Esgotados, eu e Diana literalmente apagamos em nossa cama, que ainda considerei minha por aquele momento. As horas haviam avançado muito naquele dia e quando despertei, devia ser por volta das 11h da manhã. Não vi Diana ao meu lado, mas a ouvi falar com alguém do outro lado da porta.
Com quem falava? Reconheci de imediato a voz e em primeiro momento, não liguei muito para o detalhe. Então, o pensamento retornou ao problema de sempre e isso me sobressaltou. O que ela pensaria sobre "voltar" com sua mãe? Levantei e tomei uma ducha antes de ir descobrir o que de fato acontecia.
Quando cheguei à sala, Diana estava sentada e enxugava o rosto.
— Diana? O que foi?
Com misto de tristeza e raiva, a morena mirou-me com olhos avermelhados e respondeu:
— Sua filha, ué?
— O que ela fez?
— Laura precisa de ajuda e urgente! Não dá mais para ficar assim!
— É aquilo?
— Claro, né? Me disse um monte de absurdos quando soube que você dormiu comigo.
Baixei a cabeça e, com as mãos nos olhos, lamentei novamente aquela situação, afinal, a garota estava passando dos limites e a tal síndrome me batia a porta.
— Não vai dizer nada?
— Di, teremos que fazer uma nova sessão de terapia com ela. Não tem outro jeito.
Diana arfou e passou as mãos no cabelo, levantando-se disposta a tomar uma atitude mais enérgica.
— Na segunda, conversarei com um especialista e todos iremos conversar.
De repente, ouvimos Laura na porta de seu quarto.
— Não vou em médico! Não sou louca!
Olhei para o teto, desarmado. Laura estava muito pior que eu imaginava. Decidi reagir.
— Laura! Por favor, pode vir aqui?
— Para quê? Para brigar comigo? Não pai, ficarei no meu quarto!
A garota entrou e bateu a porta. Nisso, Diana comentou:
— Está vendo? Como posso viver com uma situação dessas, sozinha?
— Você não está sozinha, estou aqui.
Diana animou-se e eu a abracei. Ficamos ali, juntos, por vários minutos, enquanto éramos confortados pela brisa que entrava pela janela. Enquanto sua respiração e o aperto de suas mãos em minha pele, tomei outra decisão, porém, precisava do aval dela.
— Diana...
— Oi...
— Posso voltar para casa? Quer dizer, pelo menos até resolver isso?
— Mas, essa é sua casa, Guilherme. O que aconteceu ontem não foi por acaso. Amo você ainda, sabia?
Meus olhos espelharam-se enquanto ela falava.
— Se te aceitei ontem, foi porque te perdoei. Porém, aquela mulher e sua filha, você não deve mais ter nada com elas, porque não te perdoarei de novo.
Abracei-a com lágrimas caindo, mas Diana manteve-se firme. Então, limpando os olhos, mirei-a e prometi que não iria mais ter nenhum relacionamento com as duas. A morena sorriu e beijou-me, reiniciando as carícias e que nos levaram de volta à cama. Desta vez, transamos de forma mais comportada.
Não havia apenas desejo, mas um sentimento maior, uma paixão que se reacendia novamente. Se eu soubesse que esse retorno à cama seria desastroso, teria feito qualquer outra coisa, sei lá, cozinhado, tomado café da manhã, lavado o banheiro... Tudo haveria de diferir, mas...
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Monara
RomansaGuilherme acredita que após 27 anos de um casamento feliz, nada mais pode interferir em sua relação de amor com Diana. No entanto, sobre as águas calmas da Guarapiranga, a paz que conquistou ao lado dela, acaba com a chegada do "desejado" veleiro Mo...