Cap 16

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Era segunda-feira a noite, Jess e as meninas tinham sido escoltadas para casa de manhã, Stella fez questão que elas não ficassem ali e que continuassem com as suas vidas, não era justo que ela as prendesse ali. Além do mais ela estava segura naquele lugar, tanto quanto elas estavam agora, parece que o Xerife as anuiu alguns dos seus homens para que eles ficassem de olho nelas cuidando da sua segurança, caso algo pudesse acontecer fora do esperado, segundo o Xerife, ele odiava surpresas indesejadas.

Tudo bem! Stella disse para ela mesma, depois de um tempo, parada no mesmo lugar, mesmo que no fundo ela não acreditasse. Andou um pouco e parou bem rente a janela, atenta com o que estava acontecendo do outro lado, gotas de chuva nublaram o pouco que ela conseguia ver, respirou fundo.

Ouviu baterem na porta. Correu rápida até a batida, quando abriu se deparou com o guarda parado ali, encharcado, nem sinal do outro, cara. Stella não entendia. Ele tinha o dobro do seu tamanho, e algo lhe dizia que ele não era humano, a julgar pelas características físicas daqueles braços proeminentes, peitoral largo, ele tinha o cabelo preto cortado rente à cabeça.

- Algum problema? - Stella o confrontou.

Segurava firmemente a porta, sentindo-se desconfortável. Ela usava apenas um pijama minúsculo, estava bem ciente das suas pernas nuas, conteu o quanto podia a vontade que sentia de esfregar uma perna na outra.

- Fui instruído para dar uma olhada, só por verificação, foram ordens superiores.

O guarda olhou para algum lugar atrás dela, e onde seus olhos conseguiam captar, ele fez praticamente uma varredura e ele nem sequer tinha posto um pé dentro da cabana. E então ele fez algo que ela duvidava que alguém em sã consciência faria, ele simplesmente cheirou, o nariz elevado contra o ar, como se estivesse farejando a procura de algo, nada. Foi ali que ela teve certeza das suas suspeitas.

- Tudo limpo, câmbio.- O cara falou com o aparelho que tinha tirado que estava embutido em seu peitoril.

- Fique aí por enquanto e não se afaste muito da cabana entendeu, câmbio. - Foi a resposta meio chiada que ele recebeu do outro lado.

O cara já estava fazendo menção de ir embora.

- Você acredita que dá para instalar uma TV aqui? Seria bom se tivesse algo para passar o tempo. - Stella concluiu.

Ela deveria ter pedido pela tv antes, mas com tudo que estava acontecendo.

- Vou ver o que posso fazer, não saia da cabana, e não se preocupe, mesmo que eu não esteja aqui temos homens espalhados cuidando da sua proteção.

Stella assentiu, o cara deu meio volta e simplesmente desapareceu tomado pelas gotas de chuva. Se concentrou na mata, um pouco atraída pela curiosidade, as palavras do cara fervilhando dentro da sua cabeça, imaginando outros caras espalhados por aí. Ela acabou não vendo nada, só chuva e escuridade. Assim que ela bateu a porta, um uivo ensurdecedor rompeu da mata, seguido de outros, parecia um deles avisando o bando sobre a probabilidades de alguma ameaça, seguido de confirmação da mensagem.

Seu coração bateu forte, não tinha feito nem meio minuto desde que o guarda saiu da sua porta.

Parece que não se preocuparam em alerta-la sobre nada, já estava a ponto de ir lá fora gritando para qualquer um deles, meio inconsequente, quando o som de passos foi ouvido, foi até a porta e era o cara de antes, o estudou, parecia um pouco agitado, mas não,nenhum pouco preocupado.

- Alarme falso, parece que alguma coisa foi trazida pelo ar

Stella olhou para além do homem, como se pudesse ver alguma coisa, nada ainda, só frio e úmido, e muito escuro. Olhou outra vez só para ter certeza, parecia que alguns arbustos tinham farfalhado, analisou mais atentamente esperando que fizesse de novo. Foi inútil.

- Tá! Qualquer coisa é só gritar, iremos ouvir.

Não se preocupou em ver o cara ir embora dessa vez, estava exausta e nem tinha feito muita coisa o dia inteiro, se trancou e foi deitar, ela precisava disso agora

******

Sage

Pareceu por alguns instantes que o tinha visto, mas ele sabia que ela não podia velo ali, seus olhos não eram tão bons como os dele.

Sage viu sua companheira, ela estava linda, parada com aquele pijama minúsculo na porta, as formas do seu corpo bem aparentes contra o tecido. Sentiu seu pau ganhar vida. Era curto e com um cara desconhecido na sua frente.

Rosnou, que ele não colocasse as mãos nela, que não olhasse para ela e que não ouvisse nenhuma nota da sua doce voz. Ele sabia que seus pensamentos sanguinários eram irracionais, e que ele não podia fazer nada, aquilo quase o fez gruir. Sorte sua que a conversa tinha sido breve, e do outro cara também, imaginou inúmeras formas de enfrentar aquele projetilzinho patético de homem.
Mas ele podia acabar sendo pego e ser preso de novo.

Recordou-se de como foi fácil escapar com aquela conversa patética e frustrante de coração partido, não que aquilo não o tenha magoado, foi o incentivo de que precisava para tornar a cena mais convincente.
Queria ver a cara daqueles idiotas quando não o encontrassem lá, sorriu maliciosamente.

Para o inferno que Stella não o queria, estourou, ele estava disposto a provar o contrário, ele poderia muito bem começar a jogar sujo, não era do seu feitio, mas no amor e na guerra...

Ouviu o crepitar de patas perto de onde ele estava, Sage tinha que sair dali, e rápido, pegar Stella e ir embora. Se esgueirou ao lado da cabana, se conseguisse chegar até a janela próxima, seria fácil inçar o seu peso e forçar a janela para entrar. Tocou a borda da janela, inçando seu corpo, sentiu seus músculos trabalhando tensos com seu peso, sentindo cada terminação nervosa, se não tivesse passado tanto tempo preso e doente longe da sua companheira, imaginou aquele simples movimento teria sido menos debilitante.

Só de pensar que em questões de estantes ele a teria em seus braços, tocando sua doce fêmea, seu peito praticamente deu um rodopio, foi energia suficiente para fazê-lo elevar-se contra o parapeito caindo para o lado de dentro da cabana.

Ergueu a cabeça, estava perto da sala de estar, segurou-se na parede e levantou, sentiu a dor lancinante levar a melhor contra seus tendões, fez seu corpo curvar-se. Sage sentiu que precisava chegar quanto antes até sua fêmea, não sabia quanto tempo iria aguentar sem cair.

Elevou um pé para frente, bastante debilitado, antes de cair outra vez, seu corpo bateu com um som forte contra a madeira. Era evidente que a está altura já tinha sido pego. Contentou-se com a ideia de conseguir olhar uma última vez para sua fêmea, se desse sorte conseguiria tocar nela, antes mesmo que fosse despachado pelos outros machos para fora da cabana.

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