Capítulo 9 - Traição

23 2 0
                                    


Sua respiração era tranquila, suave, como se estivesse realmente em paz. Com seu corpo junto ao meu, Andrea mantinha sua mão sobre meu peito, enquanto uma de suas pernas cobria-me como um manto. Seu rosto próximo à mão que me acalentava, exalava o ar há muito prendido em seu ser.

Um ar de satisfação, de realização. Não imagino quanto tempo ela teve de suportar isso, esse sentimento de estar com aquele que mais desejava, sem poder ir além da imaginação. Todavia, sobre aquela cama branca, tudo era real. Desde o começo de 1994, a ruiva esperava por aquele momento e conseguiu.

Eu, apesar de ter em mente minha condição, estava agradecido por me aceitar após tantos anos, sem cobranças quanto ao passado ou raiva pela minha escolha. Afaguei seus cabelos em retribuição pelo carinho ali me oferecido, mas...

Diana. A morena me assaltou enquanto Andrea parecia dominar meus pensamentos. A mulher que escolhi para minha vida, ali parecia alguém distante, porém, a qual devia tudo. Sabia que não havia opção, era manter-me na estrada que já percorria e nada mais.

Andrea havia se tornado uma grande mulher, porém, nosso caso naquele momento não devia ir além. Foi ótimo até ali, muito além do que eu esperava, uma troca justa de sentimentos. No entanto, a ruiva tinha o caminho livre para amar. Eu não...

— Está pensativo...

— Oi! Pensei estar cochilando.

— Estou ouvindo as batidas do seu coração. Gostaria de poder ter lembrado delas, nesses anos todos...

— Tenho muitas lembranças boas de você Dea.

— Lembro de quase tudo de você, até das coisas ruins...

— Dea...

— Olhe! Deixemos o passado, tudo bem?

Nesse momento, lembrei do bebê, mas imediatamente senti um alívio, pois, isso não seria assunto para mais um momento triste. O que queria realmente ouvir dela era que tudo estava bem entre nós, que não iriamos, além disso. Enganei-me.

— Tudo bem.

— Quero te ver amanhã, pode ser?

— Olhe, não sei se dará, porque tenho que ajeitar o barco.

— Seu barco já não está pronto? Não custa nada ficar um pouquinho comigo, ou estou enganada?

— Andrea, o que você quer?

— Quero ficar o máximo possível com você. Sei que a Diana é "insubstituível", por isso, não vejo problema em ter você aqui, só mais um pouquinho...

A medida vista entre os dedos dela e o que realmente eu desconfiava, apresentava discrepância enorme. Sim, Andrea não queria tão pouco para sua vida. Batalhadora, buscou o que queria e conquistou. Seu ímpeto nunca a abandonou e não seria ali, exceção.

Acreditei que o "pouquinho" seria finito e assim concordei, mais com o coração que com a razão. Estava dando corda para a ambição dela e intimamente eu sabia disso. A retribuição veio com mais uma onda de prazer e tive ali o misto da sedução e da paixão dela.

Dominado novamente pelo sexo, fiz os ponteiros do relógio girarem mais até 18:10h, quando me dei conta de que o tempo voara. Naquela máquina do tempo de prazer, as horas passaram e minha garantia de segurança também.

Ao olhar no celular, pelo menos três chamadas perdidas de Diana e uma de Laura. O susto inicial se desfez rapidamente com a lembrança do Engelfreund, onde bastou uma "música" e muito serviço para me esquecer do smartphone. Esse era meu álibi, porém, alguém estava de olho em mim...

MonaraOnde histórias criam vida. Descubra agora