Após o abraço desajeitado em Marcelo, Caio, Tony e eu seguimos para casa. Estava tentando assimilar e absorver a história absurda que me contou. Ele era meu pai! No caminho de volta, Caio não me soltou, essa era uma certeza que me mantinha firme, saber que ele estava comigo.
Não dissemos uma palavra e a minha cabeça parecia um carro desgovernado com tantos pensamentos confusos. Me senti tonta por um instante e me sentei no braço do sofá. Algumas lágrimas escapavam sem autorização e após colocar o jantar de Tony, Caio se aproximou, parando na minha frente. Ergui a minha cabeça para olhá-lo.
— Vem cá! — Abracei a sua cintura e deitei a minha cabeça no seu peito. Não aguentei mais segurar e chorei. Os seus braços se mantiveram firmes ao meu redor e a sua boca beijava de tempo em tempo a minha cabeça. Caio pacientemente esperou que eu desabafasse em lágrimas. Estava me sentindo exausta.
Talvez ainda fosse cedo para me preocupar em entender toda essa história, o resultado poderia dar negativo e ele não ser o meu pai.
Caio me levou para o banheiro e tomamos um banho juntos, ele foi tão carinhoso enquanto lavava o meu cabelo e ensaboava o meu corpo. Foi um momento íntimo sem qualquer malícia, fui cuidada e mimada pelo meu namorado. Era exatamente tudo que eu precisava!Não consegui comer muito, disfarcei e remexi o prato. Caio normalmente reclamaria, mas não disse nada. Fomos para cama e depois de um tempo ele acabou dormindo, não consegui permanecer deitada e fui para sala. Tony me acompanhou, sentei no chão e ele ao meu lado no tapete.
Dei risada ao me lembrar do quanto pensei conhecê-lo, era óbvio agora, nós éramos muito parecidos, nossos olhos idênticos.
Eram tantas informações naquela história que ele contou. Como a minha mãe teve coragem de engravidar e depois mentir? Por que ela não foi atrás dele? Com certeza a intenção dela era lhe tirar dinheiro, então porquê mentir e esconder a gravidez?Poderia ter sido tudo tão diferente!
— Eu tenho um irmão! — Ofeguei feliz e voltei a chorar. Eu tinha visto uma foto, éramos realmente muito parecidos. Desde a primeira vez que vi Marcelo senti a familiaridade.
O meu celular tocou com uma mensagem de um número desconhecido, as minhas mãos tremiam enquanto eu lia.
"Filha, eu sinto muito! Me perdoa por não estar ao seu lado".
Meu Deus! Na igreja ele estava chorando por mim. Ele disse que a filha havia sofrido sem que ele pudesse ajudá-la. Eu era a filha! Eu tinha uma família, um pai e um irmão. Por mais que eu estivesse tentando no fundo da minha mente considerar a possibilidade de o resultado ser incompatível um sentimento muito forte havia surgido dentro de mim.
O dia já estava amanhecendo e acompanhei a escuridão dar lugar a luz do sol. Caio apareceu sonolento na sala e me abraçou por trás apoiando sua cabeça em meu ombro.
— Como você está se sentindo? — Sussurrou no meu ouvido, beijando o meu pescoço e o meu corpo todo se arrepiou. Deitei o pescoço de lado dando mais espaço para a sua boca explorar.
— Tô ansiosa. — Respondi ofegante e um gemido escapou dos meus lábios. Virei minha cabeça e nos beijamos. Um beijo calmo, intenso que espalhou um fogo pelo meu corpo. Senti a excitação dele e me esfreguei procurando contato. Me virei de frente e intensifiquei o beijo. Ele apertou minha bunda e me pegou no colo. Com as pernas ao redor da sua cintura, fui levada para o quarto.
Caio me colocou na cama com cuidado, beijou cada cantinho do meu corpo e fizemos amor, sem pressa, nos sentindo em cada movimento.
Eu estava deitada sobre o seu peito, fazendo uma carinho na sua barriga e quase adormecendo com um cafuné quando meu telefone tocou na sala.
Levantei apressada e minha suspeita estava correta, era Marcelo. Atendi sem jeito, não sabia como tratá-lo e após nos cumprimentar ouvi atenta o que ele disse.
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Marina (CONCLUÍDA)
Historical FictionUma jovem de origens simples, desconhecendo o rosto do próprio pai, e negligenciada por uma mãe egoísta e altiva. Forçada a suplicar por alimento nas ruas para subsistir, descobriu na fé um abrigo contra a solidão e o sofrimento que a envolviam. Apó...