O peso de um nome

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Elas seguiam em silêncio, se encarando, até que Kara mostrou os fios dos microfones e os desconectou.

-Somos só nós duas. Fala o que aconteceu depois que nos separamos. Por que exatamente nos separamos?

-Porque meus pais quiseram se separar, não paravam de brigar desde que nasci já que não era filha da minha mãe. Uma bastarda, né? Os Luthor não queriam essa mancha no nome. O tempo que eu passei com você, morava com meu pai de sangue, Lionel. Ele ficou doente e tive que me mudar pra ficar com a minha mãe Lillian. Ela me criou junto com meu irmão Lex, mas sempre jogando na minha cara o quanto eu era insignificante e que nunca chegaria aos pés do meu irmão perfeito. Tão perfeito que esse maldito saiu de todos os limites humanamente aceitáveis em Metrópolis quando quase matou o Superman na frente de todos.

-Eu me lembro disso. Foi muito traumático pra cidade e até pras cidades vizinhas. Ele surtou?

-Ele nunca foi normal, nasceu surtado. Aquele sociopata maldito! Na frente de todo mundo! Não consegue lidar com a mania de grandeza, tem que ser visto como o maior, como o fodão da humanidade, o Messias da Terra Prime! Ele era insuportável e cada vez menos eu o tolerava. Mas aquele dia foi meu limite. Quando a unidade do DOE chegou lá para prendê-lo, a Lilian ainda tentou matar eles pra salvar o filhinho querido dela!

-Rao, Lena! Até o fim ela preferiu ficar do lado dele...

-Sim. Levaram nós três. Minha mãe ficou presa, o Lex também e eu fiquei numa casa isolada, sendo vigiada o tempo todo enquanto tentavam arrancar uma confissão de mim. Mas eu confessaria o que? EU NÃO TINHA NADA A VER COM ELES! E eles ficaram gritando na minha cara que eu era uma maldita mentirosa porque era uma Luthor! E todos esses malditos Luthors são maus, são sociopatas assassinos e mentirosos! Por isso eu me recuso a ser chamada por esse nome, por esse sobrenome amaldiçoado!

-Eu te entendo Lena. E entendo mais ainda sua necessidade, sua raiva por esse sobrenome. Você não é como eles, você é boa de verdade! Eu acredito em você. E prometo que vou fazer de tudo pra te defender. Nunca mais vai sair da minha vigilância, nunca mais vai pisar naquele DOE. É uma promessa. Mas... Como conseguiu fugir pra cá?

-É informação demais pra eu te falar.

-Você não confia em mim?

-Mais ou menos, Kara. Quer dizer... Passou muito tempo. Você mudou. Parece... Sei lá, uma senhora de 80 anos religiosa chata.

-Eu passei algum tempo presa na minha nave quando cheguei na Terra, não sei quanto então pode ser que eu tenha 80 anos. – elas começaram a rir juntas, o que não ocorria há um bom tempo.

-É... O que não mudou em você foi esse sorriso lindo. Continua igual. – elas ficaram em silêncio.

-Você também tem o sorriso bem bonito.

-Kara, Kara. Por que você é assim? Parece que tem até medo de elogiar outra mulher, calma.

-Bom, com a chegada do Superman e minha também, foi fundada uma igreja para culto ao Rao, nossa figura de criação. E nós temos algumas regras. Uma delas, é que o homossexualidade não é algo natural. – Lena revirou os olhos no momento que ouviu isso. – Então eu tento seguir por esses mandamentos.

-Me leva de volta pra cela.

-Ei, que cara é essa? A gente tava rindo ainda agora.

-Eu cansei. Pode me levar de volta. – ela estendeu os braços sobre a mesa. Kara ficou chateada, mas fez o que a amiga pediu. Algemou-a e a devolveu para sua cela. Andrea ficou de olho e ficou curiosa.

-Voltou finalmente, Lena?

-Pois é. Eu sou uma pessoa bem ocupada.

-Deu pra perceber! Queridinha da Supergirl, hein...

-Ela só tava tentando me ajudar depois da injustiça que eu sofri. Sabe como são heróis, querem pagar de bonzinhos o tempo todo.

-Só pra televisão, né? Eles não são santinhos que nem mostram nos filmes e nos programas de TV não. São tão assassinos quanto nós.

-Eu sei disso.

-Tá bem?

-To sim. Valeu.

I'll be watching you (Supercorp)Onde histórias criam vida. Descubra agora