Nona página

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Bônus - Caio

A delegacia tava uma bagunça. Estávamos há meses preparando uma operação grande. Gente muito poderosa ia rodar. Faríamos uma operação simultânea, sem chance de fuga. Políticos corruptos era, sem dúvida, umas das piores raças de bandido. Prometiam, enganavam e depois roubavam o dinheiro do povo. Eu gostava desse tipo de operação, adorava ver a cara daqueles merdas que se achavam uns deuses do poder quando a gente fechava a algema.

Nós sempre mantinhamos nossa identidade durante as operações usando balaclava, era fundamental nos proteger.

A nossa investigação apontava que dinheiro oriundo do narcotráfico tenha sido entregue a políticos e agentes públicos corruptos. Era uma merda das grandes. Um senador, possível candidato a presidência do Brasil, era um dos investigados. O problema é que faltava provas contra ele. Todas as evidências apontavam a sua participação no esquema, no entanto o cara era liso, ainda não tínhamos conseguido nenhuma prova do seu envolvimento.

Estava tentando focar no trabalho, mas estava difícil, eu só pensava na Marina. Eu percebi, enquanto ela ainda estava no hospital, o quanto estava nervosa com a chegada da sua alta médica. Ela não tinha pra onde ir, não tinha ninguém. Não pensei duas vezes e decidi que a levaria pra minha casa. Eu não sou um cara que age por impulso, mas no caso dela não precisei pensar muito. Deixá-la não era uma opção. Desde que a vi naquele lugar, machucada e sozinha, prometi a mim mesmo que a protegeria.

Marina é foda, e o problema é que ela não sabe ainda, se julga fraca, é insegura. E eu vou fazer o que for possível pra que ela enxergue o quanto é especial.

Tentei descobrir alguma coisa sobre ela, e com o nome completo que ela forneceu para o hospital foi mais fácil. Encontrei a matrícula na escola, algumas passagens pelo pronto socorro e mais nada. A ficha dela era limpa, no nome da mãe também não tinha nenhuma passagem pela polícia, apenas o CPF tinha muitas dívidas no cartão de crédito e em empréstimos bancários.

Eu queria muito saber o que aconteceu, quem a machucou daquele jeito e depois da conversa que tivemos tenho certeza que a mãe está envolvida. Eu sei que ela ainda não está pronta pra falar, apesar de confiar em mim, ela não está acostumada a ser ajudada a ter alguém fazendo algo por ela.

Fiquei orgulhoso pra cacete quando ela me contou como era sua vida desde pequena.
Admirá-la se tornou um vício e tô tendo que fazer um esforço do caralho pra manter minha admiração dentro de um limite.

Ela ainda não está cem por cento à vontade na minha casa, mas estamos indo bem. Sei que ela anda chorando quando estou no trabalho, noto os olhos sempre inchados quando eu chego, sem contar as noites em claro. Vou falar com ela e procurar uma psicóloga.

Ela tem sido uma ótima companhia, faz questão de ser útil, organiza o ap, cozinha bem pra caralho e tem me feito sentir uma vontade louca de voltar logo pra casa depois do trabalho. Marina é linda, doce, inocente e por inúmeras vezes me pego vidrado nela.
O mais incrível é que ela nem percebe o quanto é interessante.

Ter visto aquele idiota do Stefan interessado nela quase me fez perder o controle. Eu deveria ter quebrado a cara daquele imbecil.
Antes daquele merda aparecer o clima entre a gente tava leve, Marina curtiu pra caramba a academia, e tive uma ideia que tenho certeza que ela vai adorar.
Ela precisa de distração, de achar um rumo pra vida, já tiramos os documentos novos, e agora só falta o retorno ao médico pra termos certeza que ela tá bem.

Apesar do que passou ela tem sede de viver. Como eu disse ela é foda, só precisa descobrir isso.
Ela faz questão de conseguir um emprego e ser independente e essa sua garra me deixa louco. Ela é tão simples, tão generosa. Nem parece uma menina de dezoito anos, acredito que a vida que teve a moldou, fazendo com que tivesse mais maturidade.

Marina (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora