Vigésima parte

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Dezenas de contas espalhadas pelo mundo com o dinheiro que ele roubava dos cofres públicos, era apenas uma das muitas anotações contidas no caderno.
De acordo com Téo, obras super faturadas, propina, corrupção, e o que mais me chocou. O senador Olavo, futuro candidato à presidência da República do Brasil estava envolvido com tráfico de drogas e de armas. Nas suas anotações haviam muitas informações. Além dos números das contas, tinham também muitas siglas que Téo acreditava se tratar de nomes dos seus cúmplices. Alguns, aliás, ele já sabia de quem eram, devido às conversas que ele ouvira escondido. Elas ajudaram-lhe a conhecer os truques do pai para esconder as informações.
Olavo mantinha registros de todos os seus negócios, o dinheiro que conseguia, as operações que envolviam o tráfico. Todo o seu esquema ilícito estava naquelas folhas. Como ele anotava era diferente, por isso nós não conseguimos entender. Para Téo foi mais fácil decifrar alguns códigos do pai. Ele já tinha um relatório com muitos nomes de senadores, deputados, ministros, secretários, traficantes, artistas, era muita gente envolvida e agora ele iria comparar os nomes que ouvira nas conversas do pai com as anotações do caderno.

Estremeci quando dei conta de que aquele homem era muito mais perigoso do que pensávamos. Um bandido, ladrão, traficante. Um homem poderoso, rico, que tinha inúmeros contatos. Ele poderia se safar, sair impune de todas aquelas acusações, isso se por acaso nós conseguíssemos algo com aquilo. Apesar de tudo que havia naquelas folhas, nada provava que esse maldito caderno era do senador.

Quando ele colocasse as mãos em mim, seria, definitivamente, o meu fim. Com certeza tudo que passei nas mãos daquele monstro não seria nada perto do que ele faria comigo. Senti um leve formigar nas mãos, o meu corpo todo tremendo e o ar começou a não chegar aos meus pulmões.

Olavo acabaria comigo, com Caio, até mesmo com Téo. Ele sempre soube o porquê a esposa morreu, foi o culpado pela morte da mãe do seu filho. Era um desgraçado, e quando ele descobrisse o que estávamos fazendo...

— Ele vai acabar com a gente. — Sussurrei e acabei chamando a atenção de Caio que até então se mantinha afastado. As suas mãos seguraram as minhas e por um breve momento o seu toque me reconfortou, porém, no instante seguinte o pânico começou a me dominar. Encarei aqueles olhos tão familiares, aquele homem que salvou a minha vida, me deu uma casa, esperança, a possibilidade de um futuro. O homem que conquistou o meu coração com a sua bondade, com o seu amor. Que me fez mulher, que me mostrou como é ser amada. Por minha causa ele estava correndo perigo. Eu seria a responsável se algo de ruim acontecesse a ele. Meu Deus!

— Fica calma, meu amor! Vai dar tudo certo. — Caio tentou me acalmar e era isso que eu repetia, como um mantra, na minha cabeça. Tinha que dar, ele tinha que pagar por todos os seus crimes.

🚔

Não conseguia me concentrar em nada. Meus estudos ficaram de lado e a ansiedade pelo o que aconteceria nos próximos dias estava me causando muita dor de estômago.
Téo queria ficar com a agenda, mas Caio não permitiu. Deixou que ele tirasse fotos das páginas. Estávamos aguardando o seu contato, combinamos que aguardariamos ele descobrir o que conseguisse daquelas páginas antes que o partido confirmasse a candidatura do seu pai a presidência.

A minha cabeça não parava um minuto e dormir ficava cada vez mais difícil. Estava parecendo um zumbi.

Eu já tinha tomado a minha decisão. Se fosse preciso eu iria me expor. Não me importava em ver meu rosto na TV, Internet ou sei lá mais onde, desde que isso fizesse aquele canalha pagar por tudo que fez. Eu não tenho provas que o incrime pelo que fez a mim, a não ser o vídeo que minha mãe mencionou, contudo não sei se ele realmente existe. Com certeza é mais uma de suas mentiras.

Eu iria enlouquecer! Estávamos esperando alguma notícia de Téo, ele já havia ligado várias vezes para Caio nos últimos dias nos mantendo informados sobre cada evolução que conseguia. Nos contou que tinha muitos aliados, e estavam trabalhando incansavelmente em um plano, onde não haveriam brechas. O nosso maior medo era expor as provas e ainda assim ele conseguir se livrar.

Marina (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora