João Alves, Guto e Berenice entram na sala de música.
- Muito bem, senhores. Vamos esclarecer todas as dúvidas de uma vez por todas. Eu vou fazer uma pergunta e quero que os dois respondam juntos. Vocês têm um caso?
- Não – responde Guto.
- Sim – responde Berenice ao mesmo tempo.
- Decidam-se, senhores.
- Não, nunca tive nada com essa aí – reforça Guto.
- Guto, não minta!
- Não estou mentindo!
- Está sim! – grita ela.
- Você é muito falsa, Berenice.
- Esperem! Todos os indícios dizem que você tem um caso com ela – interrompe o delegado.
Com a gritaria, Chicão resolve ir até a sala de música para averiguar o que está acontecendo.
- O que houve, delegado?
- Brigas de amor – diz João Alves ironizando – Mas então Guto, assuma logo isso.
- Está bom – diz Guto – Eu tive um casinho sem importância com ela.
- Sem importância??? – exclama Berenice.
- É lógico! Você acha que eu realmente queria algo a sério com você?
- Então o senhor assume – diz o delegado.
- Assumo. Mas isso não deve sair daqui, por favor.
- Verei o que posso fazer. Outra coisa, foi o senhor que escondeu Berenice na adega?
- O quê? Não entendi.
- Na adega.
- Ah! O sumiço dela. Não. Eu não tive nada, nenhum envolvimento com isso.
- Tem certeza?
- Absoluta.
O delegado se vira para Berenice:
- Então, Berenice. Porque você falou que era ele?
- Eu queria me vingar dele. Não foi ele mesmo.
- Quem foi então?
- Não posso dizer.
- Por quê?
- Porque tenho medo de ser morta também.
- Eu garanto sua segurança – diz o delegado.
- Atualmente, a polícia não consegue nem mesmo se garantir, como vocês iriam me garantir?
- Eu prometo.
- Além do mais, se ele matou Laura, porque não me mataria?
- Ele? – pergunta o delegado olhando para Guto.
- Foi modo de dizer, delegado. Laura era uma pessoa importante. Agora eu?? Se eu fosse a vítima o senhor nem estaria aqui.
- Isso não é verdade, Berenice.
- Delegado, eu preciso pensar se eu consigo te contar ou não. Te peço um tempo.
- Como você quiser. Me responde uma coisa só. Essa pessoa que você viu é o assassino?
- Não sei, mas tenho quase certeza de que é. Ele negou para mim. Mas com que intenção ele teria me amarrado?
- É. As chances são grandes. Mas o que vocês discutiam na sala de música?
Guto se antecipa e fala:
- Eu falava para ela não conversar comigo em público. Senão alguém poderia descobrir sobre nós. Não quero que ninguém saiba de nós. Seria muito vergonhoso para mim.
- Está certo. Esse assunto já esgotou. Podem ir.
Os dois vão embora e Chicão se aproxima:
- Eu acredito que foi bem mais proveitoso que os demais interrogatórios, não achou Chicão?
- Não sei, delegado.
- Pelo menos sabemos que os dois podem ser cúmplices.
- Pois é. Ambos assumiram que se conheciam muito bem. Mas será que estão mentindo juntos?
- Não acho provável, mas nunca se sabe.
A dezenas de quilômetros dali, o táxi de Teobaldo cruza a capital de São Paulo e Dude pergunta para ele:
- Será que vai dar tempo de chegar lá, seu Teobaldo.
- Fique tranquila, Dona Dude. Já estamos no meio do caminho.
- Eu estou preocupada. Eu tenho que chegar o mais rápido possível, senão eu poderei encontrar minha amiga morta.
- É tão sério assim? – se assusta o taxista.
- Infelizmente é.
- Pode deixar comigo.
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Simplesmente uma morte?
Mystery / ThrillerInspirado nos livros da Agatha Christie. Uma morte em um casarão isolado em Campos do Jordão. Vários suspeitos. Um romance policial instigante feito com um toque de humor. Quem irá descobrir o assassino primeiro??