020 frente ao prédio

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• Narrativa de Mariana •

- Entããão... - Quebrei o silêncio breve que surgiu assim que chegamos na porta do meu prédio. Joseph me olhava confuso mas ao mesmo entendia o que aquele ênfase queria dizer. Ele riu e repetiu me imitando.

- Entããão... - Ambos rimos mais uma vez. O clima finalmente era leve, até mais do que antes já que agora nos conhecíamos melhor, mesmo que a maioria por mensagem, bom vocês sabem, hoje em dia se conhece muito bem as pessoas por lá também.

Encostei o ombro esquerdo no banco virando todo o meu corpo para olhar para Joseph que por incrível que pareça fez o mesmo. Os dois tínhamos o rosto colado no encosto do próprio banco mas tínhamos também eles mais perto do que o normal, como se fôssemos sussurrar segredos um para o outro ali.

- É bom te ter volta, assim desse jeito. - A voz de Joseph era falha mas audível o suficiente pela nossa distância. Seus olhos passeavam por minha face me analisando como se esperasse a minha reação. Eu sorri timidamente.

- Também acho. - Meu olhar fazia o mesmo que o do rapaz. O tom de minha voz era igualável a dele.

Tentávamos entender o que éramos. Havíamos acabado de concordar em sermos apenas amigos mas quem poderia resistir, não é mesmo? Sabíamos de alguns sentimentos existentes. Dos bons e dos ruins também. De repente a respiração de Joseph estava perto demais da minha. De repente o silêncio predominou mais uma vez o lugar. Não nos movíamos, ficamos lá imóveis olhando um nos olhos do outro tentando entender onde iríamos chegar se arriscássemos aquilo naquele momento.

Eu suspirei pesadamente e me afastei tomando as rédeas da situação e também deixando Joseph louco. Podia ver enquanto ele alisava seu cabelo nervosamente para frente e para trás confuso e concentrado em se controlar. Pigarreou se ajeitando no banco.

- Avisar quando eu chegar? - Espremeu os olhos e deixou a língua em seu lábio inferior por alguns segundos esperando a minha resposta.

- Você aprendeu direitinho! - Ri enquanto já saia do carro me ajeitando com a bolsa na mão. Olhei mais uma vez para o rapaz me curvando na altura da porta. - Até mais então... - Meu tom era extremamente provocativo e canalha. Vocês tem que me dar uma folga, eu ainda estava tentando me controlar também.

- Quantos cafés você quiser! - A cara e o tom de Joe eram exatamente os mesmos que o meu, deixando confortavelmente clara a sintonia entre nossas intenções, sentimentos e esforços para nos controlarmos.

Ele me assistiu entrar no prédio antes de arrancar com o carro. E eu, claro, não perdi a oportunidade de olhá-lo por cima do ombro mais uma vez antes de subir para o meu apartamento. Pensei no quanto Charlotte ia gritar ao escutar essa história, não importava de quem. Lembrei então de me concentrar em minha nova casa, precisava me ajeitar para uma nova vida e era isso que eu faria o resto da noite. Abri um vinho, agarrei as caixas, a fita e comecei embalar as poucas coisas que eu havia comprado para existir ali naquele airbnb alugado. No dia seguinte eu partiria para o meu verdadeiro lar ali em Nova York e estava mais completa que nunca.

o conceito do amor »  joseph quinnOnde histórias criam vida. Descubra agora