05 central park

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• Narrativa de Mariana •

A brisa quente do verão de julho nova-iorquino sempre me agradara muito. Ainda mais quando se sentia ele em meio às árvores e da calmaria do Central Park. Estava tão enfiada em meu mundo, vivendo a história que lia que nem vi o tempo passar. Já eram quatro e meia e logo eu teria que trabalhar. Não entendia porque eu era assim, mesmo em férias fazia questão de aproveitar a viagem para resolver coisas de trabalho. Talvez eu gostasse e fosse viciada. Eu nunca me dei bem nas outras áreas da vida mas meu trabalho era algo que me preenchia bastante e me orgulhava também.

Foi quando levantei os olhos e lá estavam os de Joseph mais uma vez. Paralisado em meio da paisagem verde me olhava como se havia visto um fantasma. Ao perceber o contato visual foi se aproximando lentamente ainda perdido em seus pensamentos. Será que havia acontecido algo? Será que impossivelmente ele havia se lembrado da minha pessoa e me reconhecido? Apenas esperei sua atitude e foi quando finalmente escutei.

- A gente precisa parar de se encontrar assim! - Riu timidamente com certo medo em sua atitude. Talvez pensasse que quem não haveria de reconhecê-lo fosse eu, que bobagem essa.

- Tô dizendo que você é stalker! - Sorri genuinamente sem ao menos perceber enquanto já me botava de pé para cumprimentá-lo. Dessa vez nos abraçamos. Parecia que nos conhecíamos há anos mas a verdade é que a coincidência bizarra acabou nos aproximando de uma forma particular e peculiar. Afinal quantas pessoas viveriam isso?

- Você... você tá bem? - Disse ainda tímido, eu achava bonita a sua maneira londrina de ser. Seu celular tocou mas ele desligou assim que pode em um ato rápido.

- Eu tô sim e você? O que faz por aqui? - Disse me sentando de volta no banco e sinalizando para que sentasse ao meu lado em um ato corriqueiro. Apoiei meu livro com cuidado sob minhas pernas enquanto o observava agir.

- Trabalho. - Entortou a boca em uma careta triste. - Quer dizer, - Coçou a barba por uns segundos perdido em seus pensamentos ainda como antes. - aqui você diz? - Parecia nervoso com a conversa.

- Tanto faz Joseph! - Ri em um tom debochado sem poder me controlar, eu odiava isso em mim. - Aqui. - Dei um rumo para a conversa ajudando o homem. - O que você tá fazendo aqui, no centro de Nova York e sem seus sentinelas? - Olhei em seus olhos aguardando a reposta.

- Aah! - Soltou um barulho de compreensão em tom de alívio. - Aqui não tô fazendo nada não. - Ele riu brevemente corando. Espremeu a ponta da língua contra seu lábio superior assim como havia observado fazer na sala de espera do aeroporto. Supus que ele fazia muito daquilo quando se perdia em seus pensamentos. - Eu cheguei hoje aqui, aí tive a tarde de folga e resolvi vir comer algo por aqui. - Completou. O silêncio pairou no ar por alguns longos segundos. - E você? - Perguntou enquanto focava seus olhos em sua pulseira, a ajeitando concentrado.

- Descansando também. - Eu disse me ajeitando no banco deixando o corpo um pouco mais rígido pelo clima tímido que havia entre nós. - As sete e meia tenho um jantar de negócios então tenho que aproveitar enquanto posso. - Sorri brevemente achando o olhar de Joseph mais uma vez enquanto chacoalhava meu livro no ar deixando clara a referência de lazer.

- Você gosta dessas coisas né? - Aproximou o corpo um pouco mais do meu enquanto ia apoiando seu cotovelo sobre sua perna cruzada e sua mão em seu rosto demonstrando foco em nossa conversa. - Digo, livros e provavelmente arte. - Esperou um tanto ansioso pela minha resposta. Queria saber se estava certo a meu respeito.

- Gosto sim. - Balancei a cabeça confirmando um pouco mais animada do que devia. - Arte, música e literatura são a minha paixão. - Eu podia assistir a cena de fora de meu corpo e não podia acreditar no quanto aquilo soava clichê, mas era a pura realidade. Antes de me formar em línguas e tradução havia me formado em história das artes também. Aquele mundo era o mais perfeito pra mim.

- Então você gosta de museus e bibliotecas? - Não entendi a pergunta tão peculiar de Joseph. Talvez queria entender um pouco mais sobre mim, o que fazia menos sentido ainda. Ele parecia calmo agora, já não tinha aquela afeição pálida de quando me viu, mas ainda sim parecia pedido em seus pensamentos.

- Adoro! Inclusive eu estive Metropolitan agora pela manhã. Adoro aquele lugar. - Suspirei perdida em meus pensamentos me lembrando de quantas recordações boas o nome me trazia. Tudo de ruim em minha vida poderia ser curado de duas formas: ou sentar-me na frente de uma tragédia pintada por Caravaggio e ficar ali por horas sentindo toda aquela dor ou me enfiar em qualquer livro de um dos meus autores favoritos, de preferência de terror para que a dor fosse esquecida da maneira mais bruta.

Claro que agora com o tempo eu sei que Joseph estava me procurando pela cidade naquele dia. E que minutos depois que eu havia saído dali ele chegou. É engraçado como a vida passa e as histórias se encaixam cada vez mais ao decorrer de como são contadas. Mas ainda naquele dia não havia compreendido sua intensão atrás de tamanha curiosidade sobre mim. Eu jamais imaginaria que ele havia se interessado por mim dessa maneira tão brutal e certeira, a primeira vista como ele diz. Ali, naquele momento casual, eu só acreditava que era uma feliz coincidência da vida. E que logo ia se tornar apenas uma história engraçada com um famoso para contar pros meus amigos em roda de festas. Hoje quem dá as festas é ele, e os meus amigos os conhecem melhor que nunca. Mas estou muito adiantada nessa história, vamos voltar pra lá. Ainda tenho muito a lhes contar.


RECADO: Oi pessoal, espero que estejam gostando e que não achem ruim essa quebra da quarta parede que impus em algumas partes da fanfic

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RECADO: Oi pessoal, espero que estejam gostando e que não achem ruim essa quebra da quarta parede que impus em algumas partes da fanfic. Afinal de contas vocês precisam estar dentro da história também não é? 🥰🥰 Beijinhos, da Ani.

o conceito do amor »  joseph quinnOnde histórias criam vida. Descubra agora