Capítulo 12 - Fim?

18 2 0
                                        


O umbral da porta daquele quarto me fez lembrar de outro "umbral". Sim, se fosse o fim de minha vida ali, acordaria no lugar onde as pessoas que não evoluíram em vida, permanecem no além-túmulo. Eu não soube evoluir em meu relacionamento com Diana e o julgamento se apresentou.

— Oi, amor! Chegou cedo!

— Não é isso o que você tem para me dizer hoje...

Um torpor tomou-me conta ao reparar que o semblante dela se endureceu ainda mais.

— Vem para a sala, que temos muito a conversar.

Lancei o edredom de lado e me sentei, olhando para os pés descalços e imaginando o que viria a seguir. Vesti uma calça para que minha vergonha não fosse maior, assim como uma camisa que achei jogada ao chão.

Com o coração acelerado, fui até a sala, onde Diana estava sentada no sofá, com as pernas e braços cruzados, olhando-me. O agitar da perna dela era sinal de que sua raiva dava corda assim como se faz em um relógio.

Sentei na cadeira em frente a ela e evitei mirar em suas órbitas azuis, mergulhadas em globos oculares tingidos levemente de vermelho.

— O que você tem para me dizer, Guilherme?

— Diana, desculpe...

— Desculpas? Quero ouvir o que aconteceu de você!

— Tudo bem, eu me encontrei com a Andrea.

— Tudo bem? Não foi só isso que fiquei sabendo...

Não havia para onde fugir. Ainda assim, tentei aliviar a carga sobre mim, num ato covarde, confesso.

— Olha, a ideia não foi nossa. A Eloísa que propôs a conversa.

— "Conversa"? O que mais aconteceu?

— Di...

— Não minta! Diga o que vocês fizeram! Quero ouvir da sua boca e olha para mim!

Tive que encarar Diana apontando o dedo e a verdade era a única resposta a dar, amarga, mas verdadeira.

— Nós transamos.

— Puta que pariu! Guilherme, você é um filho da puta!

Diana levantou-se rapidamente e foi até o balcão da cozinha, debruçando-se sobre a madeira. Era óbvio que já sabia o que havia acontecido, mas apenas queria que fosse dita de minha boca. Virou e veio com muita raiva, me apontando o dedo novamente.

— Você e ela se merecem, sabia?! Dois... Ai! Como fui burra! Sabia que aquela mulher aparecendo agora, ia dar merda... Olha aí, a merda feita!

Mirei no sofá vazio diante de mim, sem saber o que dizer. Não havia justificativa para dar, nem mesmo a mais absurda. Diana andou de um lado para o outro do apartamento, esfregando as mãos nervosamente.

— Transaram ontem também?

— Ontem?

Minha pergunta era verdadeira, afinal, apenas Eloísa havia me visto com Andrea no dia anterior.

— Ontem! Já estou sabendo que os "pombinhos" se encontraram na Guarapiranga.

— Então, Eloísa te contou...

— Não meu filho, não foi ela. Isso só para você saber que putaria não passa batido para ninguém!

Náutica. Havia alguém ali que queria foder com minha vida e dessa vez conseguiu. Como havia chegado antes de Leonor, não poderia ter sido ela a deduzir estarmos juntos na represa.

MonaraOnde histórias criam vida. Descubra agora