Capítulo 28 - Ajuda

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Pensei em muitas coisas, algumas das quais eu nem me imaginei um dia considerar. Andando pelo calçadão da praia, fiquei a refletir sobre o que poderia de fato fazer. Seria mesmo o problema em mim? Será que despertei ou fiz algo que provocou tudo isso?

Laura estava em dificuldades e sabia que Diana não aguentaria isso sozinha. Mas, como ajudar se parte do problema era eu? Devia me afastar, comprar o tal barco e ir morar longe? Não! Definitivamente fugir não era uma opção, pois, de certa forma, fugi ao ir para a represa.

Precisava de ajuda espiritual, mas onde encontrar? Cheguei a olhar nos postes atrás daqueles anúncios de cartomantes e videntes, mas desisti ao imaginar o que teria de fazer depois... Subi a Avenida Pugliese e vi a Igreja Matriz de Santo Amaro. Foi nela que me casei com Diana, mas não me senti seguro ao entrar.

A questão era incômoda demais para apresentar a um padre. Imaginei que, se fosse há 200 anos, eu teria muitos problemas... Pior, Laura certamente iria para a fogueira do Santo Ofício. Não era o caso agora, é verdade, mas preferi conversar com outra pessoa.

Diante de meu problema só uma pessoa que sempre pululava em minha cabeça e esse, aparentemente, tinha ou teve de resolver algo assim. Liguei para ele e marcamos um encontro. Voltei ao apartamento, apreensivo, e Laura se trancara no quarto.

— Desde que você saiu, ela está aí...

— Diana, vou procurar alguém para me ajudar, pelo menos para eu poder entender isso tudo.

— Você tem a mim.

— Sim, eu sei, mas preciso da visão de alguém de fora. Falei com o Reginaldo e vamos trocar uma ideia. Quem sabe assim, ele me ajuda a nisso.

— O "nisso" é um assunto nosso. Se você disser a ele, contará certamente a Fabinho.

— Deveras Fábio já saiba disso. O que aconteceu em dezembro... Enfim, isso certamente foi o estopim e o garoto deve ter percebido.

— Será?

— Eles deram um tempo na relação.

— É, eu sei... Bem, se ele for discreto, então peça ajuda. Conheço você e sei que não está bem. Olhe, a culpa não é sua. Se fosse assim, quantos pais que... Você sabe. Enfim, as filhas teriam comportamento igual? Claro que não! Laura sempre foi assim...

— No entanto, agora está pior Diana. Muito pior...

Incomodado, baixei a cabeça, sentado no sofá grande. Diana, que realmente me conhecia e sabia quando eu escondia algo grave, questionou.

— O que aconteceu hoje?

— Oi? Nada não...

— Não minta para mim!

Irritada, Diana sentou-se ao meu lado no sofá.

— O que aconteceu? Fale.

— Nossa filha está muito pior, Diana. Eu nem sei como dizer isso...

Colocando a mão sobre minha perna, a morena me indicou a continuar. Então, contei o que havia ocorrido, desde a cama até o vidro da sacada... Diana ficou horrorizada e chegou a passar mal ao ouvir o relato. Ficou tão ruim que teve náuseas e vomitou bem no meio da cozinha.

Precisou de água e ar fresco para se recobrar, em meio a uma enxurrada de lágrimas. O desespero era nítido, pois, o ato em si significava que a piora fora muito maior que imaginara.

— Guilherme, só há uma solução para ela e você sabe do que falo...

— Eu não quero isso...

— Não tem o que querer, Guilherme. Laura precisa de um tempo só para ela.

MonaraOnde histórias criam vida. Descubra agora