Capítulo 18 - DUDE

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Maria de Lourdes Gomes de Oliveira, ou simples Dude. Ela é uma amiga antiga da família Salles. Mora em Santos, cidade do litoral paulista. Tem uma vida pacata. Pela manhã vai passear na praia. A tarde se divide entre o trabalho numa rádio local e o jogo de bingo com as amigas. Seu apartamento fica a dois quarteirões da praia.

Conhecia Laura e a família Salles desde moça. Nessa época, ela resolveu ser radialista, sendo uma das pioneiras do rádio brasileiro. Produzia radionovelas.

Avisada do ocorrido por uma amiga, ambas resolvem ir para Campos do Jordão.

- Como iremos para lá? – pergunta a amiga de Dude.

- Isso é fácil – responde ela.

- Como? Já passa das duas horas da manhã.

- Eu tenho um amigo que é taxista.

- Você não vai ter coragem de acordá-lo a essa hora, ou vai?

- Não se preocupe. É só falar bem do Corinthians e ele nos leva a qualquer lugar, em qualquer hora. Além do mais, a nossa causa é muito urgente, não é?

- Urgente é, mas...

- Não. – insiste Dude – Prometo que chegaremos em Campos do Jordão antes do amanhecer.

- Onde esse taxista mora?

- Quem? O Teobaldo? Ele mora a duas quadras daqui.

- Então, ligue para ele, Dude.

Dude liga, acorda o taxista e antes de falar o que queria, ela diz:

- Como vai o melhor time do mundo, o Corinthians?

Apesar de ser madrugada, Teobaldo não se irrita e responde bem humorado.

- Ele vai muito bem, mas quem é?

- Sou eu, Dude.

- Ah! A senhora. Como vai, tudo bem?

- Eu vou bem, mas preciso de um grande favor seu.

- Pode falar.

- Temos que chegar hoje mesmo em Campos do Jordão. Será que o senhor poderia nos levar agora?

- Olha, em condições normais eu não iria. Mas como é a senhora e também falou bem do meu time, eu levarei. Esperem na portaria do prédio. Eu estarei aí em vinte minutos.

- Muito obrigado, Teobaldo.

Dude desliga e a amiga fala:

- Me ajude a levar essa sacola aqui.

As duas descem e logo depois Teobaldo e seu táxi chegam.

- Boa noite – dizem elas.

- Boa noite – retribui Teobaldo.

- Desculpe, seu Teobaldo. Mas é um caso de vida ou morte. O senhor entende, não é?

- Claro, senhora Dude. Campos do Jordão, aqui vamos nós.

- Obrigado mais uma vez – completa Dude.

- De nada, mas mudando de assunto... a senhora anda vendo jogos de futebol ultimamente?

- Tenho sim – Dude responde e depois sussurrando para a amiga – É mentira.

Teobaldo se entusiasma com o papo.

- E o que tem achado do glorioso Corinthians, Dona Dude?

- Muito bom, acho que é o melhor time do Brasil.

E assim vão falando o caminho inteiro das glórias do Corinthians, das suas vitórias, dos seus campeonatos conquistados, dos artilheiros,...

Simplesmente uma morte?Onde histórias criam vida. Descubra agora