01 sala de espera

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• Narrativa de Mariana •

- Que frio horrível que faz nesse lugar! - Resmunguei baixo comigo mesma me ajeitando mais uma vez na poltrona surpreendentemente confortável da sala de espera vip do aeroporto. Meus dedos passeavam pela página 65 de meu livro enquanto minha visão tentava acompanhar e adivinhar onde é que eu havia parado antes de me distrair com o barulho que vinha da sala ao lado.

Foram necessárias três relidas no mesmo capítulo até eu me irritar e decidir me levantar para ver o que estava causando tanta comoção assim. Mas os esforço de por meus joelhos esticados não foram bem aproveitados. Assim que me pus de pé pude ver dois seguranças adentrarem rapidamente o lugar enquanto bufavam cansados. Me assustei por um segundo, mas logo compreendi que ali dentre os dois havia um famoso. Já havia presenciado cenas como essas graças ao meu trabalho o suficiente para não ligar e apenas seguir minha vida como sempre devia fazer. Caminhei até o bar sem olhar pra trás carregando o livro marcando na página que ainda pretendia acabar de ler com o meu dedo indicador espremido entre as capas.

- Uma agua sem gás, por favor! - Pedi educadamente ao garçom enquanto percebia um dos seguranças sentar no banco que havia ao meu lado. O móvel de couro e madeira grunhiu tendo que suportar tanto peso, o cara era realmente forte e alto. Secava sua testa com um lenço de tecido branco enquanto procurava o ar em respirações fundas.

- Tá cada vez mais complicado carregar esses moleques! - Resmungou para outro garçom que o olhava com um certo ar de piedade com uma pitada de deboche. Não pude deixar de olha-lo quando escutei suas palavras, elas soaram tão sofridas que acabaram sendo engraçadas ao meus ouvidos. Ri discretamente sem poder me controlar. - É loirinha, a vida desses moleques são mais difíceis do que se vê por ai. - Dirigiu a palavra para mim aproveitando a abertura. Agarrou o copo de uísque que se quer precisou ser pedido assim que o garçom colocou em sua frente. Era como um hábito entre os dois, então deduzi que aquele encontro entre ambos era mais corriqueiro que eu podia imaginar.

- Posso imaginar como é difícil mesmo, toda essa gente gritando o nome deles. - Minha intenção não era soar irônica, mas eu tinha esse dom. Era a forma mais pura na qual eu conseguia me comunicar com qualquer pessoa que havia no planeta. Levantei as sobrancelhas rapidamente em um modo simpático e sai a passos curtos dali carregando meu livro encaixado em baixo do braço enquanto bicava um gole de minha agua com os olhos focado na mesma.

Caminhei até a minha poltrona nesse mesmo modo, se quer olhava pros lados. Quando finalmente me joguei contra o couro bege claro fazendo um barulho estonteante ergui meu queixo e lá estavam eles. Os olhos mais redondos que eu já tinha visto, compenetrados nos meus, curiosos e atentos. Pude sentir o gole de água que estava segurando em minha boca descer todo de uma vez rasgando, ou eu engolia daquele modo ou acabava engasgando e cuspindo tudo ali mesmo. Fiquei embaraçada na mesma hora, podia sentir as maças do rosto queimando. Joseph Quinn estava me analisando de cima a baixo e pela primeira vez na vida me peguei nervosa ao ver um famoso de perto. Sorri completamente sem jeito ao rapaz enquanto ajeitava o livro em meu colo, queria me afundar entre as páginas e esquecer aquela situação o quanto antes. E ele? Simpático como sempre sorriu timidamente de volta. Era horrível imaginar o que ele estava pensando sobre mim naquele momento.

Tudo o que pude ler foram duas páginas e bem mal lidas. Meu inconsciente seguia todos os movimentos dentro da sala e se ligava automaticamente a qualquer assunto começado ali dentro. Me atrevi a tirar os olhos da folha por um segundo para enxergar o que estava havendo ali e tudo o que pude notar foi Joseph dentro de seu blazer azul marinho num canto do bar conversando seriamente com uma mulher alta, magra e ruiva. Mais uma vez graças ao meu trabalho tinha visto cenas como aquela o suficiente para saber que aquilo era uma discussão acalorada de agendas entre um cliente e sua agente. Tentava entender o que estava havendo por curiosidade quando mais uma vez os olhos do rapaz encontraram os meus e tudo o que pude fazer foi desviar rapidamente sem pensar duas vezes e me enfiar novamente em minha leitura.

o conceito do amor »  joseph quinnOnde histórias criam vida. Descubra agora