Capítulo 22 - ACAREAÇÃO

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 João Alves, Guto e Berenice entram na sala de música.

- Muito bem, senhores. Vamos esclarecer todas as dúvidas de uma vez por todas. Eu vou fazer uma pergunta e quero que os dois respondam juntos. Vocês têm um caso?

- Não – responde Guto.

- Sim – responde Berenice ao mesmo tempo.

- Decidam-se, senhores.

- Não, nunca tive nada com essa aí – reforça Guto.

- Guto, não minta!

- Não estou mentindo!

- Está sim! – grita ela.

- Você é muito falsa, Berenice.

- Esperem! Todos os indícios dizem que você tem um caso com ela – interrompe o delegado.

Com a gritaria, Chicão resolve ir até a sala de música para averiguar o que está acontecendo.

- O que houve, delegado?

- Brigas de amor – diz João Alves ironizando – Mas então Guto, assuma logo isso.

- Está bom – diz Guto – Eu tive um casinho sem importância com ela.

- Sem importância??? – exclama Berenice.

- É lógico! Você acha que eu realmente queria algo a sério com você?

- Então o senhor assume – diz o delegado.

- Assumo. Mas isso não deve sair daqui, por favor.

- Verei o que posso fazer. Outra coisa, foi o senhor que escondeu Berenice na adega?

- O quê? Não entendi.

- Na adega.

- Ah! O sumiço dela. Não. Eu não tive nada, nenhum envolvimento com isso.

- Tem certeza?

- Absoluta.

O delegado se vira para Berenice:

- Então, Berenice. Porque você falou que era ele?

- Eu queria me vingar dele. Não foi ele mesmo.

- Quem foi então?

- Não posso dizer.

- Por quê?

- Porque tenho medo de ser morta também.

- Eu garanto sua segurança – diz o delegado.

- Atualmente, a polícia não consegue nem mesmo se garantir, como vocês iriam me garantir?

- Eu prometo.

- Além do mais, se ele matou Laura, porque não me mataria?

- Ele? – pergunta o delegado olhando para Guto.

- Foi modo de dizer, delegado. Laura era uma pessoa importante. Agora eu?? Se eu fosse a vítima o senhor nem estaria aqui.

- Isso não é verdade, Berenice.

- Delegado, eu preciso pensar se eu consigo te contar ou não. Te peço um tempo.

- Como você quiser. Me responde uma coisa só. Essa pessoa que você viu é o assassino?

- Não sei, mas tenho quase certeza de que é. Ele negou para mim. Mas com que intenção ele teria me amarrado?

- É. As chances são grandes. Mas o que vocês discutiam na sala de música?

Guto se antecipa e fala:

- Eu falava para ela não conversar comigo em público. Senão alguém poderia descobrir sobre nós. Não quero que ninguém saiba de nós. Seria muito vergonhoso para mim.

- Está certo. Esse assunto já esgotou. Podem ir.

Os dois vão embora e Chicão se aproxima:

- Eu acredito que foi bem mais proveitoso que os demais interrogatórios, não achou Chicão?

- Não sei, delegado.

- Pelo menos sabemos que os dois podem ser cúmplices.

- Pois é. Ambos assumiram que se conheciam muito bem. Mas será que estão mentindo juntos?

- Não acho provável, mas nunca se sabe.

A dezenas de quilômetros dali, o táxi de Teobaldo cruza a capital de São Paulo e Dude pergunta para ele:

- Será que vai dar tempo de chegar lá, seu Teobaldo.

- Fique tranquila, Dona Dude. Já estamos no meio do caminho.

- Eu estou preocupada. Eu tenho que chegar o mais rápido possível, senão eu poderei encontrar minha amiga morta.

- É tão sério assim? – se assusta o taxista.

- Infelizmente é.

- Pode deixar comigo.

Simplesmente uma morte?Onde histórias criam vida. Descubra agora