• Narrativa do Joseph •
Uma semana se passou. Sete dias intensos de correria, compromissos e muito trabalho, mas nenhum sinal da notificação que eu tanto aguardava. Naquela altura já ia desistindo da ideia a cada segundo que se passava. De fato era como encontrar uma agulha no palheiro, era uma loucura da qual eu não entendia porque fazia tanta questão. Afinal eu conheci ela por cinco minutos, mas isso as vezes basta não é?
- Mais uma loucura encerrada! - Disse Charlotte bufando de exaustão enquanto juntava os pôsteres que haviam sobrado por cima da mesa onde eu estava atendendo as pessoas.
- Dessa vez veio mais gente do que eu esperava. - Disse também exausto enquanto me espreguiçava levantando os braços pra cima me esticando na cadeira.
- Você cada vez mais é um fenômeno Joe. - Minha assessora pôs as duas mãos sobre meus ombros em um ato carinhoso enquanto deixava claro seu orgulho em sua fala.
- Não exagera vai. Já já todo esse hype do Eddie passa, vem novos personagens também. - Cocei a barba levemente tímido e também um pouco conformado com o pensamento que eu havia imposto para mim sobre o assunto.
Aprendi desde cedo vendo os meus pais que as coisas simples eram as melhores que se podia ter na vida. Óbvio que eu adorava o reconhecimento do meu trabalho mas não esperava mais do que isso e por mim tava tudo bem. As vezes até me assustava a proporção que as coisas haviam tomado mas eu sabia que ia passar, sempre fora assim nesse meio artístico. Somos apenas atores do momento até que mais um lançamento vem e a fama é passada pra eles.
- Aqui, aqui! - Steve entrou a galope dentro da salinha branca e minúscula fazendo aquilo tudo por um segundo estremecer. Trazia o celular, que parecia minúsculo dentro da sua enorme mão, com a tela virada para mim. - É ela? - Perguntou animado enquanto me observava tentar enxergar a foto que havia ali.
- Não, não é não. - Minha resposta pareceu sugar toda a esperança e felicidade do ar por um segundo.
- Tem certeza? - Steve enfiou mais uma vez o celular na minha cara pra que eu visse com clareza. Estava cansado de perder as esperanças junto de mim.
- Tenho! Ela tava com uma camisa branca e essa aí... - Espremi os olhos por algum segundo para analisar melhor a foto segurando o mesmo ainda na mão de Steve conduzindo para mais perto da minha visão. - Cara, isso aqui foi ontem na porta do hotel. - Olhei pro meu segurança que por sua vez já negava com a cabeça em um tom de desaprovação.
- Tá impossível achar essa menina Joe! - Suspirou por um segundo em um tom de desapontamento. Mas ele ia seguir firme procurando, havia me prometido e também havia se encarregado de olhar marcação por marcação, story por story e não pretendia parar até solucionar o caso. Steve tinha complexo de competitividade com acasos da vida.
- Das duas uma: ou ela não postou ou o mais óbvio, o instagram dela é fechado. - Charlotte concluiu um tanto intrigada com o caso. Para ela também havia se tornado um desafio depois de alguns dias de busca. - Mas, - Levantou o tom de sua voz dando ênfase na palavra e seguiu. - o Joe aqui vai ter uma nova oportunidade de busca já que também estamos indo rumo a Nova York. - Apertou novamente os meus ombros como antes, recostada em minhas costas, em pé atrás de mim.
- Tem muita coisa lá? - Busquei seus olhos arqueando o pescoço para trás como conseguia em forma de seguir a conversa.
- Sim! - Ela saiu atrás de mim e foi se ajeitando para já irmos embora dali catando sua enorme bolsa. - Você tem bastante entrevistas pra dar por lá, fechei bastante coisa. - Olhou para mim já esperando a careta que sabia que eu faria.
- Férias não existe né? - Indaguei um tanto sarcástico mas também no fundo com um tom sofrido, andava exausto pelo ritmo que minha vida estava sendo levada.
- Sem férias e sem lar, doce lar. Você vai morar em Nova York por pelos menos dois meses pra facilitar a nossa vida. - Disse colocando as alças de sua bolsa no ombro direito e depois colocando os pôsteres contra o peito para carregar embora. Me olhou mais uma vez esperando desaprovação ou lamento, mas só encontrou conformismo e concordância. Afinal de contas não tinha muito o que eu fazer quanto aquilo. E saber que ao menos eu teria uma oportunidade mais física, vaga, mas ainda sim física de encontrar Mariana pelas ruas de Nova York já era um belo ponto a favor.
- Capaz da gente tropicar com essa menina numa esquina qualquer sem querer. - Steve riu imaginando a cena enquanto dava de ombros tentando descontrair sobre o assunto.
- Isso só seria mais um sinal, não acha? - Sorri animado me levantando pronto para partir não só dali, mas de Londres também.
- Você tá é louco! - Charlotte murmurou em um tom de total desaprovação negando com a cabeça enquanto passava por mim a passos pesados marchando para fora do local. Steve me esperou sair e colocou atrás de mim atento a qualquer movimento vindo de qualquer lugar.
Vocês tem que entender que eu nunca fui um romântico incorrigível como Charlotte havia pontuado. Mas eu já deixei claro por aqui e quero repetir, com ela foi diferente, algo se iluminou assim que pus os olhos nela. Será que eu estava ficando louco? Eu precisava reencontra-la não só para vê-lá mais uma vez e sim para poder entender o que havia acontecido dentro de mim.
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o conceito do amor » joseph quinn
Roman d'amour"Ninguém sabe do tamanho da profundeza do que é o amor até o encararmos dentro de outros olhos. Joseph levava uma vida calma até ter o estouro de sua carreira atuando em Stranger Things vendo seu mundo virar um turbilhão de emoções. A contra ponto...