Capítulo 4 - Ela não tem Electra

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Apesar do céu claro, as nuvens negras já estavam presentes e na forma de uma bela mulher de 46 anos. Os cabelos com fios devidamente alaranjados, caídos sobre os ombros, formavam como que ondas. Aqueles eram mesmos olhos verdes que tanto admirei...

Com poucas das sardas que lembrei, Andrea tinha a pele mais escura devido ao sol e seus traços já indicavam o tempo que passara. Ainda assim, a boca que tanto beijei era a mesma. Seu corpo, porém, mudou e eu diria até que para melhor. Suas pernas torneadas certamente por funcional, tinham pelos loiros.

Sim, Andrea parecia daquelas que curtem muito a praia e isso ficou evidente na blusinha de alça e renda, que deixava seu busto à mostra, indicando sua pele bronzeada. Os seios ficaram maiores e suspeitei serem siliconados. Vestindo um short social branco e sandálias brancas nos pés, a ruiva se apresentou.

— Nossa! Você não mudou nada meu lindo!

"Meu lindo"? A recepção de Andrea já começou a mexer comigo logo de cara. Assim, tão cedo? Naquele momento, já comecei a imaginar problemas...

— Você também não.

— Fala sério Guilherme! Como não mudei?

Andrea girou para mostrar como havia realmente mudado e, na minha opinião, para melhor. Seu corpo era mais curvilíneo aos 46 anos que aos 18... É incrível como algumas mulheres ficam mais lindas com o passar dos anos.

— Tem razão, você mudou mesmo.

— Mudei? Então, farei aquela pergunta chata.

— Ah! Não Deia, por favor...

— Como não? Preciso saber sua opinião, ora...

— Ok.

— Mudei para melhor?

— Sim.

— Só isso?

— Não, você está melhor agora.

— Gostei disso.

Olhei na direção da água, mas nenhum sinal de Diana. Ali, pensei que Laura fizera minha caveira para a mãe, mas decidi me ater aquela que estava mexendo comigo.

— Dea, você tem barco aqui?

— Não, minha filha tem, e você?

— Tenho um Brasília 23.

— Olhe, não conheço muito de veleiro, pois, curto mais lancha...

— Sei disso...

O sorriso de Andrea me desconsertou.

— Sei que você sabe. Lembro daquela época como se fosse ontem.

Nesse momento, Andrea amainou seu sorriso e o olhar tinha muito a dizer. Senti o peso da mensagem e minha temperatura aumentou. Sim, a ruiva não se referia ao Blue Horizon, o barco que fora de Felipe, mas ao que ela perdeu...

— Dea, também não me esqueço do que aconteceu.

Senti uma ponta de tristeza ao dizer, mas ela pegou em minha mão. Com um novo sorriso, Andrea me animou.

— Ei! Vamos falar de coisas alegres?

— Sim.

— Quem é aquela princesa? Sua filha?

— Sim, o nome dela é Laura.

— Caramba! Quando os vi, por um instante pensei que fosse Diana...

— Sempre falam que ela é a cópia da mãe.

— Ela está aqui?

— Sim, mas olha, depois conversamos, tudo bem? Preciso arrumar o barco.

MonaraOnde histórias criam vida. Descubra agora