Capítulo 8 - O ESCRITÓRIO

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Encerrado o chá, todos voltam para perto do caixão e o delegado pergunta:

- Senhor Rogério, Laura tinha medo de morrer?

- Tinha, desde que a conheço.

- Obviamente, pessoas desse tipo deveriam ter um testamento, certo?

- Sim, eu acho que ela tinha – responde Rogério – Guto, sua mãe mencionou algo sobre testamento em algum momento?

- Já mencionou sim, pai – responde Guto – Ela havia falado coisa qualquer sobre isso já. Inclusive deve haver uma cópia lá no escritório. Vamos até lá?

Quando o delegado, Chicão, Rogério e Guto entram no escritório, Guto vai direto à terceira gaveta da mesa e pega a cópia.

- Aqui está – diz Guto ao delegado.

João Alves começa a folhear as páginas. Verifica que Guto e Aninha seriam os mais beneficiados. Guto ficaria com quatro apartamentos. Sendo um deles uma cobertura no Guarujá. Além disso, receberia um iate, uma lancha, três carros e uma das contas na Suíça. Aninha ficaria com o apartamento de São Paulo, o casarão de Campos do Jordão, dois sítios em Ribeirão Preto e a outra conta da Suíça. Além deles, Hélio, Dr. Jairo e Rogério teriam participação na herança. Hélio com uma fazenda em Sorocaba, Dr. Jairo com uma fazenda de gado em Goiás e Rogério com uma loja de carros importados no Jardim Europa. O restante seria doado para obras de caridade.

- Eu estava pensando – diz o delegado – Não existe melhor hora para se fazer uma investigação do que agora. Não acha, Rogério? Todos os possíveis suspeitos estão aqui na casa!

Nesse instante, a casa fica às escuras. Thais de Souza Lima solta um grito estrondoso na sala de estar:

- Ah!!!!

A escuridão permanece durante cinco minutos até que James e Antônio aparecem trazendo velas para a sala e depois para o escritório. Ainda no escritório, o delegado diz:

- Chicão, vá até a sala e avise o pessoal que eu irei aproveitar a presença de todos aqui para começar um interrogatório inicial. Senhor Rogério, como já conversamos pela manhã, por enquanto, está dispensado.

Quando Rogério saia do escritório seguido de Guto, o delegado intima:

- Você não, Guto. Fique aqui. Acredito que será bom começar por você. Feche a porta e sente-se, por favor.

Guto senta e o delegado pergunta:

- Como era a sua relação com sua mãe?

- Era uma relação comum de mãe e filho. Nada de anormal que possa ser mencionado.

- Você se lembra da vida de seus pais, quando ainda estavam juntos?

- Sim, um pouco. Eu sentia que eles eram muito felizes. Mas depois, lembro também de muitas brigas. Mas não sei direito. Era muito pequeno na época.

- Há algum ponto crítico em seu relacionamento com eles?

- Sim. Uma vez eu cheguei a fugir de casa indo parar numa delegacia porque me envolvi numa briga de bar.

- Você costumava viajar com a Laura?

- Não.

- E por que veio desta vez?

- Porque nós conseguimos convencê-la a convidar meu pai para vir. Aninha e eu queríamos a reconciliação.

- Mas depois de tanto tempo?

- É, não sei. Talvez por ter surgido essa oportunidade.

- Oportunidade de quê? De matar Laura?

Simplesmente uma morte?Onde histórias criam vida. Descubra agora