Capítulo 4 - PREPARAÇÃO PARA O "SHOW"

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Na sala de estar, Guto pergunta para Aninha:

- Aninha, você que conhecia melhor as amigas da mamãe, qual delas ela gostaria que viessem numa situação dessas?

- Guto, pelo que sei, a mamãe sempre me falou que quando morresse, ela gostaria de uma cerimônia simples apenas com os amigos mais íntimos. Desses, seria bom convidar os vizinhos, que ultimamente estavam muito com ela. Além deles, a Thais de Souza Lima e a Renata de Castro Neves, que a mamãe considerava muito. Eu acredito que esses e mais o Dr. Jairo e sua esposa estaria perfeito.

- Certo, irmã. Eu me encarrego de avisá-los então – diz Guto.

Então Guto começa a localizar as pessoas por telefone. O doutor Jairo é o primeiro. Depois avisa os vizinhos, e é informado que tanto Thais quanto Renata, por coincidência também passavam as férias em Campos do Jordão. Finalmente, após meia hora consegue localizá-las.

Já era hora do almoço e James avisa Guto que estava encerrando a última ligação ao telefone:

- O almoço está servido, senhor Guto – diz James.

Quando Guto chega na sala de jantar:

- Estávamos a sua espera – diz Rogério já sentado no lugar que era de Laura na mesa de jantar.

O cardápio do almoço era carne assada que é servida a todos. Nesse momento, ninguém mais parece estar chateado com a morte de Laura. Permanecem em silêncio até que Hélio arrisca umas palavras:

- E então pessoal, Laura faz uma falta! Vocês não acham?

- É... – responde Aninha.

- Concordo – completa Rogério.

Guto não responde nada. Se passam quinze minutos e Conceição aparece vindo da cozinha. Ela pergunta:

- Posso servir a sobremesa?

- Sim, pode – responde Rogério.

Neste momento, o telefone toca. Pouco tempo depois, James chega falando:

- Chicão, é para o senhor. É o delegado.

Chicão se levanta e vai atender o telefonema na sala de estar.

- Alô! – diz Chicão.

- Sou eu, João Alves.

- Oi delegado, o que o senhor quer?

- Eu estive pensando e refletindo sobre o assunto e quero que ninguém que estava aí na noite do crime saia da casa. Chicão, impeça que as pessoas saiam do casarão, por favor.

- Claro, eu pedirei que ninguém saia. Mas o senhor acha que alguém aqui possa ter matado Laura?

- Quem sabe, Chicão. Quem sabe... – comenta o delegado.

Antônio, o motorista, e Mário, o jardineiro, que passam no jardim ouvem o que Chicão disse pela janela aberta e se olham com um ar preocupado. Chicão desliga o telefone e volta para a sala de jantar falando:

- Caros, eu preciso convocar uma reunião com todos aqui. Ninguém poderá sair da casa até que o delegado volte.

Aninha indaga:

- Mas eu tenho que sair para fazer umas compras para hoje à noite. Como eu vou fazer agora?

Chicão responde:

- Está bem. Chame o motorista e vá. Mas volte até às quatro horas da tarde.

Já eram quatro e meia e Aninha ainda não tinha voltado das compras. Guto começa a se preocupar, mas de repente Berenice entra em seu quarto e diz:

- Está saindo conforme o planejado, Guto.

- É... parece que está, mas ainda falta muito – diz Guto.

Nesse meio tempo, Hélio que passa pelo corredor, ouve a conversa e entra no quarto.

- E então, vamos continuar os preparativos para o velório, Guto?

Guto, assustado, pede que Berenice vá embora. E Hélio volta a falar:

- Guto, o que você tem com essa empregadinha? O assunto parecia bom.

- Não tenho nada com ela, Hélio. Nada de importante....

Hélio então sugere para Guto:

- Vamos para a sala.

- Vamos – Guto concorda.

Os dois descem as longas escadarias. Ao final das escadas eles observam Aninha finalmente chegando cheia de pacotes. Eles vão em sua ajuda e levam os embrulhos para a copa. Ao chegar na copa, Guto pergunta:

- Como foi de compras, Aninha?

- Tudo bem, Guto. Encontrei tudo o que queria.

Às seis e cinco da tarde, o carro funerário estaciona no jardim. Ele traz o corpo e as flores. Enquanto o agente funerário recebe o cheque, os empregados abrem espaço na sala de estar para colocar o caixão. Depois finalizam a decoração com as flores.

Após tudo estar pronto, Hélio e Rogério levam o agente até a porta da frente. Um vento forte, com folhas secas voando, surge no início da noite.

Enfim, sete horas da noite e tudo pronto para o velório começar. Novamente Aninha se põe a chorar. Todos, inclusive os empregados, vão para a sala de estar. De repente, a campainha toca. James vai atender. É o delegado João Alves.

Simplesmente uma morte?Onde histórias criam vida. Descubra agora