𝑡𝑤𝑜

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𝗘𝗦𝗧𝗘𝗙𝗔̂𝗡𝗜𝗔 𝗣𝗢𝗩
Acordo seis horas com o despertador do meu celular tocando na maior altura. Só levanto da cama uns vinte minutos e rapidamente me arrumo.

Hoje, eu uso o uniforme da escola. Meu pai fez questão ontem de bater na porta de casa umas meia noite me entregando o uniforme, mas quem atendeu foi minha mãe. Eu já estava dormindo.

Eu acho esse uniforme a coisa mais brega do mundo. Uma saia colegial preta que é do tamanho da Fátima, então ficou bem curto. Blusa branca com o brasão do colégio e gravata azul marinho.

Uso meus cabelos soltos e um delineado bem grande e forte. Nos pés uma bota coturno preta e vários anéis nos dedos.

~ Não vai comer senhora Estefânia? - minha mãe pergunta.

- Não vai dar tempo, beijos! - digo já fechando a porta, sem dar oportunidades dela argumentar.

Novamente chego no colégio e não tinha nem uma alma vagando por lá por causa do horário. O colégio é enorme, então começo a apressar - me enquanto pegava minha agenda na mochila para verificar qual era o primeiro horário.

Seria Sociologia. Ainda não tive aula dessa matéria então fiquei mais tranquila, qualquer coisa era só dizer que eu estava perdida.

𝗦𝗔𝗥𝗔𝗬 𝗣𝗢𝗩
Estava de frente para o quadro copiando a matéria do segundo ano, quando escuto passos apressados no corredor. Em seguida uma garota de cabelos cacheados vermelhos entra na sala.

- E você, quem é?

~ Estefânia, posso entrar?

- Sete e quinze já Estefânia! Mas pode entrar.

~ E agora novata, vai inventar que desculpa por ter chegado atrasada? Que não tem carro e veio a pé? - o palhaço da turma diz e a classe toda dá gargalhadas.

~ Amanhã, eu vou para a escola com a gostosa da sua mãe, aquela puta! - a novata responde e mostra o dedo do meio em seguida, fazendo o garoto ficar corado de raiva e murmurar algumas palavras. Ela murmura algo sobre uma Fátima e se senta. Me viro para o quadro novamente, e abro um sorriso discreto de canto pela resposta da garota.

Passo o exercício e me sento na mesa do professor, esperando os alunos acabarem para eu dar o visto.

Durante esse tempo, eu não conseguia parar de olhar a novata. Eu tentava desviar, mas meus olhos sempre caiam sobre ela. Eu me afundava no vermelho de seus fios, sua franja cacheada, seus traços e.... 

Espera... O que eu estou fazendo? 

Logo corto meu olhar e começo a corrigir os cadernos.

𝗘𝗦𝗧𝗘𝗙𝗔̂𝗡𝗜𝗔 𝗣𝗢𝗩
O sinal toca e todos vão saindo da sala, visto que era aula de Educação Física, portanto estavam indo para a quadra.

Por conseguinte fiz o mesmo, guardei meus materiais e fui em direção a porta. Estava sem pressa, a sala já tinha se esvaziado. Só estava eu e a professora guardando os materiais.

~ Espera - a professora diz. Olho para trás, e ela se aproxima. ~ sua gravata, está torta.

Ela ajeita para mim e eu fico imóvel, sem respirar. Nossos corpos estavam tão próximos. Para olha - la em seu olhos na posição que estava, eu tinha inclinar a cabeça para cima pois ela é bem alta. Mas nem conseguia fazer contato visual dessa vez, visto que estava tensa demais.

Eu sempre soube que mulheres me atraíam, mesmo nunca tendo ficado com uma, mas por que tanto panic com essa mulher? Ela só chegou perto de mim... Eu fiquei nervosa e minha respiração estava em um ritmo diferente do comum.

~ Pronto, pode ir. - corro para a quadra deixando a mulher sozinha na sala.

Na aula de Educação Física, eu fiquei na arquibancada.Odeio jogar.

Permito que o vento bata em meus olhos, apanho uma folha seca que se situava na arquibancada. A quebrando, picando e rasgando, eu me distraia do tédio.

Uma garota se aproxima se senta ao meu lado. Olho para ela, era a Yolanda.

~ Toma o meu número, você esta muito solitária nessa escola. - ela estende sua mão com um papel com seu número.

- Eu não preciso de ninguém, muito menos de você. Eu vou fazer qualquer coisa para sair dessa cidade, dessa escola. Mas pelo visto vou ficar aqui por pelo menos 2 anos...

~ Então, nesses 2 anos você vai precisar fazer amizades. - sua mão continua estendida. - ah para, você não é tão evil assim!

Rolo os olhos e pego o papel, posso ver seu sorriso se abrir e automaticamente faço o mesmo.

Os horários passam e chega a hora de ir embora. Caminhando até em casa, meus pensamentos se voltam contra uma pessoa.

A maldita professora de Sociologia que não saía da minha cabeça.

Para falar a verdade eu nem sabia do que estava realmente pensando, porém aquela cena dela arrumando minha gravata se repetia em minha mente como um disco arranhado.

𝗦𝗔𝗥𝗔𝗬 𝗣𝗢𝗩
O dia de trabalho foi bem cansativo até, para o segundo dia de aula... Então a primeira coisa que faço quando chego é entrar em uma banheira quente com gotas de óleos essenciais e sal grosso. Prendo meu cabelo em um coque e coloco uma música relaxante. Mas a garota dos cachos vermelhos não saía da minha cabeça nem por reza braba.

- Porra!

Ela era... Intrigante, digamos assim.

Saio do banho impaciente e vou descansar na minha cama. A próxima aula que teria com a turma 1001 seria na terça da semana que vem.

𝐌𝐲 𝐅𝐚𝐯𝐨𝐫𝐢𝐭𝐞 𝐓𝐞𝐚𝐜𝐡𝐞𝐫Onde histórias criam vida. Descubra agora