Desci para arrumar um suporte na cabine e Diana ficou no cockpit, agora lixando a base onde prenderíamos a capotaria. Nisso, ouvi Laura chama-la, mas muito ocupada, não atendeu seu pedido. A jovem foi até a popa do barco para mostrar lhe algo no mar. Então, olhei pela vigia lateral e observei o Monara já em velas.
Então ouvi:
— Mãe, aquela é a mulher que estava falando com o papai!
Novamente olhei pela gaiuta e, para minha sorte, apenas Eloísa estava na popa, segurando a cana de leme do Skipper 21. Estranho, não vi Andrea no exterior do barco. Saberia mais tarde a razão disso... Diana, no entanto, ficou irritada com Laura, afinal, viu somente a ruiva, dona do veleiro.
A relação das duas, que ficou abalada um tempo pela "suspeita" de Electra, foi restaurada com força na pandemia e no namoro com Fábio. Ainda assim, pisavam em gelo fino... No resto do dia, não me preocupei com Andrea e consegui adiantar a capotaria do veleiro, de modo a suportar os dias de sol quente.
No fim da tarde, como sempre, nuvens altas escureceram o céu e o tempo fechou para mim com o retorno do Monara. Ao se aproximar do píer, fiquei apreensivo, pois, já era nítida a presença das duas sobre o barco.
— Di, meu amor, pode vir me ajudar?
Entrei na cabine e a chamei, contudo, Laura, na proa do Engelfreund, já divisara o Monara, mas não soara o alarme antecipadamente. Permaneceu quieta, enquanto meu destino se aproximava. Minha esposa desceu e tive que inventar algo para fazermos dentro do Brasília 23.
Passados alguns minutos tensos, em que segurei Diana ao máximo no barco, vi Laura sair do veleiro. Meu pensamento era: "ela intimará Dea e Elô". Só tive certeza disso ao ouvi-la nos chamar do lado de fora, minutos depois.
Já era pouco mais de 17 horas e com o tempo já nublado, quando Diana saiu no cockpit. Saí logo atrás e me deparei com as duas, ou melhor, três. Ao lado de Eloísa e Andrea, uma "ardilosa" Laura nos pegou desprevenidos.
— Mãe! Pai! Queria que vocês conhecessem a Andrea...
O azul profundo nos olhos de Diana mudou de tom e fuzilou-me instantaneamente. Forçando um sorriso, enquanto eu mirava em Andrea, um pouco apreensiva com a cena, a morena disse:
— Andrea? Nossa! Não acredito que seja você.
Ainda em silêncio, a ruiva produziu um sorriso amarelo e Eloísa, sem saber do nosso passado, empolgou-se.
— Então amigos, essa é minha mãe — disse a jovem.
— Então é por isso que notei algo familiar em você, Elô — comentou Diana.
— Vocês já se conhecem? — devolveu a dona do Monara.
— Sim, de muito tempo, não é "Dea"? — indagou Diana.
— Sim, Diana... Mas, que ótimo ver vocês juntos — respondeu Andrea.
Mirando na ruiva-mãe, a morena soltou:
— Mas você já viu meu marido hoje né?
Constrangida, Andrea confirmou.
— Sim, o vi com sua filha Laura. Por um tempo, julguei que fosse você.
Olhando para a filha, comentou:
— É, nós somos muito parecidas...
Meu silêncio foi quebrado pela questão de Diana:
— "Gui", não dirá nada?
— Tudo bem com vocês?
Andrea ia dizer algo, mas Eloísa se antecipou.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Monara
RomanceGuilherme acredita que após 27 anos de um casamento feliz, nada mais pode interferir em sua relação de amor com Diana. No entanto, sobre as águas calmas da Guarapiranga, a paz que conquistou ao lado dela, acaba com a chegada do "desejado" veleiro Mo...