No casarão, James começa a contar o que sabe.
- Tudo começou no jantar. Os outros empregados já estavam recolhidos. No jantar, Laura estava muito incomodada. Dava a impressão de que queria acabar tudo logo. Queria também que todos se recolhessem. Ela estava planejando algo para a noite. A cada minuto que o relógio passava, ela ficava mais inquieta.
- Certamente planejava o suicídio - interrompe João Alves.
- Acredito que sim.
- Alguém dos senhores que estavam naquele jantar, também notaram esse comportamento estranho?
- Agora que o senhor pergunta, realmente eu notei algo de diferente em minha mãe naquele jantar - responde Aninha.
- Exatamente. Agora me lembro. Minha tia tinha um ar de preocupação, mas não dei muita importância naquele momento - diz Hélio.
- Eu, infelizmente não notei nada. Estava preocupado com outras coisas - fala Guto olhando para Berenice.
James continua:
- Finalmente o jantar acabou e ela se sentiu melhor. Seu olhar brilhava. Uma etapa parecia estar terminada. Agora ela só teria que fazer todos irem para os seus quartos. Como de costume, todos foram à lareira esperar o café. Naquela noite, ela cancelou o café. Acredito que por dois motivos.
- Para fazer com que todos subissem mais rapidamente - interrompe novamente o delegado.
- Isso e também para ganhar tempo. O mais curioso é que Laura parecia ter marcado algum tipo de horário. Ninguém marca a hora de sua própria morte. De qualquer maneira, de novo tudo saiu como o previsto. A conversa terminou logo e todos foram dormir. O caminho então estaria livre para ela. Então, eu fui à copa ajudar a arrumar as coisas com Conceição. Ela, por sua vez, logo que acabou a arrumação, foi dormir também. Eu fiquei vendo um programa na televisão. Instantes depois, eu ouvi a porta da frente se abrir. Só poderia ser Laura fazendo alguma coisa, se preparando para a sua morte. Até cheguei a imaginar que teria sido o assassino, mas sabemos agora que não foi isso. Mas como o programa na TV estava interessante, eu nem me dei conta do ocorrido. O tempo passou e meia hora mais tarde, a porta se abre novamente. Nesse momento eu pensei que eram assaltantes.
- Obviamente não eram - arrisca o delegado.
Antes que James responda, um barulho forte penetra no ambiente.
- Foi na sala de estar - diz Guto.
- Vamos lá, Chicão - chama João Alves.
O delegado, Chicão, Guto e Hélio vão até o local do ruído.
- Foi aqui, não foi? - pergunta o delegado.
- Acho que sim - diz Chicão.
Eles verificam tudo. Janelas, portas, o caixão. Depois vão para a sala de jantar e para o escritório. Não encontram nada. Voltam então para a saleta da piscina.
- Não encontramos nada - diz Chicão.
- Se for alguma coisa séria, nós ainda saberemos em breve - completa Rogério.
James continua a relatar sua história:
- Já que não foi nada, eu vou continuar o que estava contando. Estava contando que a porta da frente tinha sido aberta novamente. Então eu saí da copa bem devagar e segui até a sala de jantar. Lá, eu me escondi ao lado da parede e percebi a Dona Laura chegando com uma mala.
- Não seria a mala onde estava guardada a arma? - pergunta o delegado.
- É possível. Eu vendo a cena me interessei e comecei a segui-la. A mala parecia estar muito pesada. Com isso, Laura sentiu muita dificuldade ao subir as escadas. Ela parecia outra pessoa. Parecia fraca demais, doente mesmo. Então, ao final das escadarias, ela segue pelo corredor. Eu, a partir daí, saí da sala de jantar e fui atrás dela. No corredor, ela parecia estar meio tonta, chegou a abrir três portas antes de encontrar seu quarto. Ela parecia não conhecer sua própria casa.
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Simplesmente uma morte?
Misteri / ThrillerInspirado nos livros da Agatha Christie. Uma morte em um casarão isolado em Campos do Jordão. Vários suspeitos. Um romance policial instigante feito com um toque de humor. Quem irá descobrir o assassino primeiro??