022 bed, bath & beyond II

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• Narrativa de Joseph •

A cada olhar meu que cruzava com o de Mariana era uma conversa que tínhamos. Era como se tudo estivesse tranquilo entre a gente. As vezes eu tinha dúvida sobre suas intenções mas aí ela me jogava uma palavra sarcástica e eu tinha certeza. Claro que quando ela disse que queria ser só minha amiga eu fiquei triste e com imensas incertezas, mas as brechas que ela dava sempre me deixava louco e com a clareza que de aquilo era mais passageiro do que outra coisa.

- E então, quando vamos fazer a festa de inauguração de nossos apartamentos? - Olhei sorrindo cheio de intenções para ela enquanto escolhia taças de vinho.

- Você é tão cara de pau Joseph! Me dá até medo as vezes. - Ela arqueou uma sobrancelha um tanto séria ainda com o olhar focado na taça que tinha na mão. Aquilo era tão sexy. Me olhou lentamente. - Mas espero que em breve. - Bingo! Viram só? Ela sempre dava uma brecha ali, aquilo estava me deixando louco.

- Qual vai ser o primeiro? - Essa era questão genuína, eu juro, sem intenção nenhuma. Apertei o meu lábio superior com a ponta da língua por alguns segundos atento a sua resposta. Ela riu com desdém brevemente.

- O meu né? Já me mudei! Charlotte foi rápida na coisa toda. - Ela lançou um olhar desconfiado para mim que respondi da mesma maneira. Mais uma vez nossos olhares falaram para nós. - E onde ela foi que saiu tão apressada da loja assim? - Colocou dois fardos de taça de vinho no carrinho e me perguntei por um segundo se ela conhecia tanta gente assim na cidade.

- Parece que um contrato meu saiu mais cedo do que o previsto, aí ela teve que correr pra ajeitar umas coisas. - Dei de ombros, não queria pensar em trabalho naquele momento, não naquele em específico. - E seu medo de paparazzi? Não tá com com medo mais de ser fotografada comigo? - Sim, eu tinha que falar nesse assunto, meu Deus como eu era tão burro as vezes. Apertei rapidamente a bochecha de Mariana com as costas dos dedos para fazê-la rir e assim aconteceu.

- Você tá testando minha paciência hoje né Joe? - Tirou a minha mão do seu rosto enquanto ainda tinha um sorriso ali em seus olhos. Isso me aliviava de certa maneira. - Não quero roubar sua fama Joseph! Deixo as fotos todas pra você. - Mais uma vez seu tom sarcástico e irônico veio à tona sem que ela percebesse, ou talvez dessa vez tinha sido feito de propósito mesmo.

- Nã-não me chame de Joseph assim! - Disse entre os dentes. Eu odiava que os outros me chamassem assim mas sinceramente vindo dela eu amava. - Não duvido mesmo, sua beleza ofuscaria qualquer um em qualquer foto. - Meu tom de repente se tornou sério para deixar claro a intenção da fala. Umedeci os lábios enquanto olhava nos olhos de Mariana esperando qualquer reação. Ela corou por alguns instantes.

- Você é um galanteador tão barato! - Apontou para mim rapidamente, riu se voltando para o seu carrinho e começou o empurrar corredor a dentro olhando as prateleiras.

Aquilo me deixou confuso mais uma vez. Foi demais? Ultrapassei algum limite do nosso flerte inocente de amigos? Droga. Fiquei lá parado por alguns instantes, congelado dentro de meus próprios pensamentos. Avistei Mariana já quase ao longe e dei passadas longas até ela empurrando o carrinho disfarçando.

- De qualquer maneira, - Ela prosseguiu com o assunto me aliviando um pouco. - eu não sou nenhuma estrela ou coisa assim para estar nos tabloides. - Seu tom era sério mas descontraído, alcançava coisas nas prateleiras concentrada enquanto dizia. - Não tenho a mínima vontade de ver uma foto minha com os dizeres "loira misteriosa" - Fez aspas com as mãos ainda com o olhar sob as prateleiras. - em nenhuma capa de revista ou coisa assim. - Gesticulou reforçando o desdém nessa última parte com uma das mãos, na outra tinha uma frigideira.

Me impressionava ver como Mariana havia mudado em relação a nós. Talvez Charlotte realmente estivesse certa sobre dar tempo ao tempo. Agora ela era descontraída, não tinha medo de seus sentimentos, era como se ficasse mais a vontade comigo do que nunca. Mais uma vez éramos como velhos amigos. E só, talvez. Eu fiquei lá calado, sinceramente não tinha o que dizer sobre aquilo. Ela estava no direito dela em não querer e de certa forma aquilo ainda me entristecia.

O resto das compras foi um tanto mais silencioso do que o normal mas ainda sim brincávamos e riamos pelos corredores. Mari me zoava por eu não saber comprar coisas de organização enquanto eu babava vendo ela escolher cada detalhe de sua cozinha. Aos olhos dos outros parecíamos um velho casal, ao meus olhos éramos cheios de intenções mas sinceramente aos dela eu já não sabia decifrar. Aquilo me deixava louco, ela me deixava maluco, como se eu jamais fosse capaz de decifrar uma mulher de novo.

o conceito do amor »  joseph quinnOnde histórias criam vida. Descubra agora