é aquela pessoa que me apoia, ele se posiciona, expõe as suas opiniões, mas jamais tenta me influenciar, como o meu pai e Bruno. Acredito que seja coisa de família mesmo, e apesar de às vezes eu ficar um pouco raivosa com eles, eu amo todo cuidado que ambos têm comigo.

Nenhuma decisão era tomada sem que sentássemos e conversássemos a respeito. E isso não era algo direcionado especialmente a mim, Bruno também não fazia nada sem consultar os pais. Adriana era uma "boadrasta" como eu brincava em chamá-la. A relação que tínhamos era como deveria ter sido a minha com a minha mãe. Muito amor e respeito.

Foi um pouco difícil entender que eu fazia parte de uma família rica. Que tinha dinheiro para fazer o que quisesse. Após muito diálogo e discussões, decidi que eu entraria para a faculdade e deixaria a PF para o futuro, ou não.

Eu tinha opções, poderia escolher qual caminho trilhar e o melhor de tudo, eu tinha uma família intrometida. Com apoio de Caio e do idiota do meu irmão, meu pai e Adriana, logo no início do curso deixei o trabalho na academia e comecei a estagiar no escritório da família.

O meu pai já não trabalhava lá há anos, após herdar o escritório e toda fama que veio junto do seu pai, meu avô, ele advogou por um tempo antes de se tornar juiz, o lugar agora era do Bruno e tudo que eu mais fiz nos últimos cinco anos foi estudar e trabalhar para o meu querido irmão, que suga todo o meu sangue. Bruno é um imbecil na maior parte do tempo, mas isso não o impede de ser um dos melhores na área.

Meu irmão é  inteligente além da média, na sua lista de clientes estavam pessoas muito ricas e poderosas, e com isso ele tirava o meu couro. Eu estava comendo o pão que o diabo amassou com os pés.

Ele era estupidamente rigoroso, exigia as melhores notas e me fazia trabalhar como uma escrava. O meu pai não ficava atrás e isso me fazia entender o porquê do sobrenome Neves Junqueira ser tão respeitado no meio. Eles eram implacáveis e estavam me treinando para ser como eles. E eu amava isso!

Cada dia estava me sentindo mais preparada, me formaria com honras, a melhor aluna da turma, as melhores notas do curso de toda a faculdade. Eu sentia o peso de carregar o sobrenome Neves Junqueira e me dedicava diariamente a ser a melhor, como o meu pai era.

Eu nunca vi toda essa pressão como um fardo. Eu sou eternamente grata a Deus por ser presenteada com tudo que eu tenho. Por uma obra do destino, além de ter o pai e a madrasta juízes, o meu irmão era um advogado brilhante, o meu namorado delegado da Polícia Federal e  não sendo o bastante, ainda tinham os meus sogros, que estavam aposentados, entretanto, eram "juíz e promotora" aposentados.

Marina (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora