_Chapter Fifty-Four_

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Any Gabrielly

Dor era basicamente tudo que eu estava sentindo agora. Uma dor muito grande que parecia que não iria passar nunca.

Eu também estava sentindo culpa e meu maior desejo nesse momento era sumir para sempre.

Eu não tinha planejado ter um filho agora com 17 anos, tudo aconteceu de uma maneira tão rápida que só deu tempo de eu começar a me acostumar com essa ideia para perder o meu filho. Eu nunca pensei que algo que nem estava nos meus planos pudesse doer tanto quanto essa perda está doendo e agora eu só queria poder voltar no tempo e fazer tudo certo para não perder o meu filho, eu fui uma medrosa de merda que escondeu a gravidez de todo mundo e nem se quer fiz um exame para saber do meu filho. Eu sou realmente uma irresponsável desde o ínicio da minha gravidez até o rápido final. Agora eu trocaria qualquer coisa para fazer uma ultrassom e ouvir o coraçãozinho do meu filho batendo ou conversar com ele na minha barriga de novo.

- Prontinho. - Minha mãe disse com a voz triste assim que trocou o lençol sujo de sangue da minha cama. - Vem descançar um pouco. - Fui até minha cama e me deitei sentindo algumas lágrimas cairem lentamente pelos meus olhos.

Minha mãe se sentou ao meu lado e me virou pra ela começando a fazer cafuné em mim.

- Como você tá se sentindo? Alguma dor? - Perguntou com o tom de voz baixo e eu assenti. - Aonde? - Perguntou parecendo preocupada e as lágrimas começaram a cair com mais intensidade enquanto eu levava sua mão para perto do meu coração.

- Aqui tá doendo muito mãe, eu sei que eu deveria estar aliviada mas tá doendo! Eu não queria matar meu filho, eu não queria! - Dessa vez um choro forte carregado de tristeza saiu e eu nem me preocupei em segura-lo. Queria deixar toda a dor que eu estava sentindo sair.

- Ei calma... - Me abraçou apertado tentando me acalmar mas o sentimento de culpa, raiva, tristeza e tudo mais que eu estava sentindo não me permitia ter calma agora. - Você não tem culpa. - Afagou meu cabelo. - É comum algumas mulheres terem um aborto espontâneo e está tudo bem. Você passou muita pressão e eu entendo seu lado e a Sabina também entende, você é nova e estava com medo e nervosa e isso acontece. Daqui a uns anos vocês vão estar mais maduras e então poderão planejar corretamente uma gravidez e me dar o neto mais lindo do mundo. Mas por agora não se culpa por isso filha, por favor. - Ela falou com a voz ainda triste enquanto me abraçava cada vez mais forte mas eu não conseguia não me culpar e nem cessar meu choro.

- E-Eu..não consigo. - Mal consegui falar por conta do choro e do soluço, eu queria que essa dor toda passasse logo.

- Shh..tudo vai ficar bem. - Beijou o topo da minha cabeça. - Tá todo mundo aqui por você e pra você. Eu sei que deve estar doendo muito passar por tudo isso mas vai passar eu prometo. - Disse ainda afagando meu cabelo e depois não dissemos mais nada, apenas meu choro ecoava pelo quarto inteiro enquanto eu estava abraçada com ela e segurando meu peito querendo aliviar pelo menos um pouco da dor que eu estava sentindo.

Não sei por quanto tempo fiquei assim até sentir meus olhos não aguentarem mais ficarem abertos, eu estava muito cansada tanto fisicamente quanto emocionalmente. Eu lutei contra o sono até onde consegui mas em um momento não deu mais e eu apaguei.

-x-

- Amor olha como ela é linda. - Sabina disse com os olhos brilhando.

Estávamos na sala de um hospital e eu estava com uma bebê em meus braços toda enrolda em um cobertorzinho rosa claro. Ela era moreninha, com pouquinho cabelo e os olhos mel como os de Sabina. Seu rosto lembrava muito o de Sabina quando ainda era bebê e seu nariz era parecido comigo. Ela era uma verdadeira cópia de nós duas porém mais voltada para Sabina.

Minha colega de quarto (Intersexual)Onde histórias criam vida. Descubra agora