James abre a porta da frente da casa e vê um homem com distintivo da polícia pendurado no pescoço.
- Delegado João Alves da Polícia Civil – se apresenta o delegado para James.
James responde educadamente:
- Por favor, acompanhe-me, senhor delegado.
James leva João Alves para a sala de estar. Logo atrás deles, também está Chicão, o assistente do delegado. Os dois policiais se sentam em um sofá em forma de meio círculo e James os deixa sozinhos na sala para chamar Rogério.
- Um tanto excêntrica a decoração, não acha, Chicão? – fala o delegado depois de olhar toda a sala.
A sala realmente é um pouco diferente do padrão. Na parede principal, há dois quadros com as caricaturas dos pais de Laura.
- Sim, realmente é diferente, senhor – responde Chicão.
Nesse instante os dois notam Rogério descendo as escadas. Quando Rogério chega na sala, o delegado se apresenta:
- Delegado João Alves e esse é meu assistente Chicão.
Rogério responde:
- Eu sou Rogério Ladsman, ex-marido de Laura.
Apresentações feitas e o delegado pergunta:
- Bem... senhor Rogério, o que é que temos aqui?
- Eu ainda estou muito chocado, mas o que posso dizer é que ouvi tiros e quando fui ver Laura... ela estava morta.
- O senhor mora aqui?
- Por favor, senhor delegado. Como eu já disse, eu estou muito abalado com tudo isso. Por isso eu peço que deixemos as perguntas para depois. O senhor não quer subir para ver o corpo?
- Sim. É preciso – responde o delegado.
- Então me acompanhe – conclui Rogério.
Ao entrar no quarto, o delegado vê Laura deitada na cama, com Aninha e Hélio ao seu lado. Guto e Berenice, um pouco mais distantes conversando perto do "closet" e os empregados perto do terraço.
Rogério pede para Conceição trazer um café para o delegado. O delegado, por sua vez, pergunta:
- Quem foi o primeiro a ver o corpo?
- Fui eu, senhor delegado – responde James.
- E ela estava na cama mesmo?
- Não. Ela estava próxima daquela pequena janela, apoiada na cadeira.
- Então quem a trouxe para a cama?
- Fomos nós – respondem Guto e Rogério – Nós achamos melhor colocá-la na cama.
- Sei... – diz o delegado virando-se para Rogério.
O delegado conclui:
- Mas os senhores sabem que não se pode mexer no corpo nestes casos, não? Enfim... Eu preciso dar um telefonema. Onde há um telefone?
James responde:
- Ali no criado-mudo, delegado.
João Alves liga para a delegacia. Era necessário fazer a perícia no local do crime. Ao telefonar, ele é avisado que o perito chefe estava impossibilitado e não poderia ir naquele momento. Então ele manda um de seus poucos soldados da perícia vir até a casa para começar o trabalho de registros e fotos. Além disso, alguém teria que vigiar o local do crime até a perícia poder ser concluída com a chegada do chefe responsável. Depois o delegado liga para o Instituto Médico Legal e pede para que venha um carro buscar o corpo para a autópsia. Meia hora depois e após os registros fotográficos iniciais do local, um carro chega e leva o corpo de Laura.
- Não! Minha mãe não pode ir embora! – grita Aninha.
- É necessário, minha filha – acalma Rogério.
Quando o carro do IML inicia o caminho de volta, James que está fechando a porta da frente, vê outra viatura da polícia se aproximar. É o soldado Caio da Motta. Seu temperamento é totalmente oposto ao necessário para um soldado da polícia. João Alves não poderia ter escolhido pior pessoa para tomar conta do local do crime. James espera o soldado sair do carro e o recepciona. Quando o soldado encontra o delegado, diz:
- Cheguei, senhor.
O delegado responde:
- Ótimo, Caio. Você terá que ficar tomando conta do local do crime até amanhã. Tudo bem?
- Tudo bem, senhor!
- Por hoje basta então. Amanhã eu volto para fazer mais perguntas – se despede o delegado.
Ele e Chicão vão embora e Caio senta em uma cadeira no quarto e dá início ao seu trabalho. Enquanto isso, Rogério fala:
- Eu já liguei para a funerária e eles devem vir amanhã cedo.
Aninha intervém:
- Como pode ser? Eu não posso acreditar. Minha mãe não pode ter morrido! – e ela começa a chorar.
- Calma, filha. Tudo irá melhorar – fala Rogério.
Caio já encostado na cadeira, começa a roncar. Um clima de maior tranquilidade surge na face de todos.
- Eu acredito que seja melhor nós descermos para a sala – sugere Guto.
- É. Vamos – conclui Hélio.
Todos descem e vão para a saleta da lareira, mas deixam o soldado dormindo onde estava. Já é madrugada e o frio é intenso. Dr. Jairo e Hélio sentam-se em duas cadeiras à direita da lareira. Aninha e Guto no sofá frontal e Rogério na poltrona da esquerda. Os empregados vão para os seus cômodos, exceção de Berenice, que fica na copa. A conversa ao redor da lareira vai bem até que:
- Não! Autópsia não! – exclama Aninha – Eu não vou deixar que façam isso com a minha mãe!
- Mas nessas condições é necessário – tenta explicar o Dr. Jairo.
- Não! De forma alguma. Eu não deixarei – completa Aninha.
- Mas porque não, minha filha? – pergunta Rogério.
- Não pai, qualquer coisa menos isso.
Todos acharam esse comportamento meio estranho, mas Rogério, que é advogado, tenta explicar para sua filha que em casos de assassinato, é preciso verificar como a vítima foi morta. Dr. Jairo sugere a Aninha um calmante e ela aceita. Após dar a medicação, o Dr. Jairo diz:
- Agora eu tenho que ir embora. Minha mulher já deve estar preocupada.
Ele se despede de todos e Hélio o leva à porta. Quando, Hélio volta, ele diz:
- Acho melhor todos irmos dormir agora. Amanhã teremos um dia longo e difícil.
Todos sobem, menos Guto que vai à copa para encontrar Berenice. Eles se beijam e depois Guto fala:
- Hoje não. Os ânimos estão muito agitados. É capaz de alguém nos descobrir.
- Está certo, Guto – ela responde.
Os dois se separam e vão dormir. Mas antes de Guto ir para o seu quarto, ele verifica se o soldado Caio ainda está dormindo. Como ele está, Guto solta um leve sorriso e vai dormir.
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Simplesmente uma morte?
Mystery / ThrillerInspirado nos livros da Agatha Christie. Uma morte em um casarão isolado em Campos do Jordão. Vários suspeitos. Um romance policial instigante feito com um toque de humor. Quem irá descobrir o assassino primeiro??