Capítulo Final - ENFIM, A VERDADE

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Enquanto todos sobem para procurar o resto do bilhete no quarto de Laura, Teobaldo e seu táxi se aproximam do casarão. O carro já entra na estrada de terra que leva a casa.

- Está vendo, Dude. Ainda nem amanheceu e nós estamos chegando.

- É, o senhor conseguiu. E ainda são cinco horas da manhã.

- Eu no volante e Deus no céu – brinca ele – Mas eu prefiro de outro jeito.

- Como? – pergunta Dude.

- Eu no volante e o Corinthians no céu – e ele solta um riso gostoso.

- Será que chegando lá, vai estar tudo bem? – pergunta a amiga de Dude.

- Lógico que vai. Não se preocupe – diz Dude.

- Sabe, eu ainda me lembro – diz a amiga – foram muitos bons momentos que tive com ela. E agora ela está querendo se matar.

- É, eu gosto muito dela também – diz Dude.

- Uma vez no parque, eu e ela brincávamos de esconder com dois meninos. Fizemos eles contar até cem. Depois a gente se escondeu. Uma de cada lado do caminho. Colocamos uma cordinha. Quando eles passaram, a gente puxou a corda e eles caíram. E que tombo!

- Vocês eram arteiras, hein?

- Tem outras piores.

- Eu queria ser como vocês. Essa amizade é muito grande.

- Eu costumo dizer que nós somos cúmplices. Toda a vida foi assim.

- Eu me lembro de algumas passagens de suas vidas.

- É, Dude. Mesmo depois daquela briga horrível, nós nunca deixamos de se falar. E continuamos cúmplices até hoje.

- É por isso que está tão aflita, não é?

- Ela é muito importante para mim.

- Para mim também – concorda Dude.

- Ah! Eu te contei essa já?

- Qual?

- Quando nós fomos juntas para o Rio de Janeiro?

- Não contou.

- Foi assim. Nós chegamos lá e fomos direto do Aeroporto Santos Dumont para o hotel. Um hotel muito luxuoso e cheio de estrangeiros. Um deles se apaixonou por ela. Ele começou a se aproximar dela. Uma conversa aqui, um papo ali e ela nada. Então, um dia, a gente foi visitar o Pão de Açúcar e o estrangeiro foi atrás.

- Já até imagino.

- Então, nós subimos até o morro mais alto. O homem foi atrás. Quando entramos no bondinho para voltar, a gente se posicionou de tal forma para que o homem não conseguisse entrar.

- Ele ficou no morro?

- Pior. Ele tentou entrar, mas se enroscou num fio e quase caiu. A sorte é que o bondinho nem saiu. Mas tiveram que chamar até o Corpo de Bombeiros. Fui muito divertido...

Dude interrompe a conversa, gritando:

- Cuidado, seu Teobaldo!

O carro derrapa, mas consegue parar antes do tronco caído no meio da estrada.

- Obrigado, Dona Dude. Eu realmente não tinha visto essa árvore no meio do caminho. O problema é que a estrada está bloqueada e não vai dar para seguir em frente.

- Tudo bem, seu Teobaldo – diz a amiga – Acho que está perto da casa. A partir daqui, a gente segue a pé.

- Obrigado, seu Teobaldo – diz Dude se despedindo do taxista.

Simplesmente uma morte?Onde histórias criam vida. Descubra agora