Capítulo 16 - A dor da separação

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Aquele início de dezembro de 2021 havia começado mal, devido a minha incapacidade de resistir aos encantos e ao desejo reprimido por Andrea nos últimos dias de novembro. Em minha vida com Diana, nunca houve um momento de crise conjugal motivada por outra mulher.

Obviamente no início, a presença de Andrea era como um fantasma na vida de Diana e, para mim, sempre uma fonte de temor. Ainda que tivesse feito minha escolha, sabia que cairia de joelhos diante daqueles olhos verdes emoldurados por sua pele pincelada por charmosas sardas.

Durante muitas noites, especialmente aquelas onde Diana "não estava a fim", Andrea se fazia presente em meus pensamentos e até nos meus sonhos. Perdi as contas de quantas vezes sonhei com ela e, em especial, com o nosso bebê nos braços. Também não foram poucos os despertares repentinos com lágrimas a cair...

Tinha de chorar quieto, evitando que Diana ouvisse o lamento de quem ainda amava outra pessoa. Sim, havia amor em meus sentimentos por Andrea, mas também por aquela que dormia ao meu lado. Com o tempo e a rotina, a ruiva foi virando uma lembrança de juventude.

Bem, assim acreditei até o dia em que a vi novamente, após 26 anos, afinal, fora no sepultamento de Felipe a última vez que pousei meus olhos sobre a doce ruivinha. Agora, meu destino era incerto pelos erros que eu mesmo cometi.

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Acordei sem o calor de Laura, naquele quarto cheio de bichos de pelúcia, preenchido com quadros da bela jovem e com um grande espelho na parede. Nele, prendi-me numa foto. Ela e o jovem Fábio, seu namorado, produziam belos sorrisos e aparentavam felicidade. Ali, agradeci à Deus por não haver uma "ruiva" na vida deles.

Cansado ainda, saí do quarto e encontrei a sala vazia. Então, olhei na cozinha e não havia ninguém. Presumi que todas desceram até a praia e então me encaminhei ao meu quarto. Tomei um bom banho e me senti leve, agora mais disposto. Olhei meu smartphone e vi ser 9:10h.

Esquentei água no micro-ondas e peguei um sachê de chá de camomila para tomar. Precisaria manter-me calmo para o que viria, mas nem nisso tive tempo para me preparar. Ainda vislumbrando o prateado daquele aparelho, vi um reflexo que me assustou. Virei e Diana estava parada atrás da mesa.

— Di?! Que susto! Nem ouvi você entrar.

— Não entrei, já estava aqui.

— Aonde?

— Na porta da despensa e você nem me notou.

— Ah! Desculpe, estava desligado.

— Imagino. Sua consciência deve estar pesada.

O aviso do micro-ondas me tirou a atenção e, sem ter o que responder, apenas peguei a xícara quente. Mirei novamente em Diana, que não disfarçava as olheiras em sua face alva e a tristeza em sua alma. Mexi o chá e adicionei açúcar, enquanto ela sentava na cadeira.

— Diana, o que faremos?

— Não sei o que você fará, mas sei o que tenho de fazer. Talvez, se fosse outra mulher, eu te perdoasse, sabe? Todavia, Andrea é diferente.

— Como assim? Ela é apenas "outra mulher".

— Não é! Você sabe disso e eu também. Acredito que até Laura pense a mesma coisa. Conheço você Guilherme.

Sentei à mesa e gesticulei nervosamente.

— Escuta! O que aconteceu foi um... Deslize... Uma fraqueza minha. Nada mais que isso.

Diana sorriu sarcasticamente e isso me enfraqueceu.

— Não me faça rir Guilherme. Se você já teve algum caso nos últimos 27 anos, eu não fiquei sabendo. No entanto, a questão é que agora sei e com a pior de todas elas. Olhe, sei que seu coração era dividido quando decidimos ficar juntos e construir nossa família.

MonaraOnde histórias criam vida. Descubra agora