Simplesmente uma morte?

Capítulo 1 - O Momento

Junho, de um ano qualquer da década de oitenta, em um casarão isolado em Campos do Jordão, a mais famosa estação climática do Estado de São Paulo. Fincada entre montanhas, a cidade é muito espalhada com localidades afastadas e muitas árvores de grande porte. Enfim, o lugar ideal para um crime. É uma noite muito fria, uma sinistra bruma toma conta do lugar. Um silêncio mórbido. De repente ouvem-se dois tiros se dispersando no ar. Vários segundos se passam entre o primeiro e o segundo projétil.

James sobe correndo as grandes e longas escadarias da mansão, entra no corredor e finalmente chega a uma porta. Ele a abre e se depara com o corpo de sua patroa. Ela está apoiada na cadeira próxima à janela. Ele ainda tenta reanimá-la, mas nada. Nenhum movimento.

Nesse momento, Guto entra no quarto. Guto é o filho da colunável Laura Salles, que agora se esvai em sangue. Logo atrás dele vem Berenice, a arrumadeira, que se destaca por sua beleza. Ao ver James tentando reanimar sua mãe, Guto vira-se para Berenice com um olhar suspeito e depois fala:

- James, o que aconteceu?

- Não sei, senhor Gustavo. Eu estava na copa e de repente ouvi tiros vindos daqui. Quando cheguei, vi a senhora Laura deste jeito.

- Mãe! Fala comigo - fala Guto.

Então James se dirige para Berenice e pergunta:

- Você não acha que seria melhor chamar um médico?

- Sei não. É melhor consultar o senhor Guto - diz ela se virando para trás assustada com o barulho da porta.

Era Aninha, irmã de Guto, que ao ver sua mãe, fica desesperada. Logo depois surge na porta a Conceição, cozinheira da casa. E mais alguns segundos, Hélio aparece. Hélio é o sobrinho de Laura. Ele vai em direção ao corpo atravessando todo o quarto. O quarto de Laura é grande e espaçoso. Sua cama era daquelas que possuíam altas colunas nas extremidades. Há uma bonita penteadeira do século passado no quarto também.

Atrás deles aparece também Rogério, o ex-marido de Laura. Ele havia chegado há um dia para visitar seus filhos Guto e Aninha.

Antônio, o motorista e, por fim, Mário, o jardineiro também chegam ao quarto para ver o que estava acontecendo. Enfim, todos estavam lá sem saber direito o que havia acontecido.

Enquanto Hélio, que era estudante de Medicina do terceiro ano, observa o que poderia ser feito, Rogério toma as decisões práticas. Liga para o médico da família, o doutor Jairo Leal. Logo após, ele liga também para a polícia.

Por sorte o Dr. Jairo também descansava em Campos do Jordão e chega após quinze minutos, apesar da dificuldade de se chegar ao local e da forte neblina da noite. O médico toca a campainha e James vai atender.

- Doutor me acompanhe, por favor - diz James.

Enquanto os dois sobem as escadarias, o doutor pergunta:

- Mas o que houve de tão grave com a Laura?

- É... não sei, doutor. Eu só sei que quanto a vi, ela estava caída em seu quarto.

Quando o médico chega ao quarto, Hélio comenta que não há nada mais a fazer. Mesmo assim, ele tenta algo inutilmente.

Ouve-se novamente a campainha. É a polícia.